Wanda Grandi e Fabiano Zettel: gosto em comum pela moda athleisure, que une roupas de performance com visual mais casual (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 9 de junho de 2025 às 09h32.
Última atualização em 9 de junho de 2025 às 11h15.
A Moriah, gestora que reúne marcas como Desinchá e Oakberry, acaba de investir 7 milhões de reais na Rowa, marca de roupas esportivas que mistura conforto de academia com estética para o dia a dia.
O valor marca o início da participação do fundo na empresa e pode ser apenas a primeira de outras rodadas de aporte.
O investimento insere a Rowa num movimento mais amplo de crescimento no setor de bem-estar.
A moda athleisure, que une roupas de performance com visual mais casual, está no centro dessa onda, alimentada por mudanças de hábito pós-pandemia, mais foco em saúde e desejo de conforto também fora da academia.
A história da Rowa começa em 2021, mas o ponto de virada acontece agora. Com o capital da Moriah, a marca planeja escalar sua operação, lançar uma linha masculina e abrir ao menos oito novas lojas físicas.
“Com os ativos a que vamos ter acesso, faremos em 2025 o que havíamos planejado fazer até 2027”, afirma Grandi.
Os planos incluem ainda aumentar a presença em lojas multimarcas, sair de 60 para 500 pontos de venda, reforçar o time, investir em marketing e inaugurar um showroom com estúdio de pilates em São Paulo.
“A Moriah veio no momento certo, pelo conhecimento e a experiência que têm no varejo”, diz Grandi.
Antes de criar a Rowa, Wanda Grandi foi atleta de nado sincronizado e jornalista esportiva.
Apresentou o programa Sem Destino, no canal Multishow, e passou quatro anos no Canal Combate, onde entrevistava atletas e cobria bastidores do esporte. Corria, praticava yoga e foi patrocinada pela Nike.
A inspiração para empreender veio em 2017, durante uma temporada em Miami. Lá, ela observou um padrão comum: mulheres circulando o dia inteiro com roupas de academia.
O conforto e a estética das peças chamaram sua atenção. Grandi sentia falta de algo parecido no Brasil, especialmente em termos de tecido e modelagem. “Era como vestir uma manteiga”, diz Grandi.
Durante a gravidez da filha, decidiu criar uma marca própria. Em abril de 2021, nasceu a Rowa — no mesmo mês em que nasceu sua filha Estrella. “As duas são minhas filhas”, afirma Grandi.
O propósito da marca era claro: oferecer uma roupa técnica, bonita e prática, que transita do treino para a escola dos filhos, para o shopping ou um jantar.
No começo, a produção era nacional. Mas Grandi não encontrava no Brasil tecidos com a qualidade que buscava. Assim, ela foi atrás de fornecedores na Ásia e passou a importar as peças. “Queria que a pessoa vestisse e dissesse: ‘Uau, que caimento é esse?’”, diz Grandi.
A virada no negócio veio com a abertura da primeira loja física, nos Jardins, em São Paulo. “No digital a pessoa não sente o produto”, afirma Grandi.
Hoje, são quatro lojas próprias em São Paulo e uma franquia em Brasília. O modelo digital ainda existe, mas a experiência física virou uma peça central na estratégia da marca.
A Moriah chegou até a Rowa por meio de uma conexão entre amigos. O fundo foi criado em 2019 por Fabiano Zettel, ex-advogado e professor de direito empresarial que trocou o terno por bermuda e camiseta após 25 anos de carreira no mundo jurídico.
Desde então, decidiu apostar em um segmento onde pudesse consumir o que investe.
Zettel tem uma regra clara: só aplica dinheiro em marcas nas quais acredita como cliente. “Hoje eu uso tudo que as marcas da Moriah produzem. Se o produto não me convence, não tem conversa. Eu preciso acreditar”, afirma Zettel.
Com capital próprio, a Moriah tem liberdade para se envolver no dia a dia das operações — algo que Zettel faz questão de manter.
Ele visita fábricas, acompanha testes de sabor, compra no e-commerce das investidas e analisa embalagem. “Eu participo mesmo. Não invisto para ficar no escritório olhando planilha”, diz Zettel.
No portfólio da gestora estão marcas como Desinchá, Oakberry, Les Cinq, Frutaria São Paulo, Push & Pow, entre outras.
Somadas, elas já se aproximam de 2 bilhões de reais em valor de mercado, com cerca de 300 milhões de reais investidos até agora.
No caso da Rowa, ele buscava uma marca feminina de roupa que tivesse padrão internacional.
“Estávamos atrás de qualidade e materiais que colocassem a empresa em condições de competir com as maiores do mercado brasileiro e mundial. Encontramos tudo isso na Rowa”, afirma Zettel.
A decisão foi rápida. “Levamos 15 minutos para fechar”, diz Zettel. Mais do que o produto, a sinergia entre sócios foi o que pesou.
Zettel se descreve como um investidor presente, que testa os produtos e participa das decisões de paleta de cores e até da posição da logo nas peças. “O chique é o discreto”, afirma Zettel.
Uma das principais novidades após o aporte será o lançamento da linha masculina. Zettel via isso como uma lacuna no mercado. Sentia falta de roupas atléticas discretas, bem cortadas e confortáveis. A nova coleção deve sair ainda este ano.
A aposta será em peças básicas — calças, bermudas e camisetas em cores como azul escuro, cinza e branco — com os mesmos tecidos leves e tecnológicos que hoje são usados na linha feminina. “É uma linha mais simples de montar, mas com enorme potencial”, afirma Zettel.
A entrada da Moriah marca uma nova fase para a Rowa. A marca cresceu sete vezes entre 2023 e 2024. Com o novo sócio, a meta é repetir o feito nos próximos dois anos, crescendo de duas a três vezes ao ano em vendas e estrutura.
Além da linha masculina, a marca quer aumentar sua presença digital, expandir o programa de fidelidade, fechar contratos de licenciamento e preparar a internacionalização da marca a partir de 2026.
“Hoje já usamos uma plataforma de e-commerce canadense. Se a gente quisesse virar a chave e distribuir nos Estados Unidos, estaríamos prontos. Mas ainda não é o momento”, diz Grandi.
Com o reforço de capital, a Rowa passa a integrar um ecossistema de mais de 25 empresas da Moriah. A marca deve marcar presença em eventos esportivos, academias e espaços voltados à saúde, mas sem perder o foco no que a fez crescer: qualidade do tecido, modelagem e versatilidade.