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'Disney' da Netflix? Por que a gigante do streaming ainda não investiu em um parque de diversão

Netflix aposta em experiências imersivas em vez de parques temáticos tradicionais, com o foco em promover seu conteúdo e fidelizar assinantes, sem os altos custos e riscos associados a grandes investimentos

Publicado em 26 de agosto de 2025 às 06h47.

Última atualização em 26 de agosto de 2025 às 07h11.

A Netflix está perto de inaugurar experiências imersivas sobre suas séries mais famosas.

As chamadas "Netflix Houses" entrarão em operação em Dallas e Filadélfia, nos Estados Unidos, até o final deste ano. Em 2027, a meta é chegar em Las Vegas. Mas calma: as experiências não são parques temáticos como os que a Disney têm espalhados pelo mundo.

Segundo o Business Insider, as chamadas "casas" são programas de marketing para o serviço de streaming, focadas em promover a plataforma e engajar seus assinantes de uma maneira mais física e interativa.

Diferente dos tradicionais parques temáticos da Disney, com seus imensos investimentos e vasta infraestrutura, as Netflix Houses prometem oferecer uma imersão no universo de suas produções mais populares, como Stranger Things, Bridgerton e Squid Game, mas sem os altos custos de construção e manutenção típicos de grandes parques.

As experiências, segundo o BI, funcionarão em espaços comerciais em shoppings, oferecendo atividades como mini-golfe temático, fliperamas de realidade virtual, restaurantes e lojas com produtos exclusivos baseados nas produções da plataforma.

A entrada será gratuita, mas o dinheiro virá de atividades pagas, como alimentação, jogos e mercadorias. A estratégia, portanto, é mais voltada para a fidelização dos consumidores e para aumentar a visibilidade do conteúdo, sem a ambição de competir diretamente com os gigantes dos parques temáticos como a Disney.

Essa é uma mudança significativa para a Netflix, que há alguns anos parecia distantes da ideia de expandir suas operações para o campo físico. Contudo, à medida que a empresa desenvolve mais conteúdo original e cresce no mercado global, essas experiências podem se tornar uma nova forma de atrair e engajar os fãs, além de promover suas séries de forma única.

Mas por que a Netflix optou por esse modelo, em vez de se aventurar em um parque temático de grande porte?

Menos risco, mais alcance

A principal razão para a escolha do modelo de "Netflix House", segundo o Business Insider, é o baixo custo inicial comparado a um parque temático tradicional. Enquanto parques como os da Disney ou Universal exigem investimentos bilionários — com o novo parque da Universal na Flórida custando US$ 7 bilhões e a Disney investindo US$ 60 bilhões na próxima década — a Netflix está fazendo um teste mais modesto, com um custo inicial mais controlado e uma estrutura mais enxuta.

Além disso, a Netflix não vê suas novas atrações como uma fonte primária de receita, mas sim como ferramentas de marketing e fidelização para aumentar o número de assinantes.

Ao criar experiências imersivas que permitem aos fãs interagir com suas séries favoritas, a Netflix pode atrair visitantes para esses locais, ao mesmo tempo em que promove a sua plataforma digital.

O modelo contrasta diretamente com o da Disney, que gera bilhões em lucros operacionais a partir de seus parques, sendo uma parte essencial do seu portfólio, como mostrado nos números do terceiro trimestre fiscal de 2025: US$ 9,09 bilhões em receita e US$ 2,5 bilhões em lucro operacional. Isso sem contar os US$ 34,15 bilhões gerados por suas "Experiências e Parques" em 2024, que representam 59% do lucro operacional da Disney.

O desafio da propriedade intelectual

Outro ponto crucial é a biblioteca de conteúdo da Netflix. A empresa possui uma grande diversidade de produções, que vão de desenhos infantis a thrillers e dramas pesados. No entanto, criar uma experiência que seja adequada a todos os públicos, como fazem a Disney e a Universal, é um desafio.

Imagine, por exemplo, transformar séries como Adolescência em atrações de parque. Embora tenha sido um grande sucesso, uma série sobre uma adolescente britânica acusada de assassinato dificilmente seria uma boa escolha para um passeio temático familiar.

Em contraste, a Disney possui décadas de personagens e histórias familiares amplamente amadas, de Mickey Mouse a Frozen, o que facilita a construção de atrações amplamente atrativas. A Netflix, por outro lado, ainda precisa avaliar quais de seus sucessos poderiam ser replicados com sucesso em um ambiente físico.

Isso inclui, claro, lidar com a complexidade de ter uma vasta gama de conteúdo que atenda tanto a crianças quanto a adultos, sem deixar de lado as atrações mais maduras e complexas que a plataforma tem em seu portfólio.

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