Dayane Titon Cardoso, diretora comercial e de marketing da Baly: "Como temos produção nacional, conseguimos preços mais competitivos e ajudamos a democratizar o mercado de sabores, que era carente" (Leandro Fonseca /Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 20 de maio de 2025 às 10h40.
No interior de Santa Catarina, uma marca brasileira conseguiu o que parecia improvável: transformar-se na segunda empresa de energéticos mais consumida do país e desafiar as líderes globais do setor.
A Baly, criada em Tubarão em 1997, já produz, segundo dados próprios, 205 milhões de litros de energético por ano — volume que a posiciona atrás apenas da Monster, distribuída no Brasil pelo sistema Coca-Cola.
Em termos de participação de mercado, a empresa catarinense informa que atingiu, no primeiro trimestre de 2025, 25% de share de volume — avanço de 4,2 pontos percentuais nos últimos 12 meses móveis, segundo levantamento encomendado pela Baly à NielsenIQ. Na comparação entre o primeiro trimestre de 2025 e o quarto trimestre de 2024, a marca afirma ter registrado uma alta de 27% na participação de volume, consolidando-se como a segunda maior do setor, superando, por exemplo, a austríaca Red Bull.
Procurada, a NielsenIQ, responsável pela aferição, informou que não divulga publicamente dados de market share por serem sigilosos contratualmente.
Além disso, conforme dados compartilhados pela Baly, a marca foi responsável por cerca de 49% do crescimento total da categoria de energéticos no Brasil no primeiro trimestre de 2025, contribuindo com 4,4 pontos percentuais na expansão de 7,7 pontos percentuais registrada no período.
Com produção crescente, portfólio de 28 sabores e presença internacional, a Baly consolida sua trajetória como um dos exemplos mais marcantes de inovação e crescimento do setor de bebidas no Brasil.
Mário Júnior Cardoso, Mário Cardoso, Dayane Titon Cardoso e Jânio Nandi Cardoso, da Baly Brasil: família já produz energético há 16 anos (Ricardo Beppler / Baly Brasil/Divulgação)
Se hoje o energético é o carro-chefe, a trajetória da Baly começou com outra proposta.
Quando Mário Cardoso e o sobrinho fundaram a empresa, em 1997, o foco era a comercialização de cachaças e vinhos — atividade que seguiu por mais de uma década.
A guinada veio em 2009, durante o Carnaval, quando a Baly viu a oportunidade de lançar energéticos em embalagens PET, uma inovação em um mercado ainda concentrado em latinhas. "A chegada das garrafas PET às prateleiras democratizou a bebida entre novos consumidores, especialmente nos grupos de amigos e famílias", afirma Dayane Titon Cardoso, diretora comercial e de marketing da Baly.
A estratégia funcionou e impulsionou o energético a assumir a liderança no portfólio da empresa, enquanto as bebidas alcoólicas foram gradualmente deixadas de lado. Apenas em 2017 a Baly voltaria a atuar nesse segmento, com o lançamento de uma linha de cervejas.
Hoje, a Baly opera com duas unidades industriais em Santa Catarina — uma de 30 mil metros quadrados em Tubarão e outra de 20 mil metros quadrados em Treze de Maio —, empregando cerca de mil funcionários diretos.
O salto da Baly foi potencializado a partir de 2017, quando Dayane e Mário Cardoso assumiram a gestão com foco total na leitura do mercado e no atendimento às novas demandas dos consumidores brasileiros.
Uma das principais lacunas identificadas era a oferta de produtos saborizados, segmento ainda pouco explorado pelas multinacionais de energético.
"Como temos produção nacional, conseguimos preços mais competitivos e ajudamos a democratizar o mercado de sabores, que era carente", afirma Dayane. "Durante a pandemia, isso ficou muito claro. Fomos lançando vários sabores diferentes, e todos com aderência do público."
Hoje, a Baly oferece um portfólio diversificado, com 28 sabores — de clássicos como Maçã Verde e Tropical a misturas como Abacaxi com Hortelã e Coco com Açaí. Entre os líderes de vendas estão Tropical, Maçã Verde, Melancia e o mix Morango com Pêssego.
Um dos diferenciais do crescimento foi a proximidade com os pontos de venda. "Valorizamos muito onde o produto está", afirma Dayane. "Estamos gastando bastante sola de sapato para saber o máximo de necessidade que o cliente tem, e o ponto de venda dá muitas informações, da necessidade às ausências."
Exemplo dessa escuta ativa foi a percepção da ausência de um energético sabor Maçã Verde, muito usado por bartenders em drinques. A Baly não perdeu tempo e transformou a demanda em produto, que rapidamente se tornou um dos mais vendidos.
No segmento zero açúcar, a Baly informa ter contribuído com 35% do share de volume nos últimos 12 meses móveis no canal moderno, segundo levantamento da NielsenIQ encomendado pela empresa. Esse percentual subiu para 39% no primeiro trimestre de 2025, reforçando a liderança da marca também nessa categoria em expansão.
"Hoje temos diversos sabores que são brasileiros, escolhidos pelo cliente brasileiro. É um atributo que acredito fortemente que nos fez chegar até aqui", afirma Dayane.
A marca também inovou ao criar o Baly Kids, suplemento de vitaminas para crianças, com ferro, magnésio, zinco e vitaminas A e do Complexo B, em bebida levemente gaseificada. Já foram vendidas mais de 6 milhões de latas desse produto.
"As crianças desejam pertencer aos momentos de lazer dos adultos. Por isso, ter seu próprio Baly já cria uma conexão com a marca desde cedo", explica Dayane.
Em 2024, a Baly informa que sua produção atingiu um recorde histórico: 205 milhões de litros de energéticos. Apenas no primeiro quadrimestre de 2025, segundo a empresa, foram fabricados 90 milhões de litros, mantendo um crescimento médio de 50% ao ano, conforme dados internos.
Entre as inovações mais recentes está a linha “Celebre”, com três sabores exclusivos: Champanhe, Caipirinha e Floripa Tropical Spritz — todos não alcoólicos e com teor reduzido de açúcares. O sabor Champanhe, segundo a Baly, superou em 600% a média histórica de pedidos da marca.
A empresa também lançou a linha de isotônicos Baly Hidrate, com sabores de tangerina, limão e melancia, comercializados em garrafas PET de 500 ml.