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No Duolingo, IA vira critério para contratar, avaliar e crescer na empresa

Luis von Ahn segue os passos de CEO da Uber e Shopify e define IA como essencial para qualquer funcionário; ações da empresa subiram 68% em um ano

Luis von Ahn, CEO do Duolingo: cada função dentro da empresa terá metas específicas de reestruturação com IA (EneasMx/Wikimedia Commons)

Luis von Ahn, CEO do Duolingo: cada função dentro da empresa terá metas específicas de reestruturação com IA (EneasMx/Wikimedia Commons)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 30 de abril de 2025 às 07h33.

O aplicativo de ensino de idiomas Duolingo vai adotar um modelo de gestão "AI-first", ou seja, priorizando o uso de inteligência artificial mesmo que a tecnologia ainda não esteja 100% madura.

A decisão foi anunciada por Luis von Ahn, CEO e cofundador da empresa de educação digital, em um memorando interno publicado no LinkedIn na segunda-feira, 28. Dois dias depois, a empresa anunciou o lançamento de mais de 148 novos cursos de idiomas, a maior expansão de conteúdo da história da companhia norte-americana.

"Preferimos agir com urgência e correr riscos pontuais de qualidade a perder o momento", escreveu von Ahn. A transformação, segundo ele, deve impactar diretamente o modo como a empresa contrata, avalia e organiza sua força de trabalho.

A seguir, os cinco pontos principais do plano:

  • Substituição gradual de prestadores de serviços: tarefas hoje realizadas por contratados externos serão automatizadas com IA;
  • Critério de contratação: domínio de ferramentas de IA será diferencial nas admissões;
  • Avaliações de desempenho: uso de IA passará a ser um item avaliado nos ciclos de performance;
  • Limite de contratações: só haverá aumento de equipe quando o trabalho não puder ser automatizado;
  • Transformações nos departamentos: cada função dentro da empresa terá metas específicas de reestruturação com IA.

Crescimento e pressão do mercado

A adoção de inteligência artificial já provocou cortes no Duolingo. Em 2024, a empresa demitiu 10% dos contratados após adotar ferramentas de geração automática de conteúdo. Já em 2023, mudanças similares haviam sido feitas.

Luis von Ahn esclareceu que a nova política não visa substituir funcionários fixos, mas sim ampliar a capacidade da empresa. “Sem IA, levaríamos décadas para escalar o conteúdo para mais aprendizes. Devemos a eles esse conteúdo o quanto antes”, afirmou.

A guinada tecnológica ocorre num momento positivo para o Duolingo. As ações da empresa acumularam alta de 68% nos últimos 12 meses, impulsionadas pela expansão de planos pagos e pela diversificação dos produtos.

O Duolingo não é caso isolado. Em abril, os CEOs da Uber, Dara Khosrowshahi, e da Shopify, Tobias Lütke, também declararam que o uso de IA se tornou elemento essencial no cotidiano de suas empresas. No Shopify, inclusive, há uma exigência explícita para justificar qualquer nova contratação caso a automação por IA não seja suficiente.

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