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Esta empresa arrecadou R$ 138 milhões vendendo papel higiênico 'diferentão'

A Who Gives A Crap nasceu como um alerta sobre a falta de saneamento básico, mas se transformou em um sucesso milionário que já beneficiou milhões de pessoas ao redor do mundo

Who Gives a Crap, papel higiênico australiano: nome da empresa é trocadilho com frase que, no português, seria algo como: "Quem liga para essa...?" (Who Gives a Crap)

Who Gives a Crap, papel higiênico australiano: nome da empresa é trocadilho com frase que, no português, seria algo como: "Quem liga para essa...?" (Who Gives a Crap)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 4 de junho de 2025 às 08h29.

Última atualização em 4 de junho de 2025 às 08h30.

A Who Gives A Crap, criada em 2012 na Austrália, é um exemplo claro de como é possível alavancar um negócio sustentável e, ao mesmo tempo, gerar impacto social. A empresa oferece papel higiênico ecológico e de estampa colorida, feito com bambu e papel reciclado, e doa 50% dos seus lucros para projetos de água potável e saneamento em comunidades carentes. Até hoje, a marca arrecadou mais de £ 18 milhões (cerca de R$ 138 milhões na cotação atual), beneficiando milhões de pessoas ao redor do mundo.

Sustentabilidade sempre foi um pilar central da marca. Produtos feitos de bambu e papel reciclado ajudam a reduzir a derrubada de árvores e contribui para a preservação ambiental. A embalagem dos produtos também segue o conceito ecológico: feita de papel reciclado, sem o uso de plásticos. Em 2024, a empresa diversificou mais a linha de produtos, lançando sacos de lixo reciclados e sacos compostáveis.

O grande diferencial da Who Gives A Crap está no seu modelo de negócios social, no qual metade dos lucros vai para organizações de saneamento e água potável. Além de ser um projeto de impacto social, a empresa manteve uma estratégia de crescimento independente, reinvestindo os lucros em vez de buscar financiamento externo. Em 2021, a marca recebeu o primeiro investimento, cujo valor não foi divulgado, mas que ajudou a acelerar sua expansão.

Como tudo começou?

"Começamos o Who Gives A Crap quando descobrimos que 2,4 bilhões de pessoas não têm acesso a um banheiro. Agora, esse número é de 2 bilhões — um pequeno progresso, mas ainda muito a fazer!", escreveu a empresa no site oficial. "Isso representa cerca de 40% da população global, o que resulta em 289.000 mortes anuais de crianças menores de cinco anos, vítimas de doenças diarreicas causadas pela falta de acesso à água e saneamento adequado. Isso significa quase 800 mortes por dia, ou uma criança a cada dois minutos".

Foi então que, em julho de 2012, os três fundadores — Simon Griffiths, Danny Alexander e Jehan Ratnatunga — decidiram agir. Lançaram o Who Gives A Crap com uma campanha de financiamento coletivo online. Simon se sentou em um vaso sanitário em um armazém gelado e prometeu não se mover até que tivessem arrecadado o suficiente para iniciar a produção. Cinquenta horas e um fundo gelado depois, conseguiram mais de US$ 50.000 para dar o pontapé inicial na marca.

Socialmente responsável

A expansão para o Reino Unido em 2017 foi um marco para a empresa. Inicialmente, a Who Gives A Crap se concentrou em um modelo D2C (direto ao consumidor), mas rapidamente conquistou parcerias com grandes varejistas, como a Waitrose, o que permitiu que seus produtos chegassem a 240 lojas em todo o país.

Com isso, a marca se tornou a terceira maior do setor de papel higiênico no Reino Unido. Além disso, a Who Gives A Crap também cresceu no mercado B2B, com mais de 1.500 empresas utilizando os produtos, incluindo hotéis, academias e restaurantes.

A Who Gives A Crap demonstrou crescimento contínuo nos últimos anos. Em 2023, a receita no mercado britânico cresceu para £ 38,7 milhões. O modelo de assinatura continua sendo a chave para o sucesso da empresa, com previsibilidade de receita e retenção de clientes. A doação de 50% dos lucros para causas sociais também tem atraído consumidores comprometidos com o meio ambiente, mostrando que é possível alavancar um negócio lucrativo com impacto social significativo.

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