Juliana Sztrajtman, CEO da Amazon Brasil: “O Brasil já é o 2º maior mercado emergente da Amazon, ficando atrás apenas da Índia” (Amazon /Divulgação)
Repórter
Publicado em 31 de julho de 2025 às 13h09.
Última atualização em 31 de julho de 2025 às 16h42.
“É uma escolha estratégica e global investir no Brasil”, diz Juliana Sztrajtman, CEO da Amazon Brasil. Há seis meses liderando o gigante de varejo, Sztrajtman afirma que o país é hoje a maior aposta da empresa para conquistar novos clientes — e isso vem se traduzindo em cifras e estruturas.
Nos últimos dez anos, a Amazon já investiu mais de R$ 55 bilhões no Brasil. Apenas em 2024, foram R$ 13,5 bilhões — o equivalente a 23% de tudo o que foi investido no país desde o início da operação, em 2012.
Esses aportes sustentam um ecossistema que vai da entrega rápida em mais de 1,5 mil cidades à atuação em favelas e projetos sociais de leitura, diz a CEO durante um evento na sede da empresa, nesta quinta-feira, 31.
“Hoje a Amazon Brasil mantém mais de 200 polos logísticos e gera 36 mil empregos diretos e indiretos no país — sendo 90% deles ocupados por brasileiros”, afirma Sztrajtman.
Com mais de 100 mil parceiros de vendas que oferecem seus produtos na plataforma, a Amazon chega hoje em todos os municípios do Brasil – mas o desafio agora é entregar cada vez mais produtos e de forma mais rápida.
“É uma operação construída de brasileiros para brasileiros, com uma estratégia de longo prazo”, diz a CEO. “Já conseguimos entregar no mesmo dia em cerca de 40 cidades. E esse número cresce diariamente.”
A entrevista aconteceu um dia depois do anúncio da tarifa de 50% aplicada por Donald Trump, que causará um impacto direto sobre produtos brasileiros. Questionada sobre o impacto da medida, Sztrajtman afirma que, se preciso for, mudanças serão feitas para atender clientes e fornecedores.
“Acompanhamos esses movimentos e, quando necessário, adaptamos nossa operação. Mas inicialmente essa medida não influencia nossa estratégia de crescer no Brasil”.
Apesar do cenário externo, a CEO afirma que a Amazon continuará apostando no país com foco em estrutura, tecnologia e velocidade de entrega.
“O consumidor brasileiro quer cada vez mais produtos e de forma mais rápida, e nós estamos aqui para atender e superar essa expectativa.”
Desde o lançamento da loja completa em 2019 (que significa que a empresa passou a oferecer outras categorias de produtos no site Amazon.com.br, além de livros — categoria com a qual iniciou as operações no país, em 2012), o crescimento da operação no país tem sido exponencial — e é intencional, segundo Sztrajtman. Hoje, o Brasil é o segundo maior mercado emergente da companhia, atrás apenas da Índia.
“Para nós, da Amazon, temos uma classificação interna sobre o que é ‘mercado emergente’, que são países onde nós começamos a operar mais recentemente e que ainda estão em fase de expansão acelerada”, diz a CEO.
Um dado que demonstra o crescimento no Brasil é o do e-commerce. Segundo a CEO, o Brasil representava 4% do varejo em 2019 e hoje já está entre 15% e 20%.
“Ainda temos muito espaço para crescer, e é por isso que o Brasil é uma escolha estratégica para a Amazon no mundo.”
Além do investimento em infraestrutura, com mais de 200 polos logísticos, entre os principais focos da expansão atual no Brasil, a CEO destaca:
“O Prime Day, por exemplo, já é maior que a Black Friday para nós. Isso mostra quanto o consumidor brasileiro valoriza nossa experiência”, diz a CEO.
Além da infraestrutura, o investimento em tecnologia também é destaque. Segundo Sztrajtman, cerca de 75% das entregas da Amazon são feitas com suporte de inteligência artificial, que pode ajudar a traçar rotas mais seguras para os motoristas, prever horários de entrega e otimizar o trabalho dos entregadores.
“Usamos IA desde os anos 2000, da recomendação de produtos até a personalização da experiência de compra”, diz.
Outro ponto de destaque é o projeto Favella Log, que já está presente em 14 comunidades, como Paraisópolis (SP), com entregas feitas por moradores locais.
“Muitos deles egressos do sistema prisional, que acabam conhecendo muitos moradores nas comunidades”, diz a CEO que reforça que com esse projeto, eles buscam resolver gargalos de endereços e, ao mesmo tempo, gerar renda e conexão com a comunidade.
No campo da educação, a Amazon também aposta na formação de novos leitores. Com o projeto Pro Saber, a empresa reforma bibliotecas e instala estações de leitura itinerantes em comunidades de todo o país, incentivando a leitura infantil e o cuidado com os livros.
“Nosso projeto de bibliotecas itinerantes já alcança dezenas de comunidades e nasceu da nossa origem como livraria. É um impacto de longo prazo”, afirma Sztrajtman.
Durante o evento, Louise Faleiros, country manager da Amazon Prime Video Brasil, reforçou a atuação local da plataforma. Segundo ela, o serviço já investiu em 46 produções originais brasileiras desde 2019 — entre elas Cangaço Novo, Dom e o documentário A Mulher da Casa Abandonada, que estreia em agosto. A empresa também detém os direitos da Copa do Brasil e da NBA, consolidando o Prime Video como um hub de entretenimento completo por apenas R$ 19,90 ao mês.
“Seguimos com a vontade de continuar representando as diferenças do Brasil por meio dos nossos conteúdos”, diz Faleiros, que reforça que está usando a IA para ajudar nos avanços com dublagem no Brasil.
Já Cleber Morais, diretor-geral da AWS Brasil, destacou o papel da nuvem e da inteligência artificial para transformar empresas nacionais em potências tecnológicas. “A AWS capacitou mais de 800 mil pessoas no Brasil em 14 anos. É uma plataforma de exportação de talentos e inovação”, afirma.
Como exemplo, Morais traz o case do iFood. “No iFood treinamos mil entregadores em tecnologia e 400 deles foram contratados como cientistas de dados.”
O executivo também mencionou o compromisso global da Amazon com a IA: em 2024, serão US$ 100 bilhões investidos nesse campo. No Brasil, só a AWS já destinou mais de US$ 5,6 bilhões à infraestrutura tecnológica.
A companhia fará frente a concorrentes do mercado, como o Walmart, que está se preparando para o cliente do futuro. A empresa americana lançará um conjunto de "superagentes" com tecnologia IA Agentic, sistema de inteligência artificial personalizado para melhorar a experiência de compra de seus consumidores. O Magazine Luiza, por sua vez, criou uma nova diretoria para acelerar o desenvolvimento do "cérebro da Lu", uma IA generativa voltada para melhorar a experiência dos clientes.
Diante dos investimentos bilionários no Brasil, em infraestrutura e tecnologia, para Sztrajtman, o verdadeiro motor do crescimento está no que faz a empresa girar cada dia mais rápido. “Investir no Brasil é acreditar no potencial das pessoas que estão aqui, e é com elas que vamos continuar crescendo.”