Estabilidade estratégica pode ser a chave para finanças corporativas (Getty Images)
Redatora
Publicado em 5 de junho de 2025 às 14h02.
Última atualização em 5 de junho de 2025 às 14h10.
Um estudo feito por pesquisadores de Harvard mostrou que companhias com crescimento quase nulo vêm gerando retorno aos acionistas com foco em disciplina, eficiência e estabilidade.
As informações foram retiradas da Harvard Business Review.
Seja pela retração da economia, envelhecimento populacional ou mudanças no comportamento de consumo, crescer está cada vez mais difícil. Então, como gerar valor de forma consistente sem depender da expansão da receita?
O estudo foi feito com mais de 10 mil empresas e identificou 172 companhias com crescimento de receita próximo de zero.
Essas empresas entregaram retorno total ao acionista similar à média de mercado, com 12% menos volatilidade. Também foram menos suscetíveis a colapsos de valor e tiveram mais longevidade.
Dentre elas, 57 se destacaram por superar a média do mercado ao aplicarem boas estratégias de finanças corporativas.
Ao invés de buscar novos mercados com alto custo de aquisição, muitas firmas optaram por transformar produtos físicos em serviços digitais, em um modelo conhecido como asset-light.
Esse é o caso de empresas como a Siemens, que apostaram em softwares e serviços para ampliar margens e reduzir o custo de capital. Essa mudança permitiu entregar um retorno anual aos acionistas de 9%, mesmo sem crescimento.
A aposta em produtos de alto valor agregado também gerou ganhos expressivos de margem.
A britânica Morgan Advanced Materials, por exemplo, dobrou sua margem ao investir em inovação para nichos técnicos, como o setor aeroespacial e a produção de semicondutores, tudo isso sem aumentar receitas reais.
Firmas que optaram pela integração vertical aumentaram sua base de ativos, controlando etapas-chave da cadeia de produção, o que assegurou uma rentabilidade estável.
A rede de hotéis Whitbread comanda toda a sua cadeia ao invés de franquear, controlando desde o imóvel até a operação.
Essa estratégia limita a expansão, mas cria uma experiência de qualidade padronizada aos clientes e gera uma taxa de retorno de 10% ao ano para os acionistas.
Outra estratégia adotada por essas empresas estáveis foi focar em manter dividendos constantes, tornando suas ações atrativas como títulos de renda fixa. Seus resultados são baseados no fluxo de caixa e na confiança do investidor.
No caso da GATX, uma financiadora de vagões ferroviários, essa previsibilidade atraiu investidores conservadores e sustentou valuation elevado, com retorno anual médio de 12%.
O estudo revela que estratégias estáveis, disciplinadas e bem-executadas podem ser tão lucrativas quanto o crescimento — e, em alguns casos, até mais
Ao evitar riscos comuns de estratégias de crescimento a qualquer custo – como fusões e aquisições ambiciosas com taxa de falha superior a 70% –, essas empresas encontraram nas finanças corporativas o centro de sua estabilidade.
São os times de finanças que avaliam risco-retorno, otimizam alocação de capital, desenham políticas de dividendos e garantem a sustentabilidade dos ativos operacionais.
Para esses profissionais, o novo diferencial competitivo pode não estar na velocidade, mas na constância e na capacidade de gerar valor com menos.
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