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Esta startup recém-chegada ao Brasil quer aumentar suas vendas em 30% com IA

A argentina Patagon usa inteligência artificial para corrigir falhas em dados sobre leads e, assim, quer substituir os times de pré-vendas em grandes empresas

Mariano Rey (CMO), Renato Kialka (country manager), David Grandes (fundador), Cristian Adamo (CTO) e Roberto Guerrero (CRO) da Patagon: expectativa de gerar 2 milhões de reais no Brasil já no primeiro ano de operação (Divulgação/Divulgação)

Mariano Rey (CMO), Renato Kialka (country manager), David Grandes (fundador), Cristian Adamo (CTO) e Roberto Guerrero (CRO) da Patagon: expectativa de gerar 2 milhões de reais no Brasil já no primeiro ano de operação (Divulgação/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 2 de junho de 2025 às 17h52.

Última atualização em 3 de junho de 2025 às 19h31.

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A Patagon AI, empresa especializada no uso de inteligência artificial (IA) para otimizar processos comerciais, acaba de iniciar sua operação no Brasil.

Fundada em 2023, na Argentina, a startup já está presente em 10 países da América Latina e chega ao Brasil com uma promessa: aumentar em média 30% a conversão de vendas nas empresas por meio de sua plataforma de qualificação de leads.

Fundação e fundadores

A Patagon foi criada por um time de empreendedores experientes. David Grandes, equatoriano com 20 anos de vivência em startups, e Cristian Adamo, que tem mais de 15 anos de experiência em inteligência artificial (IA), fundaram a empresa com o objetivo de acelerar a adoção de IA nas empresas da América Latina.

Eles acreditam que a inteligência artificial será essencial para os negócios da região, e que as empresas que não adotarem a tecnologia perderão competitividade.

David Grandes, cofundador e CEO da Patagon, explica: “Acreditamos que a IA transformará os negócios na América Latina. Empresas que não se adaptarem à nova realidade digital não terão mais condições de competir no futuro.”

A operação no Brasil é liderada por Renato Kialka, escolhido como country manager para expandir a operação da Patagon no país. Renato tem 17 anos de experiência em startups e passagens por empresas como Peixe Urbano, Movile e Wellhub. Ele foi convidado a integrar a Patagon para liderar o crescimento da empresa no Brasil e na América Latina.

Renato Kialka comenta: “O Brasil tem um enorme potencial de crescimento para a nossa solução, e a recepção que tivemos até agora foi extremamente positiva. Nosso objetivo é fazer do Brasil nosso maior mercado até o final deste ano.”

O modelo de negócios

A Patagon AI desenvolveu uma tecnologia voltada para a automação de vendas, com foco na qualificação de leads, ou seja, potenciais clientes que demonstraram interesse em um produto ou serviço. O produto principal da empresa é um “agente de IA”, ou seja, um sistema de inteligência artificial que conversa com os leads, entende o contexto da interação e qualifica o potencial de compra desses clientes de forma eficiente e integrada.

Esse agente é diferente de chatbots tradicionais, que seguem um script rígido de respostas.

A solução da Patagon tem a capacidade de interagir de maneira mais natural com os leads e não precisa seguir um roteiro fixo. Ele consegue entender a conversa, identificar as necessidades do cliente e qualificá-lo de acordo com os critérios definidos pela empresa contratante.

Além disso, o sistema se integra a plataformas de gestão de relacionamento com clientes (CRM, na sigla em inglês), como Hubspot, Salesforce e RD Station, entre outros, e também se conecta aos sistemas internos das empresas, permitindo acesso a informações em tempo real, como estoque de produtos.

Diferenciais e resultados

A principal proposta da Patagon AI é aumentar a conversão de vendas, ou seja, transformar mais leads em clientes. A empresa garante um aumento de 30% na conversão de leads qualificados, ou devolve o dinheiro investido. Esse modelo de “precificação baseada em resultado” (ou “outcome-based pricing”) é um dos maiores diferenciais da empresa, que não cobra por volume de leads ou mensagens enviadas, mas apenas pelos resultados concretos obtidos.

David Grandes, CEO da Patagon, explica: “Nós acreditamos que, ao cobrar apenas por resultados concretos, alinhamos os interesses da nossa empresa com os dos nossos clientes. Só ganhamos quando eles ganham, e isso fortalece a relação de confiança que buscamos construir com eles.”

Esse modelo disruptivo está se destacando no mercado, já que muitas empresas de IA no setor de vendas cobram com base no volume de mensagens enviadas ou na quantidade de leads. A Patagon, por sua vez, cobra apenas por agendamentos ou reuniões realizadas, o que alinha os interesses da empresa com os de seus clientes: ambos só ganham quando há um resultado positivo.

Os clientes da Patagon relatam impactos significativos nas suas operações, como o aumento de até 400% nas vendas no primeiro mês de uso da plataforma e a redução de até 30% nos times de vendas em apenas 30 dias.

Como funciona

A plataforma da Patagon oferece um agente de inteligência artificial que realiza várias funções essenciais para a qualificação de leads. O agente pode interagir com os leads por meio de diferentes canais, como o WhatsApp, e realizar tarefas que antes eram feitas por equipes de pré-venda (conhecidas como SDRs, na sigla em inglês, para Sales Development Representatives).

Ele coleta informações como nome, e-mail, número de telefone, empresa e até mesmo o histórico de interações com a empresa, organizando todos esses dados em tempo real.

Renato Kialka, country manager da Patagon no Brasil, explica: “A nossa solução vai muito além de um simples chatbot. Ela entende o contexto da conversa, qualifica o lead e gera um lead score, ou seja, uma pontuação que indica a probabilidade de aquele lead se tornar um cliente. Isso permite que os times de vendas se concentrem apenas nos leads com maior potencial.”

Assim que um lead é qualificado, ou seja, atinge os critérios de um potencial cliente, o time de vendas recebe um alerta imediato com um resumo da conversa, podendo dar continuidade ao atendimento de forma rápida e eficiente. Isso permite que os vendedores foquem em leads realmente qualificados, o que melhora a eficiência e as taxas de conversão.

A plataforma também organiza todos os dados coletados automaticamente, cria oportunidades de negócios e calcula um “lead score” (pontuação de qualificação do lead), o que facilita a priorização dos contatos mais promissores.

Precificação baseada em resultados

A principal inovação do modelo de negócios da Patagon é sua estrutura de precificação, que é totalmente baseada no desempenho da empresa. Ou seja, a Patagon cobra apenas quando a sua plataforma gera resultados concretos para seus clientes.

David Grandes destaca: “Nosso modelo de precificação baseado em resultados é um reflexo da confiança que temos em nossa solução. Sabemos que se a plataforma não gerar resultados para o cliente, não faz sentido cobrar por ela. Acreditamos que isso vai ajudar a aumentar a adoção de IA nas empresas da América Latina.”

Para o setor automotivo, por exemplo, a empresa cobra cerca de R$ 50 por cada agendamento de reunião realizado. Para outros negócios, o que constitui um “lead qualificado” pode variar, como um novo cadastro ou um direcionamento para a finalização de uma compra online. Isso torna o modelo da Patagon único no mercado, alinhando seus interesses com os dos seus clientes, já que só ganham quando os resultados acontecem.

Clientes e expansão

A Patagon tem uma base de clientes diversificada, com destaque para o setor automotivo, onde atende grandes marcas como BYD, Toyota e Chevrolet, além de atuar em segmentos como imóveis, tecnologia, educação e serviços de SaaS (Software como Serviço).

No Brasil, a empresa já implementou sua solução em empresas como A Praso (um serviço de food service similar ao Rappi e iFood), Yuca e Convenia, com outros clientes em processo de implementação. O objetivo da Patagon é fazer do Brasil seu maior mercado até o final deste ano, superando o México e a Colômbia em faturamento.

A recepção da empresa no Brasil foi positiva. Durante sua participação na edição brasileira do festival de inovação Web Summit neste ano, mais de 300 empresas passaram pelo estande da Patagon para conhecer a solução e discutir como ela poderia beneficiar seus negócios.

A Patagon tem grandes expectativas para o Brasil e outros mercados latino-americanos. A empresa já está em 10 países da região e planeja continuar sua expansão de forma agressiva. A meta para o Brasil é alcançar R$ 2 milhões de receita anual recorrente (ARR) até o final de 2024, com um crescimento acelerado, que já dobrou o faturamento a cada dois meses.

Com esse crescimento rápido, a Patagon também está se preparando para uma rodada de investimento Série A, o que ajudará a financiar sua expansão para novos mercados e continuar inovando sua tecnologia.

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