Negócios

Conheça o novo front da disputa eterna entre Coca-Cola e Pepsi — e o papel da geração Z nessa briga

Nos Estados Unidos, 10% dos refrigerantes vendidos são do tipo lima-limão. Destes, quase 80% são da marca Sprite. A PepsiCo quer acabar com essa dominância

Starry, soda lima-limão recém-lançada pela PepsiCo, Sprite e 7Up: briga para ver quem lidera um mercado que está encolhendo (Bloomberg Businessweek/BLOOMBERG BUSINESSWEEK)

Starry, soda lima-limão recém-lançada pela PepsiCo, Sprite e 7Up: briga para ver quem lidera um mercado que está encolhendo (Bloomberg Businessweek/BLOOMBERG BUSINESSWEEK)

Bloomberg Businessweek
Bloomberg Businessweek

Bloomberg Businessweek

Publicado em 24 de abril de 2023 às 16h17.

Última atualização em 24 de abril de 2023 às 19h02.

Em janeiro, a PepsiCo lançou o Starry, um refrigerante de lima-limão que a empresa diz ser voltado para “uma geração dos otimistas irreverentes”. Os verdadeiros otimistas, no entanto, são os executivos de marketing da Pepsi, que estão fazendo a quarta tentativa da fabricante de refrigerantes em uma categoria na qual o sucesso se mostrou ilusório.

Starry segue de perto o Sierra Mist, lançado em 1999 e fechado no ano passado. Antes disso, a Pepsi tinha a Slice, iniciada em 1984. E a Slice seguiu a Teem, uma marca que data dos anos 1950. No meio estava Storm, um produto que nunca chegou ao mercado.

“A Pepsi precisa tentar, tentar e tentar várias vezes até conseguir uma marca de sucesso”, diz John Sicher, consultor do segmento de bebidas cujos clientes incluem a Coca-Cola.

Qual é o tamanho do mercado da Sprite

A Pepsi espera que Starry faça o que os outros não conseguiram: ajude a parar, ou pelo menos desacelerar, a Sprite da Coca-Cola. A empresa de pesquisas Euromonitor  diz que 10% de todos os refrigerantes vendidos nos Estados Unidos são lima-limão, e a Sprite e a Sprite Zero respondem por quase três quartos disso.

grafico-sprite-starry-pepsi-coca

(Bloomberg Businessweek/BLOOMBERG BUSINESSWEEK)

O que a geração Z tem a ver com isso?

Com o consumo de refrigerante caindo 12% na última década, à medida que os consumidores da geração Z buscam opções mais saudáveis, a verdadeira batalha dos produtores é roubar participação de mercado uns dos outros.

A fabricante de bebidas carbonatadas número 2 está colocando força máxima no Starry, que é um pouco mais suave e doce do que a Sprite, muito parecido com a distinção de paladar entre Coca-Cola e Pepsi. A Starry se tornou o refrigerante oficial da NBA, depois que a Pepsi — que ganhou a parceria em 2015 — trocou sua marca Mountain Dew pela novo produto.

A campanha publicitária de estreia apresenta a atriz Keke Palmer sentada ao lado da quadra bebendo uma lata de Starry e, em seguida, entrando em um estado de sonho onde o jovem armador do Philadelphia 76ers, Tyrese Maxey, aparece. “Tivemos um lançamento bem-sucedido”, diz Michael Smith, chefe de marketing da marca. “Estamos ansiosos para revelar mais sobre a Starry nos próximos meses.”

Smith se recusou a dar detalhes sobre o plano de lançamento da Starry, mas nos últimos anos a Pepsi construiu uma unidade de negócios com foco hispânico que se mostrou eficaz na venda de salgadinhos como Lay's e Doritos, bem como refrigerantes doces, para diversos grupos de clientes.

A empresa pretende aproveitar essa experiência ao levar a Starry a consumidores multiculturais, um mercado-chave para refrigerantes de limão e limão. Se a Pepsi investir pesadamente na geração Z nos próximos anos, dizem os especialistas do setor, a Starry poderá roubar de 5% a 10% dos clientes da Sprite. A Coca-Cola se recusou a comentar sobre a Starry.

Quando este mercado virou, de fato, um mercado

O segmento foi criado em 1929, quando uma empresa de St. Louis lançou o que se tornaria a 7Up, que nas duas primeiras décadas foi misturado com lítio como agente calmante. Ao longo dos anos, a 7Up passou por uma série de proprietários, incluindo:

  • Westinghouse
  • Philip Morris
  • E, mais recentemente, Keurig Dr Pepper
  • (A Pepsi, porém, distribui 7Up fora dos Estados Unidos.)

A marca dominou a categoria até que a Coca-Cola lançou o Sprite em 1961. Nos anos 1970, quando a nova oferta da Coca-Cola começou a ter uma participação cada vez maior nas vendas, a 7Up reagiu com uma campanha publicitária de grande sucesso ancorada pelo ator Geoffrey Holder, que divulgou o refrigerante como “o refrigerante não-cola”.

Holder — careca com um rosto quase infinitamente maleável, uma gargalhada estrondosa e uma suave cadência de Trinidad — comparou a noz-da-cola, a base do sabor da cola, com o "sabor fresco e limpo" do "noz da não-cola", que era lima-limão.

Mas, no final das contas, a 7Up não conseguiu igualar o peso de marketing da Coca-Cola, e as vendas da Sprite continuaram subindo mesmo quando seus rivais estagnaram ou caíram.

Para chegar lá, a Sprite se utilizou de uma página do manual da 7Up ao destacar os afro-americanos em sua publicidade e, nos anos 1980, a marca estava entre os primeiros produtos convencionais a abraçar a cultura hip-hop.

Em 1986, o rapper Kurtis Blow gravou um anúncio divulgando o gosto de Sprite com seu próprio neologismo exaltando o sabor do refrigerante. “Ótimo gosto de limão é difícil de conseguir. E Blow, continuou: “Sem limão, não vai rolar, desculpa 7Up”.

Para onde vai esse mercado

O negócio de fontes — bebidas servidas de uma máquina — também é uma grande parte do foco da Pepsi para a Starry. De acordo com a revista especializada "Beverage Digest", as marcas da Coca-Cola controlam 70% dos US$ 49 bilhões em vendas anuais de refrigerantes nos Estados Unidos.

Pais na companhia dos filhos em locais como estádios e teatros têm maior probabilidade de optar por uma marca de lima-limão sem cafeína do que uma cola ou um refrigerante cítrico com cafeína, como Mountain Dew ou Mello Yello da Coca-Cola. “O limão confere uma isenção de culpa sem o duplo golpe de açúcar e cafeína”, diz Duane Stanford, editor da Beverage Digest.

Stanford diz que, à medida que a engrenagem de marketing da Pepsi aumenta — cobrindo os playoffs da NBA com anúncios e preparando o terreno para os meses quentes de verão — a Sprite provavelmente reagirá com sua própria blitz promocional.

A categoria, diz ele, é importante para as duas empresas, e mesmo alguns poucos pontos percentuais de participação podem fazer uma grande diferença. “Quando se trata da batalha por participação de mercado”, diz ele, “eu não esperaria que a Coca cedesse terreno sem lutar”.

Tradução de Anna Maria Dalle Luche.

Acompanhe tudo sobre:RefrigerantesPepsiPepsicoCoca-ColaSprite

Mais de Negócios

20 franquias baratas a partir de R$ 4.990 para abrir até o Natal

Os planos desta empresa para colocar um hotel de R$ 70 milhões do Hilton em Caraguatatuba

Conheça os líderes brasileiros homenageados em noite de gala nos EUA

'Não se faz inovação sem povo', diz CEO de evento tech para 90 mil no Recife