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Este negócio de R$ 1,2 bilhão resolve a maior dor de quem depende do comércio exterior

Empresa vai levantar R$ 300 milhões via FIDC para seguir emprestando dinheiro a importadoras

Leonardo Baltieri e Guilherme Rosenthal, co-fundadores e co-CEOs da Vixtra, e Caio Gelfi, co-fundador e Diretor Comercial da Vixtra: (Vixtra/Divulgação)

Leonardo Baltieri e Guilherme Rosenthal, co-fundadores e co-CEOs da Vixtra, e Caio Gelfi, co-fundador e Diretor Comercial da Vixtra: (Vixtra/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 19 de março de 2025 às 14h33.

Importar produtos não é simples. Quem compra de fornecedores no exterior precisa lidar com câmbio, prazos apertados, impostos, burocracia e a maior dor de todas: o pagamento à vista.

Para muitas empresas, a importação só acontece se houver capital imediato para fechar o pedido.

A Vixtra, fintech paulista fundada em 2021, surgiu para resolver esse problema. A empresa oferece crédito para importadores, permitindo que eles paguem os fornecedores a prazo e usem a própria carga como garantia. Em três anos, já financiou mais de R$ 400 milhões em mercadorias. Agora, quer triplicar esse número e atingir 1,2 bilhão de reais em 2025.

O plano envolve novas captações de investimento e a expansão da base de clientes.

“Hoje temos cerca de 120 clientes, mas existem 50.000 importadores no Brasil. Nossa meta é triplicar essa base e, com isso, triplicar o volume financiado”, afirma Leonardo Baltieri, cofundador e co-CEO da Vixtra.

A fintech já captou 180 milhões de reais em 2024, sendo 150 milhões de reais via FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) e outros 30 milhões de reais em uma rodada pré-Série A. Agora, prepara novas rodadas para seguir crescendo.

“Estamos levantando mais R$ 300 milhões ao longo do ano para sustentar essa expansão”, diz Baltieri.

O modelo de negócio da Vixtra

A Vixtra não é apenas um financiador. A empresa se posiciona como um trade bank, uma plataforma digital que integra serviços financeiros, câmbio e gestão para importadores.

Hoje, além do crédito, oferece soluções para pagamento internacional, rastreamento de cargas e ferramentas de gestão financeira.

“A ideia é criar um ecossistema completo para importadores. Começamos com o financiamento e estamos adicionando novas soluções ao redor dele”, afirma Baltieri.

O modelo é inspirado em fintechs de comércio exterior que já operam em outros países, mas que ainda não tinham um equivalente no Brasil. O diferencial da Vixtra é permitir que importadores utilizem a própria mercadoria em trânsito como garantia para obter crédito — uma alternativa a modalidades tradicionais, como antecipação de recebíveis e empréstimos bancários.

Os desafios do setor

Apesar do potencial de crescimento, o setor de importação ainda apresenta desafios. O primeiro é convencer empresas tradicionais a adotarem soluções digitais para financiar suas compras.

“Os importadores são, em geral, empresas mais conservadoras. Não basta oferecer tecnologia, precisamos provar que ela torna o processo mais simples e seguro”, diz Baltieri.

Além disso, mudanças tributárias podem afetar o custo e a competitividade das importações. A recente isenção de imposto para alguns produtos, por exemplo, foi um movimento positivo para o setor. “Sempre há ajustes nos impostos, e isso influencia a dinâmica do mercado. Mas nosso modelo de crédito se adapta a diferentes cenários”, afirma o executivo.

O futuro da Vixtra

Com novas rodadas de captação previstas e um mercado ainda pouco explorado, a Vixtra vê espaço para continuar expandindo. O próximo passo é fortalecer a plataforma e lançar novos produtos financeiros para importadores.

“O crédito continua sendo nosso carro-chefe, mas queremos agregar mais serviços e consolidar a Vixtra como a referência para quem importa no Brasil”, diz Baltieri.

Se conseguir executar o plano, a fintech pode se tornar um dos principais players do setor e movimentar bilhões nos próximos anos.

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