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Gigantes do varejo faturaram R$ 1,3 trilhão em 2024

As maiores varejistas do país ampliaram receita no último ano, mas regionalidade ainda marca o varejo brasileiro, mostra estudo

Alberto Serrentino, cofundador do Instituto Retail Think Tank: “Mais companhias estão se tornando relevantes, mas o Brasil ainda é um país de consumo regionalizado” (Leandro Fonseca/Exame)

Alberto Serrentino, cofundador do Instituto Retail Think Tank: “Mais companhias estão se tornando relevantes, mas o Brasil ainda é um país de consumo regionalizado” (Leandro Fonseca/Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 26 de agosto de 2025 às 07h05.

Última atualização em 26 de agosto de 2025 às 09h52.

O varejo brasileiro movimentou R$ 1,3 trilhão em 2024, segundo o Instituto Retail Think Tank (IRTT), que dá continuidade aos estudos iniciados pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

Embora seja um dos mercados menos concentrados do mundo, as grandes empresas vêm ganhando espaço. “Mais companhias estão se tornando relevantes, mas o Brasil ainda é um país de consumo regionalizado”, afirma o consultor Alberto Serrentino.

Entre as dez maiores, aparecem Carrefour, Assaí, Magazine Luiza, RD Saúde, Grupo Boticário, Casas Bahia, Grupo Mateus, Amazon, Americanas e Supermercados BH. Juntas, elas respondem por 36,5% das vendas do setor.

Entre todas as empresas do ranking, 47,7% das empresas da lista atuam em apenas um estado, e apenas 7,7% estão presentes em quatro a cinco estados.

“Não é correto dizer que o varejo brasileiro está se tornando concentrado. O que temos é um movimento de mais empresas crescendo e atingindo relevância, mas a diversidade regional permanece”, diz Serrentino.

A concentração também varia bastante entre os segmentos. Em supermercados, moda, drogarias e material de construção, a fatia das líderes não ultrapassa 37,7% das vendas.

A exceção está no setor de eletromóveis, em que a concentração saltou de 42,4% em 2014 para 71,9% em 2024. A crise econômica de 2015 e o ciclo prolongado de juros altos ajudam a explicar essa dinâmica.

As maiores varejistas do país seguem crescendo acima do mercado, mas a diferença de ritmo diminuiu. Considerando a mesma base de empresas, a expansão foi de 9,6% em 2024, contra 8,2% do varejo em geral, segundo o IBGE.

A saúde financeira das gigantes

Das 300 empresas do ranking, apenas 58 são de capital aberto ou sociedades anônimas com dados financeiros disponíveis. Em 2024, a maior parte conseguiu elevar o Ebitda, mas esse ganho não se refletiu em aumento do lucro líquido.

Um ponto positivo foi a redução da alavancagem. Entre as 41 companhias que compartilharam dados, 23 diminuíram seus índices de endividamento, dando continuidade a um processo de ajuste que já dura três anos.

“O desafio do varejo é pilotar negócios de baixa margem que exigem forte estrutura de capital, o que pressiona os resultados e faz com que muitas empresas priorizem a redução de dívidas em vez de ampliar investimentos”, avalia Serrentino.

O número de companhias que atingem o primeiro bilhão de receita também nunca foi tão alto. Hoje, 200 das 300 empresas da lista já faturam mais de R$ 1 bilhão por ano; 53 superam os R$ 5 bilhões; e 26 têm receita acima dos R$ 10 bilhões.

Físico x online

Apesar da digitalização crescente, as lojas físicas continuam em expansão. Em 2024, a rede das 300 maiores cresceu 4,3%, com a abertura de quase 3.000 pontos de venda. No total, o grupo mantém mais de 80.000 lojas espalhadas pelo país.

No comércio eletrônico, o Magazine Luiza segue na dianteira, com R$ 27,5 bilhões em vendas, à frente de Amazon e Carrefour.

Quando o recorte é marketplace, porém, o domínio é do Mercado Livre, que movimentou mais de R$ 138 bilhões em 2024. Na sequência, aparecem Magalu, Shopee, Amazon e Casas Bahia, que completam o grupo das cinco maiores plataformas.

Quem domina as vendas

Os supermercados e as farmácias seguem como os grandes protagonistas. Juntos, concentram 65,8% das vendas do varejo brasileiro — essa fatia era de 57% em 2014. Já os setores de não alimentos, como moda e eletromóveis, perderam espaço: caíram de 39,1% para 30,3% em dez anos.

“É uma característica de países em desenvolvimento, em que a base de consumidores de renda média baixa é altamente sensível à inflação e aos juros”, explica Serrentino.

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