Especialista explica como iFood e CRMBonus podem chegar ao valor de R$ 10 bilhões (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
Redatora
Publicado em 1 de agosto de 2025 às 17h39.
Última atualização em 1 de agosto de 2025 às 17h47.
O iFood acaba de adquirir 20% da CRMBonus, startup especializada em programas de fidelidade e cashback.
A operação, que começou com uma parceria entre as duas empresas em 2023, inclui um contrato que permite ao iFood comprar os 80% restantes no futuro. Caso a aquisição total aconteça, o negócio pode chegar a um valor de até R$ 10 bilhões, chamado de valuation.
Mais do que uma expansão no portfólio, a transação revela uma mudança estratégica no mercado: dados sobre o comportamento do consumidor, antes tratados como consequência, agora estão no centro das decisões de investimento.
A compra da fatia minoritária da CRMBonus é parte de uma movimentação mais ampla do iFood, que tem investido para construir um ecossistema completo. A empresa já atua em áreas como logística, publicidade digital em plataformas próprias e serviços financeiros — e agora dá um passo relevante no segmento de fidelização.
Fundada em 2017, a CRMBonus atende mais de 3 mil marcas e impacta milhões de consumidores. Seus sistemas permitem que empresas ofereçam cashback e outros incentivos por diversos canais, como WhatsApp, aplicativos, cartões físicos e caixas de loja.
Para entender as razões por trás dessa negociação, a EXAME ouviu Giacomo Diniz, economista especialista em valuation e professor da Saint Paul Escola de Negócios. “É isso que o iFood está comprando: capacidade de gerar recorrência, dados comportamentais e engajamento inteligente em tempo real”.
O professor explica que o modelo adotado pelo iFood é chamado de opção de compra. Isso significa que a empresa comprou agora uma participação minoritária (20%), mas tem o direito — e não a obrigação — de adquirir os 80% restantes no futuro.
“Com isso, o iFood reduz riscos e testa a integração da CRMBonus antes de assumir o controle total”, afirma Diniz.
O valor total da operação, que pode chegar a R$ 10 bilhões, pode parecer agressivo à primeira vista. Mas, segundo a análise de Diniz, esse montante faz sentido dentro de uma lógica cada vez mais comum: o valor das empresas está nos ativos intangíveis — ou seja, aquilo que não se toca, mas influencia diretamente o desempenho e o valor de mercado.
No caso da CRMBonus, os principais ativos intangíveis são, segundo o professor, os softwares da empresa, a base de dados exclusiva sobre hábitos de consumo dos clientes e a capacidade de se conectar com o público por diversos canais.
A operação é simbólica também por mostrar como o setor enxerga os programas de fidelidade. Para Diniz, o que antes era visto como uma tática promocional — restrita às áreas de marketing — hoje está no centro das decisões estratégicas.
A CRMBonus atua no coração dessa transformação. Com base em dados e inteligência de comportamento, ela consegue gerar recorrência de consumo, engajamento em tempo real e lealdade de marca — ativos cada vez mais valiosos.
A movimentação do iFood mostra como o mercado está mudando. Cashback, cupons e sistemas de recompensa saíram do departamento promocional e chegaram à mesa dos executivos, com papel central na geração de valor.
Aprender a avaliar empresas e analisar casos como o da CRMBonus e IFood é um diferencial para investidores, executivos comerciais e gestores financeiros que desejam ampliar suas habilidades e desenvolver estratégias de avaliação de modo disruptivo: dos negócios clássicos às startups.
Pensando nisso, a EXAME e a Saint Paul Escola de Negócios desenvolveram o curso educação executiva de Valuation.
O curso é ministrado por professores reconhecidos e experientes no mercado: José Marcos Carrera, administrador de empresas pela USP e doutor pela FGV, e Giacomo Diniz, economista pela USP e especialista em valuation.
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