Antiga propaganda de remédio da Eisai: farmacêutica tem remédio considerado "o melhor do mundo" contra insônia (Eisai/Reprodução)
Repórter
Publicado em 17 de setembro de 2025 às 12h14.
Última atualização em 17 de setembro de 2025 às 12h45.
A aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, do "melhor medicamento do mundo" para o tratamento contra a insônia animou quem tem dificuldade para pegar no sono.
Por trás da Dayvigo, o nome comercial do remédio, está a Eisai, uma empresa japonesa com quase 85 anos de história.
Fundada em 1941 pelo farmacêutico Toyoji Naito, é um gigante farmacêutico especializado em tratamentos para doenças neurológicas e oncológicas.
Nascido numa pequena vila rural nas montanhas e filho de uma família de agricultores e madeireiros, Naito enfrentou grandes desafios desde cedo.
Com a morte da mãe quando ele tinha apenas 7 anos, o jovem assumiu responsabilidades domésticas, acordando às 5 da manhã para preparar o café e almoços para sua família, antes de caminhar quilômetros até a escola.
Na juventude, Naito se mudou para Osaka, onde começou sua carreira não no setor farmacêutico, mas como aprendiz em uma fábrica de botões de madrepérola.
Em 1909, foi convocado para o serviço militar e, durante esse período, trabalhou na área de saúde, o que despertou seu interesse por medicamentos.
Nos anos 1930, Naito se tornou um nome conhecido na indústria farmacêutica, após o sucesso de seu desenvolvimento de medicamentos como o Haliva, um óleo de fígado de bacalhau com vitaminas A e D.
O sucesso do medicamento ajudou a consolidá-lo como um inovador, mas ele estava determinado a reduzir a dependência do Japão de produtos farmacêuticos importados.
Em 1938, fundou o laboratório Sakuragaoka, que logo se destacou pela produção do Juvela, o primeiro produto comercializado com vitamina E sintetizada no Japão.
Esse foi o começo da Eisai, nomeado oficialmente em 1941, quando Naito comprou uma fábrica de seda e fundou a empresa com um capital de ¥ 180.000.
Conselho da Eisai na década de 1960: farmacêutica começou com óleo de vitamina de bacalhau (Site Eisai/Reprodução)
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Nos anos 1970, a Eisai começou a expandir suas operações globalmente. Foi nessa época que passou a produzir medicamentos mais complexos.
Em 1997, a empresa alcançou grande destaque com o lançamento do Aricept, um tratamento para Alzheimer que se tornou um de seus maiores sucessos. A Eisai também investiu em pesquisas de medicamentos para câncer, abrindo centros de pesquisa em diversos países.
Na década de 1980, estabeleceu filiais na Ásia, América do Norte e Europa.
Em 2001, a Eisai adquiriu a americana MGI Pharma, ampliando a atuação na oncologia. Nos anos seguintes, a empresa fez outras aquisições importantes, como a de biotecnologia Morphotek em 2007.
Nos anos 2010, a Eisai lançou medicamentos como o Fycompa (2012), para epilepsia, e o Lenvima (2015), para câncer. Hoje, a Eisai é uma das líderes no mercado farmacêutico, com mais de 70 países em operação.
Apesar de um 2024 desafiador (queda de 48,5% no lucro operacional), o primeiro trimestre de 2025 tem sido positivo para a Eisai.
A farmacêutica registrou crescimento de 7,2% na receita, alcançando R$ 7,34 bilhões (¥ 202,7 bilhões). Além disso, o lucro operacional da Eisai no primeiro trimestre de 2025 teve um salto de 54,7%, atingindo R$ 753,5 milhões (¥ 20,7 bilhões).
Os lançamentos de medicamentos como o Leqembi e o Dayvigo têm sido fundamentais para esse resultado. Cada um teve um crescimento de 369,3% e 113,5% nas vendas, respectivamente, trazendo um total de R$ 1,3 bilhão em receita.
O Dayvigo (também conhecido como lemborexante) é um novo medicamento para tratar a insônia. Aprovado pela Anvisa recentemente, ele é diferente dos remédios tradicionais, como o zolpidem e o clonazepam.
Enquanto esses remédios reduzem a atividade do sistema nervoso central para fazer a pessoa dormir, o Dayvigo age bloqueando os sinais que mantém o cérebro acordado, facilitando o sono sem os riscos de dependência.
Estudos da Universidade de Oxford compararam o Dayvigo com 36 outros remédios para insônia e o escolheram como o melhor. O medicamento foi considerado o mais eficaz, fácil de tolerar e com menos efeitos colaterais. Ele também tem menos chances de causar dependência, o que é uma grande vantagem sobre os remédios usados tradicionalmente.
A dose recomendada é de 5 mg por noite, podendo ser aumentada para 10 mg dependendo da resposta do paciente. O uso do medicamento deve ser sempre acompanhado por um médico.