Negócios

Ela criou uma empresa que já gerou R$ 340 milhões em faturamento para clientes

Luciana Duarte, cofundadora da X500, transformou a experiência no jornalismo em uma metodologia de gestão digital aplicada em mais de 700 negócios

Luciana Duarte, sócia-fundadora da X500: “Sucesso para mim é a soma de querer, executar e ousar”

Luciana Duarte, sócia-fundadora da X500: “Sucesso para mim é a soma de querer, executar e ousar”

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 17h17.

Poucas pessoas iniciam a trajetória profissional pensando em um plano B. Geralmente, essa ideia só surge quando tudo já deu errado: depois de perder o emprego, enfrentar uma crise ou ver o mercado mudar sem aviso. A paulistana Luciana Duarte é uma exceção. Formada em Comunicação com habilitação em Jornalismo, entendeu logo no início que depender apenas de uma área era arriscado.

“Trabalhava em televisão e sabia que minha carreira teria um prazo de consolidação; com o tempo não teria mais a mesma performance”, explica. Essa clareza foi decisiva para que ingressasse em um MBA em Planejamento e Marketing Corporativo – escolha que se tornaria fundamental no futuro.

Após a TV, construiu um percurso sólido em veículos impressos e digitais, somando 17 anos de jornalismo especializado. Mas, com o avanço da internet, o setor começou a se transformar profundamente: os anúncios em revistas e jornais perderam espaço, os salários diminuíram e as demissões se tornaram mais frequentes. “Percebi que meu plano B fazia muito mais sentido”, diz.

Atualmente, é sócia-fundadora da X500, empresa de gestão estratégica especializada em profissionalização e monetização de negócios. Com uma metodologia própria, já atendeu mais de 700 clientes de diferentes segmentos e gerou R$ 340 milhões em faturamento adicional. Apesar de ainda não revelar detalhes, a executiva adianta que a marca inicia em breve uma nova fase, com reposicionamento e projetos de expansão.

Primeiros passos da transição

A mudança de carreira não aconteceu de um dia para o outro. Com as alterações no mercado editorial, que obrigou jornalistas a atuar como pessoas jurídicas, Luciana abriu um CNPJ e passou a trabalhar como freelancer. Em paralelo, iniciou seus primeiros experimentos no mundo online. Mais tarde, criou uma empresa de streaming que oferecia páginas “embedadas” para grandes marcas transmitirem conferências e eventos ao vivo. O modelo durou cerca de um ano e meio, até que gigantes como Google e Zoom popularizaram plataformas gratuitas, inviabilizando a maioria dos concorrentes.

Nesse cenário, ela decidiu organizar um congresso online que reuniu mais de 9 mil jornalistas, apontando tendências do setor e como se adaptar ao meio online. Em seguida, lançou quatro e-books de grande repercussão, ensinando o passo a passo para a categoria: como migrar para o ambiente digital, quais serviços oferecer e de que forma aplicar o marketing online na prática.

O começo da nova jornada

Com essa bagagem e mais conhecida no meio, deu um novo passo. Em 2018, associou-se a Fernando Cartier, administrador especializado em sites e processos. Juntos fundaram a X500 com um manifesto claro: tirar 500 empresas do amadorismo digital no Brasil. O crescimento foi acelerado – seis dígitos no primeiro ano e sete no segundo. “Nossa leitura do mercado era: ‘Todo mundo quer estar na internet, mas quem consegue jogar esse jogo?’”, explica. A jornalista reforça, ainda, que a pandemia intensificou essa demanda.

A metodologia se apoia em quatro pilares: mapeamento detalhado do negócio, planejamento estratégico personalizado, execução com especialistas e análise constante de resultados. A consultoria reúne uma equipe multidisciplinar espalhada pelo Brasil – em Goiânia, Ouro Preto, Criciúma, Florianópolis e São Paulo – com o intuito de contar com os melhores profissionais. Também implantou uma política de remuneração por performance, na qual consultores recebem mais conforme os resultados alcançados pelos clientes.

A jornada de Luciana mostra como as crises podem abrir caminhos. Quando o jornalismo tradicional perdeu espaço, ela já havia se preparado. E, quando a internet se tornou inevitável, estava pronta para atuar nesse novo cenário. “Sucesso para mim é a soma de querer, executar e ousar”, finaliza.

Lições de quem se reinventou

As cinco bases que sustentaram a transição de Luciana do jornalismo ao empreendedorismo

1. Visão de futuro: “Sempre olho além do ‘agora’ e me questiono: ‘Se esse segmento desaparecer hoje, qual será meu próximo passo?’”, afirma. Nos últimos dois anos, a empresária percorreu regiões da Europa e dos Estados Unidos para analisar como esses mercados estão se profissionalizando.

2. Ousadia para recomeçar: “Comecei a empreender aos 40 anos. Quem está disposto a mudar nessa idade?”

3. Escolher bem os parceiros: “Uma sociedade deve se basear na complementaridade. Enquanto minha expertise é comunicação, área comercial e pós-vendas; a do Fernando Cartier, meu sócio, é cuidar dos processos e das finanças.”

4. Saber demitir clientes: “Aprendi a demitir clientes para não desistir da X500 e colecionar insucessos. O resultado está ligado à execução do planejado; por isso, a companhia tem que estar comprometida.”

5. Diversificação de serviços: “Além da gestão estratégica, mantemos uma frente de infoprodutos, com cursos online e e-books para ampliar a escala de faturamento.” Nesse sentido, ressalta o valor da profissão anterior: “O jornalismo segue comigo. Uso toda a experiência que acumulei para desenvolver treinamentos de oratória, escrita e vídeo.”

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