Colaboradores da Way2 no Team Building 2025 e aniversário de 20 anos da empresa (Way2/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 27 de agosto de 2025 às 15h10.
Última atualização em 27 de agosto de 2025 às 15h12.
No coração de um dos maiores polos de inovação do Brasil, Florianópolis, a Way2 opera uma engrenagem invisível, mas vital, para o setor elétrico. A empresa desenvolve a tecnologia responsável pela aquisição e gerenciamento dos dados de 70% da energia produzida e consumida no país, conectando geradoras, distribuidoras, comercializadoras, grandes consumidores e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Cada quilowatt-hora gerado, distribuído e consumido depende de uma complexa cadeia de medições, validações e integrações de dados. É essa infraestrutura que garante a apuração correta dos balanços energéticos, a remuneração justa dos agentes e a emissão de faturas consistentes e auditáveis aos consumidores.
Fundada em 2005, a Way2 Technology se consolidou como referência nacional em digitalização do setor elétrico. Desde os primeiros projetos em distribuidoras e geradoras, a empresa construiu reputação pela confiabilidade técnica e aderência regulatória. O marco veio em 2012, quando firmou parceria com a CCEE e passou a fornecer a tecnologia que sustenta o Sistema de Coleta de Dados de Energia (SCDE), plataforma usada para consolidar diariamente os volumes de geração e consumo em todo o país. Essa proximidade regulatória se transformou em diferencial estratégico, reforçando o papel da companhia como guardiã da confiabilidade dos dados energéticos.
Centro de Operação da Medição, na sede da Way2 em Florianópolis (Way2/Divulgação)
Os números acompanham a relevância: em 2024, a Way2 registrou crescimento de 36% na receita líquida — mantendo média anual de 24% nos últimos cinco anos — e conquistou lugar no Ranking EXAME Negócios em Expansão 2025.
Ao completar 20 anos de atuação, a empresa reafirma sua posição como infraestrutura crítica do setor. “O setor elétrico caminha para um estágio de maior complexidade, descentralização e digitalização. Nossa função é prover a infraestrutura digital que assegure confiabilidade às informações, habilite novos modelos de negócio e fortaleça a competitividade do mercado de energia”, afirma Danilo Barbosa, CEO da Way2.
O setor elétrico brasileiro deixou de lidar com complexidade apenas em situações pontuais. Hoje, trata-se de uma característica estrutural. A expansão acelerada das fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica, pressiona a operação do sistema. Ao mesmo tempo, consumidores ganham protagonismo com geração distribuída, autoprodução e migração ao mercado livre. Some-se a isso os impactos das mudanças climáticas, que alteram padrões de previsibilidade e desafiam a confiabilidade da rede.
Diante desse cenário, a digitalização deixou de ser acessória e tornou-se indispensável. “Sem digitalização, a complexidade se tornaria intratável e resultaria em mais custos para todos. Com ela, os dados viram inteligência para decisões regulatórias, operacionais e comerciais”, diz Barbosa.
Segundo o executivo, o que antes era um setor apoiado em processos físicos e trocas documentais agora demanda automação e interoperabilidade. “Com o aumento da complexidade, o fluxo de informações entre agentes precisa ser 100% digital. Nosso papel é garantir que essas informações sejam precisas, seguras e úteis para decisões estratégicas.”
Os próximos anos prometem mudanças estruturais no setor elétrico brasileiro. Entre 2025 e 2027, diversas distribuidoras devem superar a marca de 1 milhão de medidores inteligentes instalados em unidades de baixa tensão. Essa digitalização em massa amplia a granularidade das informações e possibilita novos modelos de tarifação, flexibilidade e eficiência operacional.
Outro movimento decisivo é a abertura total do mercado livre de energia, que pode ampliar o universo de consumidores elegíveis de 200 mil para mais de 90 milhões de unidades. Isso exigirá das comercializadoras maior automação de processos e novas estratégias de relacionamento com clientes de perfis distintos.
Em paralelo, a Aneel iniciou em fevereiro de 2025 o debate sobre o Open Energy (CP 07/25), que propõe permitir que cada consumidor autorize, de forma digital e segura, o compartilhamento de seus dados de consumo. A iniciativa pode redefinir a dinâmica do setor, ampliando a competitividade e estimulando novos serviços com base em dados energéticos.
Workshop Transformação Digital no Varejo de Energia promovido pela Way2 em 2024 (Way2/Divulgação)
Por fim, a maior presença de renováveis intermitentes e a integração de sistemas de armazenamento em baterias adicionam novos desafios. Coordenar em tempo real geração, consumo e flexibilidade será essencial — e plataformas de gestão de dados e interoperabilidade terão papel central para garantir previsibilidade, resiliência e eficiência no uso dos recursos.