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'Facilitadora' de aluguel recebe R$ 60 milhões e projeta crescer 10 vezes em 5 anos

A CredAluga ultrapassou 30 mil contratos em três anos de operação e aposta em inteligência artificial para manter ritmo

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 29 de setembro de 2025 às 07h00.

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A startup do setor imobiliário CredAluga acaba de captar R$ 60 milhões em série A liderada pela Provence Partners.

A rodada é o segundo aporte da empresa, que já havia levantado R$ 22 milhões no fim de 2024.

O dinheiro servirá para ampliar a base de clientes, investir em inteligência artificial e lançar novos produtos financeiros para o setor imobiliário.

Em 2021, quando vendeu a imobiliária fundada por seu pai em Belo Horizonte para o QuintoAndar, o mineiro Daniel Santos decidiu que não queria sair do mercado.

Ele já havia multiplicado os contratos da Casa Mineira de 500 para 5.000 e enxergava de perto um problema recorrente: a burocracia das garantias no aluguel.

A experiência o levou, ao lado de Guilherme Blumer — executivo com duas décadas em empresas como ZAP Imóveis e Brasil Brokers — a fundar a CredAluga em 2022.

O modelo da fintech é simples: ela substitui o fiador ou o depósito caução com o uso de tecnologia.

Primeiro veio a Fiança CredAluga, em que o inquilino paga um percentual do aluguel e a empresa assume a garantia.

Depois, no fim de 2024, surgiu o Fundo CredAluga, que já administra R$ 25 milhões e deve chegar a R$ 1 bilhão até 2028.

Hoje, 20% dos clientes da fiança também utilizam o fundo, segundo Santos.

“Muitas imobiliárias que não usavam a gente na fiança começaram pelo fundo. Ele virou uma excelente porta de entrada”, diz o executivo.

Do crescimento acelerado ao próximo passo

Nos últimos 12 meses, a CredAluga cresceu 200% em receita. Já são 1.300 imobiliárias parceiras e mais de 30 mil contratos ativos.

Mas o mercado ainda é amplo: há de 15 mil a 20 mil imobiliárias potenciais no Brasil. A meta, agora, é multiplicar o negócio por dez até 2030.

A estratégia passa por eficiência. Internamente, a empresa tinha 150 funcionários no fim de 2024; hoje, aposta em automação para não crescer no mesmo ritmo de pessoas.

Processos como cobrança de inquilinos e análise de inadimplência já têm grande parte realizada por inteligência artificial. A meta é chegar a mais de 50% dessas operações automatizadas até 2026.

Também há espaço para novos produtos. A empresa desenvolve ferramentas para conferir automaticamente contratos de locação, reduzindo erros e tempo das imobiliárias.

“Nosso objetivo é ser o parceiro estratégico da imobiliária para produtos financeiros”, afirma Santos.

Um mercado em transformação

O avanço da CredAluga ocorre em meio a uma mudança no comportamento dos brasileiros. Hoje, 20,9% dos domicílios do país são alugados, contra 12,3% em 2000, segundo o Censo 2022.

Essa expansão sustenta novos formatos, como os prédios multifamily, construídos apenas para locação. Nesse nicho, a fintech já atua em parceria com a Luggo, do grupo MRV&CO.

O desafio é disputar espaço em um setor pressionado por plataformas digitais como o QuintoAndar, mas ao lado — e não contra — as imobiliárias tradicionais.

“É uma rodada para realmente escalar a empresa para o tamanho que a gente quer que ela seja”, diz Santos.

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