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Faturamento das PMEs recua 1,2% no primeiro trimestre, pior resultado em quatro anos 

Industrial e Infraestrutura tiveram pior desempenho neste início de ano, indica o índice IODE-PMEs

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 28 de abril de 2025 às 07h55.

O ano de 2025 começou com um cenário desafiador para as pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras. O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) registrou uma retração de 1,2% no faturamento das PMEs no primeiro trimestre de 2025, comparado ao mesmo período de 2024. Esse desempenho reflete o pior resultado desde o último trimestre de 2021, sendo ainda mais acentuado em relação ao quarto trimestre de 2024, quando a queda foi de 1,5%.

Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, aponta que essa perda de fôlego já vinha sendo observada desde o final de 2024, com o cenário macroeconômico mais adverso. "Embora os rendimentos reais do trabalho, principal fonte de renda das famílias, continuem crescendo, as incertezas fiscais e a alta das taxas de juros têm pressionado o poder de compra e as expectativas de consumo", explica Beraldi. O aumento da taxa de juros, somado às incertezas fiscais internas e à instabilidade externa, tem prejudicado os planos de crescimento das PMEs.

Setores em queda e o destaque do comércio

Entre os setores analisados, a indústria e a infraestrutura foram os mais afetados. O setor industrial teve uma queda de 5,8% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, com uma perda disseminada entre 15 dos 23 subsetores monitorados, incluindo áreas como fabricação de produtos de metal e madeira.

Já o setor de infraestrutura apresentou retração de 3,3%, após um crescimento de 9,7% no final de 2024, com atividades como construção de edifícios e serviços especializados para a construção registrando perdas significativas.

Por outro lado, o comércio foi o único setor a registrar crescimento no primeiro trimestre de 2025. O faturamento das PMEs no comércio cresceu 7,9%, impulsionado principalmente pelo desempenho do comércio atacadista, que teve um aumento de 10,2%.

Atividades como "Comércio atacadista de bebidas" e "Comércio atacadista de resíduos de papel e papelão" se destacaram positivamente. No entanto, o varejo enfrentou uma leve retração de 1,3%, após um período de recuperação no segundo semestre de 2024.

Impactos das taxas de juros e da confiança do consumidor

O enfraquecimento da confiança do consumidor, que caiu 7,6% entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, também tem contribuído para a desaceleração econômica. Esse índice reflete principalmente a piora nas expectativas dos consumidores em relação à economia. Para as PMEs, a falta de confiança dos consumidores resulta em um menor ímpeto de compra, dificultando a recuperação de muitos negócios.

No setor de serviços, que é o maior mercado das PMEs, o faturamento se manteve praticamente estável, com recuo de 0,2%. O setor tem sido impactado por uma desaceleração nas atividades que estavam em alta em 2024, como serviços de alimentação e atividades profissionais, científicas e técnicas.

No entanto, algumas áreas como "Informação e comunicação" e "Transporte e Armazenagem" registraram crescimento, contribuindo para suavizar o impacto negativo.

Desempenho regional

O cenário também se mostra desigual entre as regiões do Brasil. O Sudeste e o Centro-Oeste foram as únicas regiões que apresentaram crescimento no primeiro trimestre de 2025, com aumentos de 0,6% e 2,5%, respectivamente. O Norte e o Nordeste registraram quedas expressivas de 10,4% e 3,5%, respectivamente, enquanto o Sul teve uma retração de 3,5%. Essa heterogeneidade regional destaca as diferentes realidades enfrentadas pelas PMEs em diversas partes do país.

Expectativas para 2025

Apesar das dificuldades enfrentadas, Beraldi acredita que o crescimento das PMEs no Brasil deverá se alinhar com as projeções gerais para o PIB, que indicam um crescimento de cerca de 2% para 2025. "Embora o cenário seja mais desafiador, as PMEs deverão crescer de forma mais moderada, alinhadas às expectativas para a economia como um todo", avalia o economista.

Esse desempenho reflete as dificuldades das pequenas e médias empresas em um ambiente macroeconômico instável, com aumento das taxas de juros e incertezas fiscais. Contudo, a resiliência de setores como o comércio e a adaptação de algumas áreas do setor de serviços oferecem sinais de que, apesar das adversidades, há espaço para recuperação.

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