Miklos Grof, CEO e fundador da Company Hero: “Não estamos dizendo que CLT é melhor ou pior. Mas a verdade é que o modelo PJ cresceu” (Company Hero/Divulgação)
Repórter
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 05h36.
Com faturamento de R$ 70 milhões projetado para 2025, a Company Hero quer se tornar o ecossistema definitivo para profissionais PJ e pequenos empreendedores no Brasil. A nova aposta é a “Gestão PJ”, uma plataforma voltada para departamentos de recursos humanos que contratam no modelo pessoa jurídica.
Criada em 2018, a Company Hero nasceu com o objetivo de simplificar a vida de microempreendedores, autônomos e prestadores de serviço que atuam como PJ. Começou oferecendo endereço fiscal digital para abertura de empresas, e hoje disponibiliza também seguros, planos de saúde, gestão financeira e emissão de notas fiscais.
Agora, a startup expande a atuação também para o outro lado da cadeia: as empresas contratantes. A nova plataforma é pensada para RHs que precisam administrar um grande número de PJs e enfrentam desafios de compliance, contratos, cobranças e obrigações legais.
"Não existia uma ferramenta feita sob medida para esse tipo de relação. Os times de RH ficam presos em planilhas, e o PJ se vira como pode", diz Miklos Grof, CEO da Company Hero.
Nascido na Hungria, criado na Áustria e com passagens por Chile, Inglaterra e Estados Unidos, Miklos Grof chegou ao Brasil em 2014. “Eu me sentia uma planta procurando terra fértil. Foi aqui que criei raízes”, resume. Antes da Company Hero, Grof fundou e vendeu duas startups, incluindo uma fintech com clientes em mais de 150 países.
A ideia da Company Hero surgiu da própria experiência do húngaro como PJ. "Abrir um CNPJ é fácil, o problema é manter tudo em ordem: emitir nota, pagar imposto, contratar plano de saúde, garantir benefícios", afirma. A proposta da Hero é justamente essa: entregar para o profissional PJ a mesma estrutura de suporte que um CLT tem.
Hoje, a plataforma atende mais de 50 mil PJs ativos, com ferramentas que vão desde regularização tributária até proteção contra ataques cibernéticos. Para empresas, a startup permite automatizar processos como emissão de nota fiscal, gestão de contratos, pagamentos e concessão de benefícios.
A nova plataforma da Hero, batizada de Gestão PJ, mira em um ponto sensível do mercado de trabalho: a expansão do modelo como alternativa à CLT. Segundo o Datafolha, 59% dos brasileiros preferem atuar de forma independente. Só em 2023, o Brasil registrou 15 milhões de MEIs ativos.
Apesar do crescimento, a jornada PJ ainda é repleta de buracos: sem apoio para organizar ganhos, cumprir exigências fiscais e acessar benefícios básicos, muitos profissionais acabam recorrendo a soluções improvisadas ou informais. É nesse vácuo que a Company Hero quer se consolidar.
Na ponta contratante, a startup já atende 25 empresas em fase beta e pretende chegar a 60 até o fim do ano. A previsão é que a plataforma movimente mais de 2 mil vidas nesse modelo de gestão integrada até dezembro.
Para 2026, a meta é escalar ainda mais o produto, com integração de inteligência artificial e novos recursos para contratos, pagamentos e previsão de ausências remuneradas.
A Company Hero também aposta em um novo modelo de benefícios não obrigatórios para PJs. Com a aquisição das corretoras Duca Saúde e Segure.Me, a empresa passou a oferecer planos de saúde, seguros e assistências com custos acessíveis e contratação digital.
O RH pode contratar para os prestadores ou indicar que o próprio profissional o faça. Há ainda parcerias que oferecem proteções gratuitas, como seguros de vida viabilizados por grandes operadoras. Tudo é gerenciado pelo app PJ Hero, que centraliza informações fiscais, contratos, pagamentos e assistências em um só lugar.
"O que queremos é dar ao PJ as mesmas condições de bem-estar que o CLT costuma ter", afirma Grof. No longo prazo, a expectativa é que o aplicativo se torne também uma plataforma de crédito consignado e previdência privada, com gestão automática de recursos e metas financeiras personalizadas.
Com apenas R$ 6 milhões captados em investimentos desde a fundação, a Company Hero optou por crescer com base em receita e lucratividade. Em 2024, faturou R$ 35 milhões e projeta dobrar o valor em 2025.
“Não estamos dizendo que CLT é melhor ou pior. Mas a verdade é que o modelo PJ cresceu, e muitos querem manter esse formato”, diz Grof. “Nosso papel é dar suporte a essa escolha, com estrutura, segurança e qualidade de vida.”