Eduardo Rocha, CEO e fundador do Klubi: startup já levantou R$ 120 milhões em capital (Klubi/Divulgação)
Repórter
Publicado em 5 de setembro de 2025 às 05h53.
Última atualização em 5 de setembro de 2025 às 10h19.
Comprar um celular ou moto nunca esteve tão caro. O preço médio dos smartphones subiu 88% entre 2024 e 2025, segundo estudo da IDC. Em sites de venda de veículos usados, a tradicional Honda CG pode chegar a custar entre R$ 13 mil e R$ 20 mil. Financiar pode ser a solução, mas acaba sendo um obstáculo para quem não tem histórico financeiro.
É aí que fintechs como a Klubi entram para digitalizar e democratizar o acesso ao consórcio, um modelo de compra em que um grupo de pessoas se reúne para adquirir um bem de forma parcelada. Cada participante paga mensalidades, e, periodicamente, um ou mais são sorteados para receber o crédito necessário para a compra do produto desejado. Caso não seja sorteado, o participante pode dar lances para antecipar a contemplação.
Em 2025, a fintech reportou uma carteira de mais de R$ 2 bilhões e espera faturar R$ 100 milhões até o final do ano. Atualmente, conta com 70 mil membros ativos, tendo alcançado um crescimento de 20% em relação ao mesmo período de 2024.
As vendas entre janeiro e julho de 2025 chegaram a R$ 1,5 bilhão, um crescimento de 268% em comparação ao ano anterior. A receita futura, que corresponde à taxa a ser capturada, cresceu quatro vezes ano contra ano, atingindo R$ 334 milhões até julho.
A história da Klubi começa com o paulista Eduardo Rocha, um empreendedor com mais de 15 anos de experiência no setor financeiro e em tecnologia. Antes de fundar a fintech, Rocha foi sócio de uma consultoria de gestão e CEO da Rodobens, de consórcio de imóveis, onde se aproximou do setor.
"O consórcio no Brasil sempre foi um mercado muito fechado, com poucos players dominando, e muitos clientes não conseguiam acesso devido à burocracia e à falta de flexibilidade", diz Rocha.
Por aqui, o mercado de consórcios é um dos mais tradicionais, mas também um dos menos compreendidos. No ano passado, a originação total foi de aproximadamente R$ 400 bilhões, e o crescimento atual é de 30% em relação ao ano anterior.
Movimentando bilhões de reais por ano, a indústria sempre foi historicamente dominada por grandes bancos. Por isso, permanece até hoje com métodos engessados, pouco transparentes e com foco na venda, e não no cliente.
Foi esse cenário que levou a criação da Klubi. Fundada em 2019 e autorizada a operar como administradora em 2021, a startup quer oferecer uma alternativa digital para adquirir bens de consumo – como celulares, motos e até imóveis – para as novas gerações, que buscam mais e mais investir de forma descomplicada. "Sem taxas escondidas e sem burocracia", diz o CEO.
Rocha trouxe Paulo Vellas (da 99) e Guilherme Bonifácio (do iFood) como investidores-anjo em 2019. Nos primeiros dois anos, operava com uma plataforma que originava crédito e direcionava para administradoras já existentes.
Quando recebeu a autorização do Banco Central, apostou primeiro no segmento de automóveis. A rodada seed veio logo depois. No valor de R$ 32,5 milhões, trouxe Elie Horn (Cyrela) e a Vivo Ventures.
A última captação foi no final de 2024 e levantou R$ 50 milhões, usado principalmente no desenvolvimento da categoria de imóveis. Lançada em janeiro, a estratégia de imóveis gerou R$ 120 milhões em originação no primeiro mês e mais de R$ 700 milhões em 6 meses.
No total, a Klubi já levantou R$ 120 milhões em capital.
Assistente virtual da Klubi, a Kris é um exemplo de como a empresa está apostando em tecnologia (e, principalmente, inteligência artificial) para se destacar no setor.
A IA realiza mais de 90 mil negociações de venda via texto e 20 mil via voz por mês, com mais de 90% das vendas realizadas sem intervenção humana. Isso garante um atendimento rápido e eficiente, com 82% de first-call-resolution – ou seja, a grande maioria das questões é resolvida no primeiro contato com o cliente.
"Nossa tecnologia não apenas reduz custos, mas também melhora a experiência de nossos clientes, fazendo com que a adesão ao consórcio seja muito mais simples", explica Rocha. Isso também faz com que a idade média de clientes seja muito menor do que a média do mercado: 33 anos, ante 50.
No setor de celulares, por exemplo, a Klubi tem atraído uma grande demanda por consórcios de iPhones e outros smartphones caros. "80% dos nossos leads chegam à Klubi buscando consórcios para celulares. A Apple, sem dúvida, é a marca mais procurada, principalmente pelos jovens", explica Rocha.
No mercado de eletroeletrônicos, que totalizou pouco menos de R$ 1 bilhão em originação no ano passado, a Klubi foi responsável por R$ 600 milhões desse montante em celular, segundo a startup.
Rocha projeta que, em apenas três anos, a empresa alcance R$ 10 bilhões em carteira. "Queremos continuar escalando nosso modelo e, com isso, alcançar novos mercados e públicos", afirma o fundador.