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Conselho cobra da Petrobras política realista de preços

O conselho da estatal cobrou da direção "políticas realistas" de preços e a suspensão de "eventuais subsídios" aos combustíveis


	Petrobras: recomendações foram feitas na avaliação do balanço anual da companhia em abril
 (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Petrobras: recomendações foram feitas na avaliação do balanço anual da companhia em abril (Fernando Frazão/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2015 às 22h35.

Rio - O conselho fiscal da Petrobras cobrou da direção da estatal "políticas realistas" de preços e a suspensão de "eventuais subsídios" aos combustíveis, como forma de diminuir o alto endividamento da companhia.

As recomendações foram feitas na avaliação do balanço anual da companhia em abril e constam da ata da última reunião do conselho, a que o jornal "O Estado de S. Paulo" teve acesso. As contas da petroleira foram aprovadas com críticas à "rápida expansão" da alavancagem da Petrobras e com indicações para "severo" corte de gastos na administração.

O colegiado se reuniu no dia 22 de abril, mesmo dia em que as contas anuais auditadas foram aprovadas pelo conselho de administração da companhia, após dois adiamentos.

A reunião durou quase seis horas e terminou após a apresentação ao mercado dos resultados, por volta de 23h. Apesar de já divulgada, as contas foram rejeitadas por dois conselheiros - que consideraram o valor das baixas nos ativos "distante da realidade".

A maior fragilidade apontada pelo parecer foi a "rápida e significativa expansão do endividamento" entre 2013 e 2014, quando a estatal ultrapassou a marca de R$ 400 bilhões em dívidas.

O parecer dos conselheiros considera "preocupante" a alta no indicador de alavancagem - relação entre a dívida e a capacidade da empresa gerar receitas. No final de 2014, o indicador chegou a 4,7 vezes, quando o nível considerado adequado pela estatal é de 2,5.

O conselho recomendou que a diretoria adote "com a maior brevidade possível, todas as providências cabíveis para o equacionamento", diz trecho do parecer.

O documento enfatiza que devem ser tomadas "todas as medidas necessárias para reduzir a alavancagem, incluindo - mas não se limitando - a adoção de políticas apropriadas e realistas de preços, com a suspensão de eventuais subsídios que ainda possam existir".

Desde 2010, a estatal pratica no País preços de combustíveis inferiores aos praticados no exterior e importados para suprir as demandas internas de abastecimento.

Ao evitar reajuste de preços para conter a inflação e impactos na política macroeconômica do governo, a política de preços mas gerou uma defasagem no caixa da Petrobras estimada em US$ 80 bilhões.

No parecer do conselho fiscal, também é citada a necessidade de "ampla revisão" dos investimentos, de "renegociação dos contratos" além de uma "severa redução de custos" na área administrativa da empresa.

"(Solicitamos) a implantação de programas visando uma severa redução de custos e despesas especialmente aquelas não diretamente relacionadas à área fim da companhia, como, por exemplo, propagandas, patrocínios e convênios".

A área de comunicação institucional, que engloba patrocínios e comerciais, também é alvo de investigações de corrupção na Operação Lava Jato.

Composto de cinco pessoas, o Conselho Fiscal aprovou o relatório com o voto contrário dos conselheiros Reginaldo Ferreira e Walter Albertoni, ambos representantes de acionistas minoritários e reeleitos para o exercício de 2015.

Eles criticaram a metodologia adotada pela diretoria para calcular a baixa contábil no valor dos ativos envolvidos na Operação Lava Jato. Em janeiro, a diretoria comandada por Graça Foster havia divulgado o valor R$ 88,6 bilhões para as perdas nos ativos, conforme cálculo de auditorias externas.

Já o balanço aprovado pelo atual presidente, Aldemir Bendine, indicou que a baixa contábil seria de R$ 51 bilhões, sendo R$ 6,2 bilhões referentes à corrupção.

"Os valores agora apresentados divergem significativamente daqueles apurados por avaliadores independentes", diz o registro do voto dos conselheiros.

"A enorme diferença deixou claro que havia algo muito errado com os parâmetros que vêm sendo utilizados pela companhia", completa.

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