Elon Musk: executivo poderá receber 423,7 milhões de ações da Tesla se metas forem cumpridas (Allison ROBBERT /AFP)
Repórter
Publicado em 14 de setembro de 2025 às 10h05.
Na semana passada, Elon Musk esteve muito perto de perder seu posto como homem mais rico do mundo, ameaçado pela rápida ascensão de Larry Ellison, fundador da Oracle, que viu as ações de sua companhia subirem 40% em apenas um dia.
Musk, no entanto, voltou ao topo da lista, com uma fortuna estimada a US$ 419 bilhões neste domingo, 14, segundo o Bloomberg Billionaire Index. Ellison, por sua vez, tem uma fortuna estimada a US$ 349 bilhões.
A riqueza de Musk, somada a um pacote de remuneração anual de US$ 1 trilhão sugerido pela Tesla, pode fazer com que ele se torne o primeiro trilionário da história dos Estados Unidos.
Projeções da Informa Connect Academy indicam que Musk pode atingir US$ 1 trilhão em fortuna já em 2027.
Mas não sozinho: outros bilionários também estão na disputa. Gautam Adani, do grupo indiano Adani, poderia chegar ao valor em 2028, seguido por Jensen Huang (Nvidia), Prajogo Pangestu (energia e mineração), Bernard Arnault (LVMH) e Mark Zuckerberg (Meta), todos com chances até o início da próxima década.
A Tesla apresentou uma nova proposta salarial para Musk no dia 5 de setembro. O contrato, com duração de dez anos, prevê que Musk permaneça no cargo até 2035 e alcance metas de desempenho que multiplicariam por quase oito vezes o valor da empresa.
Hoje, a Tesla está avaliada em cerca de US$ 1,1 trilhão. O objetivo é elevar esse número a US$ 8,5 trilhões, patamar comparável à soma do valor de mercado da Microsoft, Alphabet e Meta juntos.
Se as metas forem cumpridas, Musk terá direito a 423,7 milhões de novas ações, equivalentes a quase US$ 900 bilhões adicionais em sua fortuna, segundo a Time — o que faria a fortuna de Musk alcançar cerca de US$ 1,319 trilhão.
Entre as metas definidas pelo conselho da Tesla estão a consolidação de um serviço global de robotáxis e o avanço da linha de robôs humanoides. O projeto mais emblemático é o Optimus, apresentado em 2022, que a empresa pretende transformar em ferramenta para indústrias e residências.
Estudos citados pela Tesla projetam que o mercado global de robôs humanoides pode alcançar US$ 4,7 trilhões até 2050. Para Musk, esses produtos têm potencial de revolucionar a produtividade mundial e se tornar mais valiosos do que os carros elétricos.
O novo plano surge em meio a um histórico conturbado. Em 2018, acionistas da Tesla aprovaram um pacote de remuneração estimado em US$ 50 bilhões para Musk. A iniciativa foi posteriormente derrubada por um tribunal de Delaware, que criticou falhas de governança e a influência excessiva de Musk sobre o conselho.
Em dezembro de 2024, a Justiça voltou a invalidar a proposta de 2018, reforçando a pressão sobre a empresa para elaborar um novo modelo de compensação. O atual pacote, portanto, é uma tentativa de encerrar a disputa e manter o executivo no comando.
Robyn Denholm, presidente do conselho, tem liderado a defesa da proposta. Em entrevistas, ela afirma que “reter e incentivar Elon é fundamental para que a Tesla se torne a empresa mais valiosa da história”.
Apesar do otimismo do conselho, as condições do mercado não são simples. As vendas da Tesla recuaram no último ano, e a empresa enfrenta críticas pela demora em diversificar sua linha de produtos.
O modelo Cybertruck, lançado em 2023, registrou resultados aquém das expectativas, e a aposta em robotáxis ainda está restrita a testes em Austin, no Texas.
Musk também tem dividido sua atenção entre a Tesla e outras empresas, como a SpaceX e a startup de inteligência artificial xAI. Sua breve participação em Washington, durante o segundo mandato de Donald Trump, também gerou receio entre investidores quanto ao foco do executivo.