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Etiquetas em braille, fechos magnéticos: a moda inclusiva que conquistou a Reserva

Fundadora da Equal, Silvana Louro investiu em uma confecção com roupas adaptadas que combinam estilo e funcionalidade para pessoas com deficiência

Silvana Louro, fundadora da Equal: “Moda é identidade. Pessoas com deficiência também têm direito de se sentir bonitas e confortáveis”

Silvana Louro, fundadora da Equal: “Moda é identidade. Pessoas com deficiência também têm direito de se sentir bonitas e confortáveis”

EXAME Solutions
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Publicado em 25 de março de 2025 às 15h47.

Última atualização em 25 de março de 2025 às 15h56.

A moda sempre foi vista como uma expressão de identidade e autoestima. No entanto, para milhões de pessoas com deficiência, a simples tarefa de se vestir pode ser um desafio. Atualmente, quase 25% da população brasileira possui algum tipo de deficiência, o que corresponde a cerca de 45 milhões de brasileiros, segundo dados do IBGE. Uma pesquisa da MindMiners revelou que 55% das pessoas com deficiência enfrentam dificuldades ao comprar roupas.

Silvana Louro, de 63 anos, conhece bem essa realidade. Fundadora da Equal, passou mais de duas décadas no setor da moda, treinando modelos para passarelas internacionais na Elite International. As pressões desse meio a levaram a buscar um novo caminho profissional.

A virada de chave veio quando trabalhou na Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro, no programa Bolsa Atleta. Ao conviver com paratletas e observar as dificuldades enfrentadas por eles na hora de se vestir, ela resolveu transformar essa dor em negócio.

“A gente não percebe quanto a moda pode ser um obstáculo até conviver com essas pessoas. Ver as dificuldades delas me fez pensar: o que eu posso fazer para mudar isso?”, diz.

Foram dois anos de pesquisa até chegar aos primeiros modelos adaptados. Louro estudou com fisioterapeutas e conviveu diretamente com pessoas com diferentes deficiências para entender suas necessidades reais. Em 2013, fundou a Equal, empresa que desenvolve roupas que combinam funcionalidade e estilo, um segmento ainda pouco explorado no Brasil.

Primeira coleção e desafios iniciais

O lançamento do primeiro uniforme paralímpico adaptado do mundo, em 2015, marcou o início da Equal. As peças tinham etiquetas em braille, fechos magnéticos e modelagens específicas para diferentes tipos de deficiência, o que ajudou a consolidar a credibilidade da marca.

A produção, no entanto, encontrou barreiras. Muitas confecções recusaram fabricar as roupas, alegando que o design “não era atraente”. Silvana insistiu e contou com o apoio de profissionais que acreditaram no projeto desde o começo.

“Ainda precisamos mudar a mentalidade do mercado e mostrar que a moda adaptada não é um favor, mas um direito. Cada peça desenvolvida representa mais autonomia e autoestima para quem veste”, afirma Louro.

Em 2019, a marca deu um salto ao apresentar sua ideia a Rony Meisler, fundador da Reserva. Dois anos depois, surgiu a collab Reserva Adapte + Equal, primeira coleção adaptada produzida por uma grande marca de moda no Brasil. A parceria aumentou a visibilidade da moda inclusiva, resultando em:

  • Adaptação de lojas para garantir acessibilidade;
  • Treinamento de equipes para atender melhor clientes com deficiência;
  • Contratação de mais de 130 funcionários com deficiência na Reserva.
  • Atualmente, mais de 100 lojas da Reserva foram adaptadas para acessibilidade.

Expansão e novos projetos

Louro também firmou colaborações importantes com a ONU Mulheres, o Instituto Lojas Renner e artesãos com deficiência de diferentes regiões do Brasil. Em 2022, recebeu o prêmio Mulher de Negócios Sebrae, consolidando sua influência no setor.

Mesmo com tantas conquistas, Louro segue expandindo o impacto da Equal. Em 2024, lançou uma linha infantil adaptada e planeja novas coleções para ampliar ainda mais a oferta de roupas acessíveis. “Quero que minha produção seja 100% desenvolvida por pessoas com deficiência”, afirma.

Seu objetivo é claro: mudar a forma como a sociedade enxerga a moda e a inclusão. “Moda é identidade. Pessoas com deficiência também têm direito de se sentir bonitas e confortáveis”, conclui.

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