Negócios

Donuts fresquinhos em São Paulo: os detalhes da chegada da Krispy Kreme ao Brasil

Em 2024, o faturamento global foi de 1,66 bilhão de dólares — com crescimento mais acelerado nos mercados internacionais, especialmente Japão, Canadá e Reino Unido

Krispy Kreme: operação brasileira será liderada por uma joint venture com a AmPm (Illustration by Scott Olson/Getty Images)

Krispy Kreme: operação brasileira será liderada por uma joint venture com a AmPm (Illustration by Scott Olson/Getty Images)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 24 de março de 2025 às 10h28.

Última atualização em 24 de março de 2025 às 11h21.

O Brasil vai ganhar uma nova marca global no mercado de alimentação. A americana Krispy Kreme, famosa pelos donuts preparados diariamente e servidos ainda quentes, inaugura sua primeira loja no país no segundo trimestre de 2025. O endereço é estratégico: na Avenida Juscelino Kubitschek, um polo com alto fluxo de pessoas de São Paulo, principalmente durante a semana, graças às centenas - se não milhares - de escritórios na região.

A operação brasileira será liderada por uma joint venture com a AmPm, rede de conveniência dos postos Ipiranga e maior do tipo no país, com cerca de 1.500 pontos de venda. O acordo foi anunciado em fevereiro e já prevê a venda dos produtos Krispy Kreme nas unidades da AmPm em diferentes regiões, além da expansão via novas lojas próprias.

“Estamos entusiasmados em trazer os donuts da Krispy Kreme para o Brasil como parte da nossa estratégia de expansão global”, afirma Raphael Duvivier, presidente internacional da marca. “A parceria com a AmPm nos permite escalar com eficiência, mantendo foco no crescimento sustentável e na qualidade do produto”, diz.

A primeira loja, que já está em obras, terá produção própria e funcionará como vitrine da marca.

Krispy Kreme: primeira loja ficará na região da Faria Lima (Krispy Kreme/Divulgação)

O espaço vai servir de centro de fornecimento para outros pontos de venda e marca o início da estrutura logística da rede no país. Segundo Paulo Calil, presidente da Krispy Kreme Brasil, a operação começa gerando 100 empregos diretos e deve ampliar esse número conforme a rede avança para outros estados.

O tamanho da marca e a lógica da expansão

Fundada em 1937, na Carolina do Norte, a Krispy Kreme se especializou em produção padronizada de donuts frescos e no atendimento direto ao consumidor. O donut glaceado Original Glazed se tornou o ícone da marca, com destaque para o modelo de vitrines abertas e donuts servidos ainda quentes.

Hoje, a empresa está presente em mais de 40 países com cerca de 2.000 lojas e mais de 15.500 pontos de venda via supermercados, cafeterias e plataformas de delivery. Em 2024, o faturamento global foi de 1,66 bilhão de dólares — com crescimento mais acelerado nos mercados internacionais, especialmente Japão, Canadá e Reino Unido.

A entrada no Brasil segue o modelo que a empresa tem adotado em outros mercados: foco em parcerias locais para acelerar presença e reduzir custo fixo. Ao se apoiar na infraestrutura da AmPm, a Krispy Kreme reduz barreiras operacionais e ganha capilaridade desde o início.

“O alinhamento entre as marcas foi natural. A AmPm tem buscado parcerias com marcas de alto valor percebido, e os donuts Krispy Kreme se encaixam nisso”, afirma Renato Stefanoni, presidente da AmPm. “Essa é mais uma etapa na diversificação do nosso portfólio, com foco em qualidade e diferenciação para o consumidor”, diz.

Por que agora — e quais os riscos

O mercado brasileiro de alimentação rápida é um dos maiores do mundo. Ainda assim, marcas internacionais enfrentam dificuldades ao entrar no país. A própria Dunkin’, maior concorrente da Krispy Kreme, saiu do Brasil em 2005 após baixo desempenho e só voltou em 2015. Outro exemplo recente é a crise da SouthRock, responsável pelas operações do Starbucks, que entrou em recuperação judicial no fim de 2023.

Apesar dos sinais de alerta, a Krispy Kreme acredita que o momento é favorável — tanto pela maturidade do consumidor quanto pelo apetite do varejo por marcas globais. “O mercado brasileiro é bilionário em alimentação. Existe espaço para um produto icônico, com alto padrão de qualidade e reconhecimento global. Nossa proposta é oferecer uma experiência diferente do que já existe”, afirma Calil.

O que vem pela frente

A primeira fase da operação prevê o uso da loja-conceito como hub de distribuição local. A partir dela, a marca deve abastecer pontos selecionados da AmPm e começar testes em outras cidades. A expansão nacional ainda não tem calendário definido, mas depende do desempenho inicial em São Paulo.

A empresa também avalia formatos alternativos — como quiosques, lojas de rua menores e parcerias com canais de delivery — conforme as primeiras métricas de aceitação do público brasileiro forem analisadas.

Por ora, a aposta é no básico: donuts fresquinhos, vitrines atrativas e a experiência que fez a marca crescer nos Estados Unidos.

Acompanhe tudo sobre:VarejoFast food

Mais de Negócios

38 franquias baratas a partir de R$ 4.990 para trabalhar em cidades pequenas (e no interior)

Quais são os maiores supermercados do Rio Grande do Sul? Veja ranking

Brasileiro mais rico trabalhou apenas um ano para acumular fortuna de R$ 220 bilhões

Quais são os maiores supermercados do Nordeste? Veja quanto eles faturam