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Elas criaram o maior brechó infantil online do Brasil

O mercado de moda circular cresce de 15 a 20% ao ano e tem potencial de R$ 24 bilhões. O marketplace líder de compra e venda de artigos infantis de segunda mão entra em novo momento em busca de parcerias para expandir em todo o país

Daniela Bussab e Marcela Coelho, sócias da Re Petit: parceria com outlets para vender coleções passadas de algumas marcas (Divulgação/Divulgação)

Daniela Bussab e Marcela Coelho, sócias da Re Petit: parceria com outlets para vender coleções passadas de algumas marcas (Divulgação/Divulgação)

Cláudia Rosa
Cláudia Rosa

CEO da Rede Investe e colaboradora da EXAME

Publicado em 17 de junho de 2025 às 15h06.

Última atualização em 18 de junho de 2025 às 19h30.

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A Re Petit, maior brechó infantil online do Brasil, tem ativos de respeito: mais de 15 mil produtos em estoque, entre roupas, calçados, acessórios e brinquedos, com faturamento de R$ 1,5 milhão, take rate de 65%, sistema de logística, gestão de estoque e split de pagamento, o que possibilita controle, personalização e escalabilidade dos negócios.

A história da Re Petit é muito bacana, porque tem tudo a ver com empreendedorismo, mulheres e mães: São duas colegas que se tornaram amigas na faculdade e seguiram carreiras separadas até que Daniela Bussab virou mãe de Kike e Bella, e Marcela Coelho ganhou Charlotte e Claire.

Foi nessa fase que surgiu a ideia do negócio, afinal todo mundo que tem filhos sabe como as coisas se perdem rápido e quanto custam caro.

“Nós, como todas as mães, temos um grande problema com a velocidade e quantidade de itens infantis que nossos filhos perdem. A nossa dor é a dor de todas as famílias que têm filhos e sofrem com isso”, conta Marcela.

“Fizemos então uma pesquisa de mercado, tanto no Brasil como lá fora, e identificamos a oportunidade do negócio focado em intermediação de itens infantis seminovos”, completa a sócia Daniela.

Também compõem o portfólio números como a média de 40 mil visitas únicas na plataforma, 60% de pedidos de clientes recorrentes, mais de 70 mil seguidores no Instagram e a parceria com influenciadores digitais que alcançam cerca de 7 milhões de pessoas.

“Conectamos quem quer comprar com quem quer vender, em todo o Brasil, em uma das fases mais especiais na vida de uma família. Cuidamos de todo o processo, desde a seleção, fotografia, anúncio, venda até a entrega e pós-venda”, explica Daniela.

“Hoje temos uma parcela da operação da Re Petit focada em parceria com outlets. Contamos com algumas marcas que vendem as coleções passadas conosco, como Tip Toey Joey, Luft Shoes, Banho Maria, Minimalista, Timirim, entre outras”, informa Marcela.

Outlet de coleções anteriores

Dessa forma, a Re Petit passou a trabalhar não apenas com peças de segunda mão, mas também com outlet de coleções anteriores, dando vida também a peças que seriam descartadas sem nunca terem sido usadas. Esse modelo oferece descontos relevantes para consumidores que ainda não consideram produtos de segunda mão e redução de desperdício para as marcas.

O desafio de empreender começou no quarto da filha da Dani, armazenando tudo em um guarda roupa e cadastrando as peças no Excel. “Rapidamente nosso ‘escritório’ se tornou pequeno e nos mudamos para uma casa na Vila Madalena”, contam as sócias.

Para escolher o nome da startup, elas usaram toda a expertise de publicitárias: um trocadilho com “repetir”, usando a palavra “petit”, pequeno em francês. Cinco anos e quatro casas diferentes depois, hoje a Re Petit está em um galpão de 200 metros quadrados no Brooklin, na zona sul de São Paulo, com mais de 15 mil peças armazenadas e cadastramento todo feito por aplicativo desenvolvido internamente e QR Code.

Ao longo desses cinco anos de jornada, a Re Petit recebeu dois aportes que somaram mais de R$1 milhão. O primeiro, em 2022, da Bossa Nova e Anjos do Brasil, que possibilitou expandir investimentos em marketing e novas captações, tanto de vendedores e peças como de clientes. Uma ferramenta bem utilizada: a startup conseguiu dobrar em um ano todos os resultados financeiros.

Com esse desempenho, em 2024 Daniela e Marcela partiram para a segunda captação. Foi por meio da Platta, plataforma de equity crowdfunding do ecossistema Bossanova Investimentos. “Batemos a meta de valor arrecadado em menos de dois meses.

Com esse segundo investimento expandimos em melhorias internas, como o aplicativo para controle de estoque e logística interno, atendendo e vendendo com melhores preços para todo Brasil, e também investimos em parcerias com marcas de roupas infantis”, contam as empresárias.

R$ 24 bi em moda seminova

Em um mercado - de Moda Seminova – que de acordo com o Boston Consulting Group (BCG) tem um potencial de R$ 24 bilhões neste ano no Brasil e de 15 a 20% de crescimento ao ano até 2030, a Re Petit deve acentuar mais ainda sua trajetória consistente de crescimento, impulsionada pela ampliação da base de clientes e consolidação da proposta como marketplace de artigos infantis.

Um modelo de negócio que, baseado em comissionamento sobre vendas e curadoria de produtos com alta rotatividade, oferece recorrência e escalabilidade com baixo capital empregado.

“Por isso, a margem bruta vem evoluindo ano a ano, refletindo maior eficiência operacional e maturidade na gestão dos custos diretos. A diluição de despesas, especialmente de vendas e marketing, tem contribuído para uma melhora significativa nos resultados operacionais”, contabilizam Daniela e Marcela.

Esta é a bela história da Re Petit. Mas tem uma parte que a gente não contou aqui, que encanta e sensibiliza: nesses cinco anos, a startup doou mais de 18 mil peças para ONGs parceiras, como Pró Saber, Alquimia, Cedro do Líbano, Unibes, Pequeno Cidadão, entre outras. Foram poupados mais de 110 milhões de litros de água pela venda de 80 mil peças de segunda mão. Milhares de quilos de Co2 foram evitados com a Eco Entrega de Bicicletas.

Como investidora, acompanho de perto o desempenho da Re Petit e os desafios inerentes à sua trajetória. Confio plenamente na capacidade das fundadoras, que se mostram extremamente competentes, comprometidas e engajadas.

E um dado muito especial: a equipe da Re Petit é formada 90% por mulheres, o que faz toda a diferença.

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