'Toda ação tem consequências. E que toda escolha define o caminho', diz Duani Reis (YPO/Divulgação)
Colunista
Publicado em 2 de junho de 2025 às 14h37.
Muitos de nós associam à estratégia a um plano de longo prazo ou um documento com dezenas de páginas. Sem dúvida, um bom planejamento estruturado faz a diferença em qualquer negócio. Mas a estratégia começa antes. Ela está nas escolhas que fazemos sem alarde, mas com intenção. Está no que priorizamos. No que deixamos de fazer. No modo como respondemos e, também, no que decidimos escutar.
Vivemos um tempo em que a execução virou quase um vício. A agenda cheia se tornou símbolo de produtividade. E o cansaço crônico, uma realidade coletiva. Quando tudo parece urgente, o que realmente importa começa a sumir de vista. Separar o tempo de refletir do tempo de executar não é luxo — é sobrevivência. Uma coisa não funciona ao mesmo tempo que a outra.
Com o tempo, percebi que o pensamento estratégico se desenvolve em camadas. Primeiro, vem a saída do piloto automático. Depois, a capacidade de fazer leituras mais profundas — da equipe, do negócio, de si mesmo. E, por fim, a habilidade de tomar decisões com menos pressa e mais precisão. Partindo de um lugar mais consciente. Entender que toda ação tem consequências. E que toda escolha define o caminho.
Nesse processo, começamos a observar padrões. Perceber o que realmente está funcionando — e o que só consome energia. Entender onde estão as alavancas e, acima de tudo, ter clareza sobre qual jogo a gente quer e sabe jogar.
Depois de entender, com perspectiva, as competências e as circunstâncias do lugar onde se está, um novo portal se abre. E ele convida a outra pergunta: para onde você quer ir? Tem uma passagem ótima em Alice no País das Maravilhas que diz tudo:
“Aonde fica a saída?”, pergunta Alice.
“Depende”, responde o gato.
“Depende de quê?”
“Depende de para onde você quer ir.”
Essa mistura entre o que se quer e o que pode acontecer é onde a estratégia encontra o tempo presente. É aqui que nasce o que eu chamo de “futuros possíveis”.
Não falo de futurologia. Falo de observar com atenção o presente e começar a construir hipóteses reais sobre o que pode acontecer. É assim que inovação e renovação começam: não com um salto no escuro, mas com um passo consciente na direção do que já está surgindo. Nem todo futuro é provável. Mas alguns são possíveis.
Esse é um processo cíclico. De tempos em tempos, renovamos nossa forma de agir. E é assim que a estratégia se mantém viva: não para repetir o que já deu certo, mas para permitir que boas mudanças aconteçam nos seus futuros possíveis.