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Ele vai aportar R$ 70 mi para levar shows, torneios e empresas a 3 dos parques mais famosos de SP

Rogério Dezembro é fundador da LivePark, empresa de gestão de 'venues' que assumirá a gestão do Villa Lobos, Cândido Portinari e Água Branca em setembro

Rogério Dezembro, da LivePark: novos negócios e mais visitantes aos parques da capital paulista (Divulgação/Divulgação)

Rogério Dezembro, da LivePark: novos negócios e mais visitantes aos parques da capital paulista (Divulgação/Divulgação)

LB

Leo Branco

Publicado em 10 de agosto de 2022 às 11h31.

A partir de 1º de setembro, a iniciativa privada vai assumir a gestão de três dos parques mais famosos da capital paulista:

  • Villa-Lobos
  • Cândido Portinari, ambos na Marginal Pinheiros, zona oeste da cidade
  • Água Branca, na região central

O contrato para repasse da administração foi assinado nesta quarta-feira, 10, por representantes da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do governo paulista e do consórcio Novos Parques Urbanos, que arrematou o direito de exploração dos espaços por 30 anos em leilão na B3, em março.

Em três décadas, o consórcio deve aportar 150 milhões de reais em investimentos nos locais. Do total, 70 milhões de reais serão aplicados nos primeiros seis anos de concessão.

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Quem é o empreendedor

Por trás dos investimentos está o empreendedor Rogério Dezembro, um dos fundadores da LivePark, empresa de gestão de 'venues', como são chamados os espaços para grandes eventos, além de projetos especiais em entretenimento, cultura e esporte e empresa responsável pelo consórcio Novos Parques Urbanos.

O negócio foi fundado em 2020 como parte da holding da DC Set, companhia pioneira no Brasil no tratamento do setor de eventos como um big business.

A DC Set faz a gestão de shows de astros como o cantor Roberto Carlos, além de estar por trás de festivais como o Planeta Atlântida, no litoral gaúcho.

Além da DC Set, são sócias da LivePark:

  • Grupo Oceanic, gestor do aquário de Balneário Camboriú, um dos maiores do país
  • Quatro empresas de engenharia e construção: Turita, Era Técnica, Egypt e Pavienge

Executivo de marketing formado pela ESPM e com 30 anos de experiência na junção de propaganda e entretenimento, Dezembro é um dos responsáveis por tornar a arena Allianz Parque a principal sede de grandes shows na capital paulista.

A gestão de diversos aspectos da arena, do naming rights ao calendário de eventos, foi concebida por Dezembro, CEO da unidade de entretenimento da WTorre, construtora da arena, entre 2011 e 2020.

O modelo do Allianz, construído ao longo da década passada, foi replicado no Teatro Santander, também na capital paulista. Dezembro também está assinando a gestão de eventos da Arena MRV, estádio em construção em Belo Horizonte.

A incursão de Dezembro no mundo dos parques concedidos começou em fevereiro de 2021. Na ocasião, ele um grupo de sócios arrematou por 111 milhões de reais o direito de administrar o Zoológico de São Paulo, o Zoo Safári (antigo Simba Safári, um passeio muito disputado entre famílias nos anos 80 e 90) e o Jardim Botânico da capital paulista — três complexos de lazer localizados a poucos metros de distância um do outro, na zona sul da capital.

Como a nova gestão mudou o Zoo de SP

O modo de trabalho de Dezembro na LivePark diz muito sobre as conquistas nas concessões administradas pelo negócio dele até agora — e os três parques a serem assumidos em setembro.

Do fim do ano passado para cá, o Zoo de São Paulo, o Zoo Safári e o Jardim Botânico passaram por um choque de gestão. O que foi feito:

  • Reparos na iluminação, assentos e banheiros há muito tempo sem manutenção deram um novo ar aos três espaços.
  • Um novo sistema online para compra de ingressos praticamente encerrou a rotina de filas. Antes, na temporada de julho, o tempo de espera nas filas na bilheteria do zoológico costumava passar de duas horas.

Hoje, quase 40% dos ingressos vendidos já são pelo sistema online. As lojas da operadora de turismo CVC espalhadas pelo Brasil também passaram a vender entradas antecipadas ao complexo.

O período coincidiu com a reabertura de estruturas do Zoológico, como um restaurante em frente ao espaço reservado para as girafas.

No Jardim Botânico, uma trilha em direção a uma das nascentes do riacho do Ipiranga foi reaberta em comemoração ao bicentenário da Independência, declarada por ali em 1822.

Tudo isso atraiu mais gente ao local. Entre dezembro e maio deste ano, o complexo formado pelo Zoológico, Safari e Jardim Botânico recebeu um recorde de 424.000 visitantes, 41% acima do mesmo período de 2019.

Além de mais gente, o tíquete médio também aumentou. "Somando todos os esforços, nosso crescimento médio per capita no período foi de 15% ao mês. Hoje, o valor médio de consumo é de 57 reais por pessoa”, diz Dezembro.

Quais são os planos para as novas concessões

Os planos são de repetir a fórmula no Villa Lobos, Cândido Portinari e Água Branca.

O consórcio liderado por ele terá a missão de reformar boa parte das estruturas existentes e ampliar a opção de serviços como alimentação e estacionamento, além de assumir as operações de limpeza e vigilância patrimonial.

O plano é aproveitar a vocação de cada 'venue', diz Dezembro.

Fundado em 1989, o Parque Villa-Lobos abrange uma área de 732.000 metros e diversas opções de esporte e lazer.

Em 2013, a área vizinha transformou-se no Parque Urbano Cândido Portinari, com fácil acesso a partir da estação CPTM Vila-Lobos/Jaguaré. São mais de 120.000 metros quadrados.

"O Villa-Lobos, como o próprio nome faz referência, nasceu conectado com a música. Vários eventos são realizados lá e nós queremos potencializar essa característica. Além disso, ele é um espaço histórico do tênis em São Paulo", diz.

"O torneio de tênis Aberto de São Paulo, por exemplo, teve diversas edições realizadas lá. Iremos recuperar e revitalizar toda infraestrutura, incluindo o orquidário Ruth Cardoso também. E junto com tudo isso virá uma programação de eventos e de conteúdos para preencher os diferentes espaços do parque.”

Parques da Água Branca e do Villa Lobos, em São Paulo: investimento de 70 milhões de reais em seis anos (Montagem de Júlio Gomes/EXAME/Divulgação)

Quando começam as reformas

Criado em 1929, pela secretaria de Agricultura do estado de São Paulo, o Parque da Água Branca tem 137.000 metros quadrados.

A concessão prevê a manutenção da feira orgânica, do espaço de leitura, das atividades para o público da terceira idade, além da reforma do aquário e do espaço de educação ambiental.

Um manejo mais eficiente das aves soltas no local também está nos planos. "As galinhas e os patos terão manejo técnico responsável conforme previsto no edital. Não vamos suprimir nada do que o parque oferece hoje”, diz.

O plano é recuperar a vocação 'rural' do Água Branca. Por décadas, o espaço sediou exposições ligadas à agropecuária.

"Muitos desses eventos acabaram migrando para outros lugares em função da falta de investimentos em infraestrutura", diz ele.

A ideia é recuperar prédios do parque para atrair empresas de tecnologia dedicadas ao agronegócio, as chamadas agtechs. "Queremos ver aqui uma espécie de Cubo [mais famoso hub de startups na capital paulista] só de agtechs", diz.

As reformas devem começar entre 90 e 120 dias após o início da nova gestão. As intervenções serão feitas em fases, sem interromper a visitação do público e com máxima segurança para quem estiver dentro dos parques.

A concessão prevê a manutenção da feira orgânica, do espaço de leitura, das atividades para o público da terceira idade, além da reforma do aquário e do espaço de educação ambiental. “Vale ressaltar que não haverá cobrança de ingresso para entrada nos parques”, diz.

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