Negócios

Laboratório Bristol fecha fábrica no Brasil

Decisão faz parte da estratégia da empresa norte-americana de focar em medicamentos biotecnológicos

Sede da Bristol em Nova Jersey: empresa foi considerada a melhor do setor farmacêutico no Brasil entre 1993 e 1999, segundo Melhores e Maiores, de EXAME (.)

Sede da Bristol em Nova Jersey: empresa foi considerada a melhor do setor farmacêutico no Brasil entre 1993 e 1999, segundo Melhores e Maiores, de EXAME (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

São Paulo - No próximo dia 13 de dezembro, o laboratório americano Bristol-Myers Squibb, que está no Brasil há mais de 50 anos, fechará sua fábrica no bairro Santo Amaro, zona sul da cidade de São Paulo. É a única fábrica da empresa no país, e emprega hoje 230 pessoas, que foram avisadas sobre o fim da operação no mês passado.

O fechamento da unidade, que há cerca de dez anos operava em três turnos com 1 200 funcionários, está relacionado a uma guinada na estratégia mundial do laboratório. A Bristol já esteve entre as maiores empresas farmacêuticas do mundo. Desde 2007, porém, seus executivos nos Estados Unidos perceberam que, para ficar entre os líderes, o laboratório teria de entrar na briga de foice das fusões e aquisições.

A outra opção era trilhar um caminho diferente: o de se tornar uma empresa de medicamentos biotecnológicos, mas de porte médio. Escolheu a segunda opção e, desde então, 15 fábricas da empresa no mundo foram fechadas. A brasileira será a 16ª e, segundo Silvia Sfeir, diretora de assuntos corporativos e relações governamentais da Bristol, entrou no pacote porque é muito antiga, e exigiria muitos investimentos para estar apta a produzir os medicamentos biotecnológicos que agora são alvo da empresa. A Bristol ainda tem outras 18 fábricas espalhadas pelo mundo e, em outubro do ano passado, inaugurou mais uma em Denver, no estado americano do Colorado. É a fábrica mais moderna da empresa e foi resultado de um investimento de 750 milhões de dólares.

A fábrica brasileira já vinha operando com muita ociosidade há algum tempo. A situação se agravou há cerca de um ano, quando a Mead Johnson, empresa que já pertenceu à Bristol, deixou de usá-la para produzir itens como o suplemento alimentar Sustagen. Saem da fábrica medicamentos OTC (que dispensam receita médica), como o antigripal Naldecon e o antigases Luftal. Ainda assim, a sua taxa de ociosidade está oscilando entre 70% e 80%. Com o fechamento, esses e outros produtos passarão a ser importados do México. "O fim da fábrica não significa que não estamos apostando no Brasil", diz Silvia.

Segundo ela, a empresa quer faturar 750 milhões de reais no Brasil até 2015. No ano passado, de acordo com Melhores e Maiores, de EXAME, a Bristol obteve uma receita de 365,3 milhões de reais - um crescimento de 3,1% em relação ao ano anterior. Em 2008, porém, não houve crescimento. A idéia da Bristol é crescer com os OTCs - que hoje representam 25% do faturamento no país - e com os "biofármacos".

Para executivos que trabalharam na empresa no passado, o fechamento da fábrica, ainda que justificado pela mudança de estratégia, é um fato lamentável. "A empresa já foi líder de mercado e modelo para o setor, e a notícia do fechamento da fábrica é sempre algo difícil de ouvir", diz um ex-diretor comercial do laboratório. De 1993 a 1999, a Bristol foi eleita pela publicação Melhores e Maiores como a melhor empresa do setor farmacêutico no país.

Leia mais notícias sobre desempenho

Siga mais notícias do site EXAME sobre Negócios no Twitter

Acompanhe tudo sobre:América Latinagestao-de-negociosDados de BrasilFarmáciasEstratégiaSetor farmacêutico

Mais de Negócios

Bosch expande parceria com Alibaba para acelerar digitalização e expandir e-commerce global

Com 5 Super Bowls, esse é o time com maior valor de mercado da NFL

Como uma empresa da Serra Gaúcha desenvolve produtos hospitalares de olho na segurança nacional

Quais são as maiores empresas de alimentação do Brasil? Veja quanto eles faturam