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Do Playcenter à Terra Encantada: o que aconteceu com esses parques

Entre risos, brinquedos radicais e personagens animados, seis destinos se destacavam no cenário nacional, transportando crianças e adultos para um universo encantado

Cidade da Criança, Terra Encantada e Playcenter (Google Street View/Facebook/Reprodução)

Cidade da Criança, Terra Encantada e Playcenter (Google Street View/Facebook/Reprodução)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 25 de outubro de 2025 às 08h30.

Dois dos parques de diversão mais visitados da América Latina ficam no Brasil: o Beto Carrero World, em Santa Catarina, e o Hopi Hari, no interior de São Paulo, que somados, chegam a quase 4 milhões de visitantes anuais.

E o setor está aquecido: a Cacau Show, maior franquia do país, investe 2 bilhões de reais para construir a Cacau Park, um parque temático com a maior montanha-russa da América Latina, que deve inaugurar em dois anos no interior de São Paulo.

Para além das operações funcionando hoje em dia, existem parques que bombavam no Brasil na década de 1990 e 2000 e já fecharam, como Playcenter e Terra Encantada.

Entre risos, brinquedos radicais e personagens animados, seis destinos se destacavam no cenário nacional, transportando crianças e adultos para um universo encantado. A EXAME te conta agora o que aconteceu com cada um deles. Aperte os cintos.

Playcenter

Playcenter

Um dos primeiros grandes parques de São Paulo, o Playcenter foi inaugurado em 1973, inspirado nas grandes operações de diversão dos Estados Unidos e da Europa.

O responsável pela história do Playcenter é o engenheiro Marcelo Gutglas, que no final da década de 1960 trazia para o Brasil os fliperamas, inspirado por visitas a um parque de diversões em Nápoles, na Itália. 

Do dia da sua inauguração, até o seu fechamento em 29 de julho de 2012, o Parque contabilizou a visita de mais de 60 milhões de pessoas. Muitas delas iam de excursões que partiam de várias regiões, cidades vizinhas e até outros Estados. 

No início de sua história, o mix de atrações era composto por atrações mais simples. Com o passar dos anos, as atrações tecnológicas foram chegando. O Playcenter chegou e ter grandes sucessos como:

  • Monga
  • Montanha Encantada
  • Colossus
  • Roda Panorâmica
  • Maria Fumaça
  • Sombras Mágicas
  • “Castelo Mal Assombrado
  • La Bamba

Um dos grandes eventos da empresa eram as “Noites do Terror”. Elas começaram em 1988 e se tornaram um grande sucesso, permanecendo no calendário fixo de eventos do Playcenter até o seu último ano de funcionamento.

Playcenter

Brinquedo La Bamba do Playcenter. (Playcenter/Divulgação)

A crise no parque começou em 1995. Naquele ano, um acidente num dos brinquedos sacudiu a reputação da empresa. Com isso, Gutglas vendeu parte das ações do parque para a GP Investimentos, que criou futuramente o Hopi Hari. Em 2002, Gutglas retomou o controle do Playcenter e iniciou uma reestruturação, que incluiu uma reforma completa no parque em 2005. 

Em 2010, 15 pessoas ficaram feridas no acidente envolvendo dois carros da montanha-russa Looping Star. Em outro acidente, desta vez no Double Shock, algumas pessoas ficaram feridas em 2011. 

Além disso, a localização também impactou no fim do parque. Inicialmente concebido em uma área industrial, sem muitos vizinhos, o Playcenter com o passar dos anos foi “engolido” pela cidade, que passou a não mais comportar um parque daquele porte em área urbana. O antigo terreno onde funcionou o Playcenter atualmente abriga prédios comerciais, um residencial, empresas e estacionamentos. Já alguns brinquedos foram parar em outros parques de diversão.

Hoje, a Playcenter tem outras operações de diversões, principalmente em shoppings centers com os nomes Playland

No início de 2024, a Cacau Show comprou a marca Playcenter e as operações de Playland. Foi o início de um movimento maior para a inauguração do Cacau Park, o investimento de 2 bilhões de reais que Alê Costa está fazendo no seu parque de diversão no interior de São Paulo.

Cidade da Criança

Cidade da Criança

Aberto em outubro de 1968, o Cidade da Criança é considerado o primeiro parque temático do Brasil. Ele fica em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, atrás dos antigos estúdios da Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Durante os anos de 1970 e 1980, foi considerado quase como o cartão-postal da cidade, aliás.

Numa área de 38.000 metros quadrados, ele teve cerca de 35 brinquedos - alguns deles no imaginário das pessoas até hoje em dia, como o tobogã e o teleférico. No local também tinha uma réplica de um avião e de um submarino. Já na década de 1990, sofrendo pela concorrência, começou a perder força. Foi fechado em 2005 pela prefeitura da cidade por falta de manutenção dos equipamentos. 

Cinco anos depois, foi reaberto. Depois, chegou a fechar durante a pandemia, mas voltou a operar - e funciona até hoje, com cerca de 40 atrações, entre elas:

  • Kamikaze
  • Spinning Coaster
  • Auto-pista
  • Trenó aquático
  • Túnel do terror

Terra Encantada

Terra Encantada

Um dos maiores parques temáticos do Brasil, o Terra Encantada ocupava uma área de 200.000 metros quadrados na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A ideia do projeto era ser, mesmo, uma “Disney no Rio”. Não à toa, praticamente todo carioca durante o início dos 2000 esteve presente, ou quis estar lá.

O espaço era temático e baseado em personagens e festivais da cultura brasileira e suas origens, como as culturas indígenas, africanas e europeias. Entre os brinquedos mais famosos estavam o Cabhum e a montanha-russa Monte Makaya.

Apesar da reputação alta e de filas nas atrações, o investimento milionário para abertura do parque, de 220 milhões de dólares, demorou para retornar. No ano seguinte à inauguração, a empresa já entrou em concordata (antiga recuperação judicial) com dívidas de 150 milhões de reais. 

Terra Encantada

Mesmo assim, o parque funcionou no Rio por 12 anos. A operação fechou em 2010, depois de uma mulher cair da montanha-russa e morrer. Na sequência, a Defesa Civil municipal interditou totalmente o parque Terra Encantada, na Barra da Tijuca. De acordo com notícias da época, foram encontradas irregularidades em todos os brinquedos. Depois, a ideia foi fazer um bairro na região, mas até hoje, o terreno está abandonado.

Parque da Mônica

Parque da Mônica

Uma dos primeiros parques temáticos de personagens do país, o Parque da Mônica funcionou por 17 anos no shopping Eldorado, em São Paulo. Idealizado por Maurício de Sousa em 1993, ele operou no mesmo local até 2010, quando encerrou as atividades por causa de divergências contratuais com os administradores do shopping. Havia também dívidas desde a época da inauguração, quando o investimento para construção da atração foi de 10 milhões de dólares. O parque ocupava uma área interna de 10.000 metros quadrados divididos em três pisos. 

Em 2015, cerca de cinco anos depois do seu fechamento, o Parque da Mônica voltou, em novo endereço - onde está até hoje. Ele assumiu o espaço que era do Parque da Xuxa no shopping SP Market. Hoje, o local tem cerca de 20 atrações numa área de 12.000 metros quadrados.

O Mundo da Xuxa

Parqque O mundo da xuxa

Um pouco depois da década de 1990, quem também ganhou um parque para chamar de seu foi a apresentadora Xuxa. O local escolhido foi o espaço de diversão do shopping SP Market, onde antes funcionava o Parque do Gugu. Com 12.000 metros quadrados de área, a atração tinha cerca de 21 brinquedos, alguns reutilizados do parque anterior. Havia, por exemplo, o Simulador X, que tinha logo na entrada uma esfinge com o rosto de Xuxa. Também tinha uma montanha-russa com um castelo no percurso. O parque fechou em 28 de fevereiro de 2015. À época do fechamento, segundo a nota divulgada no site do parque de diversões da Xuxa, o local teria que passar por novos investimentos em atrações e no seu layout para atender a necessidade de expansão do centro comercial paulistano. Por isso, a Xuxa Produções, empresa responsável pelo parque, decidiu fechar o centro de entretenimento e focar na rede de salões de festas infantis “Casa X”.

Parque do Gugu

Antes da Xuxa, outro apresentador ocupava o espaço da área de diversão do SP Market: Gugu Liberato. Ele manteve a atração de junho de 1997 a 2002. Depois, decidiu focar em outros negócios e não renovou o contrato com a cessão do nome. Foi quando a Xuxa assumiu o espaço. Aliás, alguns brinquedos se mantiveram da época do Gugu. Eram 17 atrações, entre elas a montanha-russa e um simulador de asa-delta.

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