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Empresa de SP compra o terceiro negócio em oito meses. O objetivo: R$ 60 milhões

Dealerspace quer manter o ritmo de uma a duas aquisições por semestre, ampliando sua presença no setor de tecnologia para concessionárias de automóveis

Vinicius Vazquez, CEO da Bolt Software e da Dealerspace: "Nosso objetivo não é vender só mais um software" (Bolt Softwares/Divulgação)

Vinicius Vazquez, CEO da Bolt Software e da Dealerspace: "Nosso objetivo não é vender só mais um software" (Bolt Softwares/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 17 de março de 2025 às 13h30.

Última atualização em 17 de março de 2025 às 14h48.

O mercado de crédito automotivo (e numa visão mais ampla, da própria compra de carros) no Brasil sempre teve um problema: a jornada do cliente é cheia de buracos.

O consumidor sai do site da montadora, cai no da concessionária, passa por sistemas diferentes e, muitas vezes, a venda se perde no meio do caminho. A Dealerspace, plataforma de marketing e vendas da holding de investimentos em softwares Bolt Software, está comprando empresas para resolver essa confusão — e agora acaba de fechar sua terceira aquisição em apenas oito meses.

A mais nova aquisição é a F&I Brasil, empresa especializada em financiamento e seguros para concessionárias. Em 2024, a F&I Brasil movimentou 6 bilhões de reais em operações de crédito para novos veículos. Agora, entra no ecossistema da Dealerspace, que atende 3.500 concessionárias e busca integrar todos os sistemas de gestão do setor em uma plataforma única.

Por que essa aquisição agora? Além de adicionar mais um serviço ao portfólio, a Dealerspace quer atacar um mercado maior: a originação de crédito.

“Nosso objetivo não é só vender mais um software. Estamos de olho na oportunidade gigantesca de transformar a originação de crédito no Brasil”, diz Vinicius Vazquez, CEO da Bolt Software e da Dealerspace.

Com os dados proprietários da B3 e a integração com financeiras e bancos, a empresa quer simplificar e tornar mais eficiente a aprovação de crédito para a compra de veículos.

“Se a gente conseguir conectar os dados certos com a jornada do cliente, todo mundo ganha. O consumidor tem uma experiência mais fluida, o concessionário vende mais e o banco melhora a conversão de financiamentos”, afirma Vazquez.

O plano daqui para frente é continuar acelerando. A Dealerspace quer manter o ritmo de uma a duas aquisições por semestre, ampliando sua presença no setor.

E os números já começam a refletir esse movimento: só no primeiro trimestre de 2025, o faturamento da empresa cresceu 30% em relação a 2024. A expectativa agora é fechar o ano com 60 milhões de reais em receita.

Uma estratégia que vai além do software

A F&I Brasil chega à Dealerspace com 300 concessionárias na carteira, somando-se às 3.500 já atendidas pela empresa. A sobreposição de clientes entre as duas operações é pequena, o que significa mais mercado para ambas.

“Foi até uma surpresa ver como as carteiras eram complementares”, diz Vazquez. “Já começamos a vender as soluções da F&I para nossos clientes e vice-versa.”

Além disso, a empresa aposta na parceria com a B3, dona do fundo L4 Venture Builder, um dos principais investidores da Bolt.

O acesso a dados do setor automotivo permite que a Dealerspace use inteligência artificial para prever quem está mais próximo de fechar negócio e melhorar a conversão das concessionárias.

“Infraestrutura e inteligência sozinhas não resolvem o problema. O diferencial são os dados proprietários. É assim que a gente pretende mudar esse jogo”, afirma Vazquez.

Próximos passos: fintech e mais aquisições

A meta não é apenas consolidar sistemas, mas expandir para fintech. Ao centralizar a jornada de financiamento e integrar bancos e concessionárias, a Dealerspace vê um espaço para crescer além do software e atuar diretamente na intermediação financeira.

Para isso, as aquisições continuam no radar. “O plano segue: uma a duas compras por semestre. E sempre olhando para empresas que complementem nosso ecossistema”, diz Vazquez.

Com um faturamento projetado de R$ 60 milhões em 2025 e um setor cada vez mais digital, a Dealerspace aposta que centralizar dados e integrar sistemas será o diferencial para crescer. Se vai dar certo? O ritmo de compras mostra que, pelo menos por enquanto, a aposta continua.

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