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De furadeiras a betoneiras: Casa do Construtor aposta na América Latina para faturar R$ 1 bilhão

Aos 32 anos, rede especializada no aluguel de equipamentos de pequeno e grande porte se prepara para expansão internacional

Altino Cristofoletti Junior, fundador da Casa do Construtor (Casa do Construtor /Divulgação)

Altino Cristofoletti Junior, fundador da Casa do Construtor (Casa do Construtor /Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 20 de maio de 2025 às 05h59.

Última atualização em 20 de maio de 2025 às 10h04.

A Casa do Construtor não é uma startup novata em busca de mercado. Com faturamento estimado em 1 bilhão de reais em 2025, a empresa de aluguel de equipamentos de construção de 32 anos opera mais de 750 unidades pelo Brasil. Em meio a guerras tarifárias, inflação alta e economia global instável, a rede mantém aposta firme na expansão internacional.

A rede já opera no Paraguai e no Uruguai, onde abriu oito unidades, e planeja uma entrada cuidadosa em mercados mais complexos da América Latina, como Argentina, México, Colômbia e Panamá, com meta ambiciosa de 300 operações em toda a região até 2030. Tudo isso em meio ao chamado tarifaço de Trump, que bagunçou cadeias globais de suprimentos e forçou empresas a repensar fornecedores.

“Seguimos atentos ao cenário internacional, mas, de forma geral, nossa estratégia de expansão permanece sólida. As tarifas recentes não alteram significativamente nossos planos, uma vez que trabalhamos com uma cadeia de fornecedores diversificada e preparada para diferentes contextos”, diz Altino Cristofoletti Junior, fundador da Casa do Construtor.

O modelo de negócio da Casa do Construtor

O que diferencia a Casa do Construtor é a capacidade de adaptar o conceito da economia compartilhada a um setor pouco explorado, com equipamentos pesados e complexos.

A rede oferece aluguel de equipamentos para profissionais autônomos e pequenas empresas que precisam realizar obras, mas não querem ou não podem investir na compra dos maquinários, que podem ser de pequeno a grande porte. De furadeira a betoneira. Essa flexibilidade permite o uso dos equipamentos pelo tempo necessário, reduzindo custos e facilitando o acesso a ferramentas essenciais para a construção e reforma.

A meta é atingir 1.000 unidades até o fim de 2026 e ultrapassar a marca de 1 bilhão de reais em faturamento neste ano, alta de pouco mais de 5%, com expansão que mistura crescimento interno e internacionalização cautelosa.

“O modelo de capital intensivo é exigente, mas estamos preparados para os desafios. Acreditamos que o mercado latino-americano tem enorme potencial porque é uma região que, em muitos aspectos, está no mesmo estágio que o Brasil estava há algumas décadas”, diz Altino.

O perfil do franqueado

O modelo da Casa do Construtor exige franqueados com fôlego financeiro para investir alto logo de cara — cerca de 1 milhão de reais no pacote inicial, dividido entre a compra dos equipamentos e estruturação da unidade.  Não é uma tarefa simples. O franqueado precisa estar preparado para operar em um mercado de locação que exige gestão técnica, manutenção preventiva, logística e atendimento a clientes que alugam equipamentos de forma rápida e por períodos flexíveis.

No Brasil, o público é majoritariamente formado por pedreiros, eletricistas, encanadores e pequenos empreiteiros — profissionais que não fazem parte de grandes construtoras, mas movem boa parte da construção e reforma urbana. São pessoas físicas que alugam equipamentos por dias, semanas ou meses, pagando ticket médio de 350 reais.

“Nada é por acaso. A história que estamos construindo ao longo de 32 anos é fruto de um relacionamento de respeito, governança e planejamento estratégico com os franqueados”, diz Bruno Arena, diretor de internacionalização da rede.

A Casa do Construtor espera abrir 150 novas unidades no Brasil, além de 20 no exterior.

Os desafios da expansão internacional

Expandir uma rede de aluguel de equipamentos para outros países envolve mais do que replicar um modelo de franquia. A cultura local ainda é pouco acostumada ao aluguel para pequenas obras. No Brasil, a cultura de locação já está consolidada, mas em outros países da América Latina o mercado ainda é incipiente, com a maior parte das obras pequenas dependendo da posse dos equipamentos.

O modelo adotado é de exportação seletiva de franquias para parceiros locais com conhecimento do mercado, e testes em cidades específicas, como Buenos Aires e Tigres, para validar pontos e ajustar processos. A Casa do Construtor evita crescer rápido demais para não perder o controle sobre qualidade e sustentabilidade do negócio.

“Na hora que a gente vai para outro país, a gente avança com cautela e cuidado. Não somos a favor de crescer rápido demais e perder a sustentabilidade do negócio”, afirma Bruno Arena.

Para se manter sustentável, o modelo exige reinvestimento constante para aumentar a base de equipamentos, o que reduz os recursos disponíveis para outros investimentos.

“Nosso negócio tem capital intensivo e precisa de uma estrutura robusta para sustentar o crescimento. São mais de 150 pessoas na franqueadora, além de 45 consultores de campo para dar suporte às unidades”, diz Arena.

Apesar dos desafios econômicos globais e da complexidade do modelo de negócio, a Casa do Construtor mantém a aposta firme na expansão internacional, com foco na sustentabilidade e no preparo dos franqueados. A empresa entende que crescer rápido demais pode comprometer a qualidade e a perenidade do negócio.

“Nossa prioridade é crescer com responsabilidade. A sustentabilidade do negócio e o suporte aos nossos franqueados são o que nos permitem avançar com segurança em novos mercados”, conclui Arena.

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