Fertilizantes mais caros: alta nos preços é resultado do conflito no Irã e pode ser amenizada com os derivativos agrícolas (Scheffer/Divulgação)
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Publicado em 1 de julho de 2025 às 18h16.
Última atualização em 1 de julho de 2025 às 19h12.
A escalada da guerra entre Irã e Israel em junho provocou uma disparada nos preços internacionais de fertilizantes e reacendeu temores no agronegócio global.
O conflito durou 12 dias e se estendeu a outras nações, como os Estados Unidos, e provocou instabilidade no fornecimento de insumos agrícolas para diversos países, incluindo o Brasil.
Mesmo com a proposta de cessar-fogo em andamento desde 24 de junho, autoridades iranianas declararam ter “sérias dúvidas” sobre a disposição de Israel em respeitar o acordo.
A continuidade do impasse político e militar alimenta o receio de novos bloqueios logísticos, especialmente no Estreito de Hormuz – rota estratégica para exportação de petróleo e fertilizantes – e mantém os mercados em alerta.
O Irã é um dos maiores produtores e exportadores globais de fertilizantes nitrogenados, como ureia e amônia, insumos essenciais para a agricultura brasileira, em especial para o cultivo do milho.
Com a guerra, a produção foi interrompida, provocando um desequilíbrio na oferta global e impulsionando os preços.
“A consequência de todo este cenário foi um aumento de mais de U$ 100 por tonelada nos preços da ureia, encarecendo muito os custos da produção agrícola no Brasil”, explica Alessandro Delara, professor da Saint Paul Escola de Negócios e especialista em agronegócio.
O Egito, outro grande fornecedor, também foi afetado. A suspensão de sua produção ocorreu devido à interrupção no fornecimento de gás natural vindo de Israel, principal matéria-prima para os fertilizantes nitrogenados.
Ao mesmo tempo, os países do Golfo Pérsico retiraram suas tabelas de preços, diante da possibilidade de bloqueios no Estreito de Hormuz.
O resultado: aumento abrupto de custos para produtores brasileiros, que ainda sentem o impacto da escalada dos preços mesmo com o cessar-fogo.
Nesse cenário de pressão sobre os custos de produção, empresas do agronegócio voltam suas atenções para instrumentos que ajudem a amenizar riscos.
Aqui entram os derivativos agrícolas: instrumentos financeiros criados para ajudar na gestão de riscos de preços de commodities como soja, milho e trigo.
Eles permitem que produtores, empresas e investidores travem valores de compra ou venda para datas futuras, protegendo-se contra oscilações do mercado.
Ao garantir, por exemplo, um preço de venda futuro para o milho, o produtor consegue se planejar melhor, mesmo com o custo dos insumos aumentando. É uma forma de neutralizar parte dos impactos de choques externos, como guerras ou crises logísticas.
“Devido à sua versatilidade, o mercado financeiro usa estes derivativos para especular cenários de alta e de baixa de preços”, afirma Delara.
Ao usar derivativos, o agronegócio consegue operar com mais previsibilidade, mesmo em tempos de crise global.
Para quem deseja atuar nesse cenário complexo, a Saint Paul Escola de Negócios, em parceria com a B3 Educação, o braço educacional da bolsa de valores brasileira, oferece o curso de educação executiva de Formação no Mercado de Derivativos Agrícolas.
Ministrado por Alessandro Delara, o programa aborda desde os fundamentos do mercado até estratégias e contratos complexos.
“O curso ensina como os players do mercado podem usar a formação de preços para gerenciar os riscos de volatilidade e comercializar com mais lucratividade”, explica o professor.
Os participantes também aprendem a utilizar os instrumentos financeiros oferecidos pela B3, entendendo o papel estratégico da bolsa no agronegócio brasileiro.