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Curitiba é a grande aposta desta rede hoteleira de R$ 125 milhões

Grupo hoteleiro paranaense aposta no Qoya Hotel Curitiba, da Curio Collection by Hilton, para acelerar o crescimento e reforçar a presença nacional

Elias Rodrigues, CEO da Rede HCC:De 2001, quando lançou o primeiro empreendimento para cá, a rede cresceu com aquisições e novos empreendimentos, somando mais de 160 milhões de reais em patrimônio (Grupo HCC/Divulgação)

Elias Rodrigues, CEO da Rede HCC:De 2001, quando lançou o primeiro empreendimento para cá, a rede cresceu com aquisições e novos empreendimentos, somando mais de 160 milhões de reais em patrimônio (Grupo HCC/Divulgação)

Karla Dunder
Karla Dunder

Freelancer

Publicado em 8 de novembro de 2025 às 07h48.

Última atualização em 8 de novembro de 2025 às 09h02.

O turismo internacional no Paraná vive um dos melhores momentos desde a pandemia.

De janeiro a julho de 2025, mais de 710.000 estrangeiros desembarcaram no estado — alta de 23,9% em relação ao ano anterior, segundo a Embratur.

O movimento aqueceu o setor hoteleiro curitibano e abriu espaço para redes que apostam em serviços premium e gestão de alta eficiência.

É nesse cenário que a Rede HCC, com 25 anos de atuação no mercado, faz de Curitiba o centro de sua estratégia.

O grupo encerra 2025 com faturamento próximo de 45 milhões de reais apenas no Qoya Hotel Curitiba e projeta ultrapassar 125 milhões de reais em receita bruta em 2026.

De manobrista a CEO

A trajetória de Elias Rodrigues, atual CEO e sócio da Rede HCC, nasceu dentro da hotelaria. Ele começou a carreira em Porto Alegre, como manobrista de um hotel, e desde o início demonstrou curiosidade sobre o funcionamento do negócio.

Passou por diferentes funções — de mensageiro a gerente de operações — até chegar ao cargo de gerente geral, acumulando experiência prática em todas as etapas da gestão hoteleira. Com o tempo, buscou especializações no Canadá, onde aprofundou o conhecimento em gestão e operação, retornando ao Brasil para consolidar sua carreira no setor.

A virada aconteceu quando Elias atuava em uma grande administradora de hotéis e se aproximou dos empreendimentos de Curitiba, onde se tornou diretor regional. O bom relacionamento com os acionistas locais levou a um convite decisivo: abrir a HCC. Desde o início, implantou um modelo de gestão centrado no cuidado com o patrimônio e nas pessoas — dois pilares que ainda sustentam a operação.

“Sempre quisemos administrar os hotéis como se fossem nossos, cuidando do prédio, da equipe e do retorno para o investidor”, afirma Elias. Com o tempo, ele se tornou sócio dos proprietários dos quatro hotéis de Curitiba, ampliou o portfólio e consolidou a Rede HCC como referência em administração e rentabilidade no setor hoteleiro.

História e evolução da Rede HCC

A história da HCC começa em 2001, com o Four Points by Sheraton Curitiba.

"O grupo nasceu no dia 1° de abril de 2001, para muitos, dia da mentira, para nós, um dia especial em que um grupo de investidores decidiu se reunir em um empreendimento hoteleiro", lembra Elias Rodrigues, diretor-presidente da Rede HCC. "Com os resultados, decidimos reinvestir no setor e compramos mais dois empreendimentos. Seguimos essa filosofia até hoje."

O empreendimento marcou o início de um ciclo de expansão que incluiu novas aquisições em 2004 e 2006, a construção do Go Inn, em 2015, e a consolidação de um portfólio voltado à hotelaria de alto padrão.

Em 2020, no auge da pandemia, a empresa criou a HCC Gestora, voltada à administração de hotéis de terceiros, e lançou a marca Qoya, com investimento de 30 milhões de reais em retrofit. Hoje, o grupo mantém a exclusividade da bandeira Curio Collection by Hilton no Brasil.

“Nossa história sempre foi construída passo a passo, acreditando no que fazemos e sem depender de grandes investidores. Preferimos crescer com consistência, mantendo o controle da operação e o olhar próximo sobre cada hotel”, afirma Elias.

Da crise à retomada: como está a nova fase da HCC

De 2001, quando lançou o primeiro empreendimento para cá, a rede cresceu com aquisições e novos empreendimentos, somando mais de 160 milhões de reais em patrimônio.

Durante a pandemia, a empresa enfrentou perdas superiores a 12 milhões de reais, mas optou por manter toda a equipe e seguir investindo.

Em 2020, nasceu a HCC Gestora, responsável pela administração de hotéis de terceiros — movimento que dobrou o portfólio do grupo. A mesma fase marcou o lançamento da marca Qoya, com investimento de 30 milhões de reais em retrofit.

“A pandemia, apesar de desafiadora, abriu uma oportunidade de crescimento. Passamos a operar para terceiros e crescemos mais de 100% como administradora”, afirma Maria Cecília Zelazowski, diretora de marketing da HCC.

Qoya Hotel Curitiba: o principal motor de crescimento

Localizado no bairro Batel, o Qoya Hotel Curitiba, parte da Curio Collection by Hilton — portfólio global de hotéis independentes —, é o carro-chefe da HCC.

Em 2025, o hotel registrou alta de 20% nos quartos vendidos no primeiro semestre e alcançou uma diária média (ADR) de 861 reais, aumento de 15,5% sobre o ano anterior. O RevPAR (receita por quarto disponível) atingiu 392 reais, avanço de 31,8%.

“Crescemos 20% em número de quartos vendidos em comparação a 2024, mostrando que nossas ações estratégicas estão funcionando”, diz Isabela Meyer, gerente-geral do Qoya Curitiba.

O perfil dos hóspedes segue majoritariamente corporativo, com 80% de viajantes de negócios e 20% de lazer, sendo 80% nacionais e 20% internacionais. Para o segundo semestre de 2025, o hotel projeta ocupação média de 50%, diária de 850 reais e RevPAR estimado em 410 reais — crescimento de 7% ante o mesmo período de 2024.

Além da hospedagem, a aposta está no aumento de 5% no ticket médio com consumo interno em restaurantes, eventos e experiências gastronômicas.

Quais são os desafios pela frente

O CEO Elias Rodrigues reconhece que crescer no setor hoteleiro exige equilíbrio entre preço e gestão.

“A ocupação sozinha não garante o resultado. É preciso ter preço adequado e pessoas competentes”, afirma.

A mão de obra segue como o principal desafio: a rede opera com 10% de vacância nas posições operacionais.

Mesmo assim, a HCC mantém uma equipe de 1.600 funcionários diretos, além de gerar empregos indiretos por meio de eventos e serviços terceirizados.

O grupo agora mira inovação e tecnologia para aprimorar a experiência dos hóspedes. “Queremos usar tecnologia para otimizar processos e melhorar a jornada do cliente, mas nada substitui uma equipe bem treinada”, diz Elias.

Curitiba no centro da estratégia

Curitiba é vista pela HCC como vitrine nacional para seus modelos de negócio. A cidade, com forte vocação corporativa, vem atraindo congressos e eventos que impulsionam a ocupação. O centro de convenções do Qoya, com capacidade para 700 pessoas, é um dos diferenciais do hotel.

“Estamos investindo em experiências completas, unindo conforto, gastronomia e entretenimento. Queremos consolidar o Qoya como referência de lifestyle e hospitalidade em Curitiba”, afirma Isabela Meyer.

O grupo também mantém exclusividade da Curio Collection by Hilton no Brasil, e a estratégia é expandir esse conceito de hospedagem de alto padrão para outros destinos de negócios fora do eixo Rio–São Paulo.

Próximos passos da HCC

Com foco em gestão eficiente e rentabilidade, a Rede HCC quer transformar o sucesso do Qoya Curitiba em um modelo replicável em outras cidades. A meta é crescer com consistência e ampliar a operação sem perder o controle sobre custos e experiência.

“Superamos a crise sem recorrer a bancos e seguimos investindo em estrutura e pessoas”, afirma Elias.

Para um setor ainda marcado por margens apertadas e desafios operacionais, a HCC aposta em gestão, tecnologia e hospitalidade para seguir em expansão — de Curitiba para o país.

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