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Guerra do império do frango frito: duas marcas disputam o mesmo nome — até o presidente se envolveu

Rede colombiana de fast food trava disputa judicial com empresa espanhola pelo uso da marca Frisby; caso viralizou nas redes e reacendeu debate sobre proteção internacional de marcas

Frisby da Colômbia: rede colombiana já fatura mais de 1 bilhão de reais e passa de 200 lojas (Raul Arboleda/AFP)

Frisby da Colômbia: rede colombiana já fatura mais de 1 bilhão de reais e passa de 200 lojas (Raul Arboleda/AFP)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 15 de maio de 2025 às 09h24.

 

Uma briga internacional por propriedade intelectual de uma marca de frango frito acendeu um debate entre consumidores e reacendeu antigos ressentimentos coloniais.

No centro da disputa está uma marca com sabor de infância e um nome que virou símbolo de identidade nacional na Colômbia: Frisby.

A rede colombiana de fast food, fundada em 1977 em Pereira, opera hoje cerca de 280 unidades e faturou mais de 200 milhões de dólares em 2023 -- valor que passa do 1 bilhão de reais.

Mas agora a empresa precisa lidar com um adversário inesperado: uma homônima espanhola, registrada como Frisby España SL, que passou a usar o nome na Europa.

O caso veio à tona depois que a companhia colombiana acusou publicamente a empresa espanhola de uso indevido da marca. Frisby registrou sua marca na União Europeia em 2005, mas alega que só recentemente descobriu o uso comercial na Espanha. Do outro lado, a empresa espanhola sustenta que os colombianos perderam os direitos por não terem explorado o nome no mercado europeu. A União Europeia, no entanto, já decidiu a favor da Frisby Colômbia.

"Não é só uma marca. É parte da nossa cultura", afirma um porta-voz da empresa, que viu a mobilização espontânea nas redes transformar o caso em uma espécie de cruzada nacional.

Nos bastidores, o time jurídico da Frisby trabalha para ampliar a proteção da marca em outros países. O objetivo agora é evitar novos episódios de apropriação e garantir a expansão internacional da empresa em segurança.

Como ele construiu um império, dobrou a fortuna em um ano e chegou a U$ 17 bilhões com frango frito

Como a disputa virou uma batalha nacional

A reação na Colômbia foi imediata.

O ex-presidente Álvaro Uribe postou uma foto comendo na Frisby e declarou: "Na barriga, Frisby é o original".

A Marinha colombiana também entrou na brincadeira: “Vocês são tão colombianos quanto o azul que protegemos”, dizia a legenda de uma imagem com um militar abraçando o mascote da marca — um frango dançante de boné vermelho.

A hashtag #FrisbyOriginal ganhou força, impulsionada por outras marcas locais como Alpina, Qbano e até a rival KFC Colômbia, que declararam apoio público à rede.

O meme mais compartilhado perguntava: “Primeiro o ouro, agora o frango?”.

O que está em jogo

Apesar do tom bem-humorado nas redes, o caso escancara um desafio real: como marcas fortes em mercados locais podem se proteger em escala global.

A situação da Frisby serve como alerta para empresas latino-americanas que planejam expandir suas operações para fora do continente.

A disputa é especialmente relevante na Espanha, terceiro país com maior população colombiana no mundo — mais de 578.000 residentes, segundo dados oficiais.

Um mercado com laços culturais e econômicos que facilita a exportação de marcas, mas também aumenta os riscos de conflitos como este.

A força de uma marca com identidade

Para a Frisby, a disputa virou uma campanha espontânea de branding. O mascote virou símbolo de resistência. “Vocês iriam à guerra com a Espanha pelo frango Frisby? Eu iria sem pensar”, escreveu um usuário.

O episódio mostra o poder emocional das marcas locais e como elas ultrapassam a lógica de consumo para se tornarem parte da cultura. Agora, a Frisby busca transformar a polêmica em vantagem, ampliando sua visibilidade e reforçando sua identidade diante do mundo.

 

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