Negócios

Lexter.ai capta R$ 16 milhões para popularizar uso de IA nos escritórios de advocacia

A rodada de investimento foi liderada pela Alexia Ventures

Sócios da Lexter.ai: "Queremos ter uma base de 20.000 usuários até o fim do ano" (Lexter.ai/Divulgação)

Sócios da Lexter.ai: "Queremos ter uma base de 20.000 usuários até o fim do ano" (Lexter.ai/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 3 de abril de 2024 às 07h55.

Última atualização em 9 de abril de 2024 às 16h15.

O ‘bicho’ da inteligência artificial picou os sócios da Lexter.ai antes do boom provocado pela OpenAI e o seu ChatGPT. A startup está no mercado desde 2020 e acaba de receber um aporte de R$ 16 milhões.

A rodada série A foi liderada pela Alexia Ventures e recebeu a participação de Grão VC, Canary e Endeavor Scale Up. O dinheiro será usado para levar a tecnologia de IA a mais escritórios de advocacia pelo país, a partir de um modelo freemium, que oferece funcionalidades gratuitas e outras, mais complexas, pagas.

Desde a explosão da IA generativa, a Lexter está transformando o seu modelo de negócio. Na origem, a IA da startup era mais básica e permitia apenas a interpretação de textos, como grifos e classificação de termos em contratos. 

“Com essa limitação de tecnologia, o que nós conseguíamos fazer era entregar um produto de análises de contrato que serviu muito no campo de due diligence para fusões e aquisições”, afirma Pedro Jahara, CEO e cofundador da Lexter. 

Foi assim que a startup conquistou grandes clientes como os escritórios Demarest, BMA Advogados, Cescon Barrieu, TozziniFreire e Lobo De Rizzo. Até pelo serviço ofertado, o modelo de negócios dialogava com casas de advocacia e empresas maiores.

Como a Lexter.ai está transformando seu modelo de negócio

Há pouco mais de um ano, essa é uma realidade que tem mudado na startup que reúne ainda os sócios Guilherme Delai, Pedro Calderón, Lucas Kawazoi, Daniela Labella e Jean Peguim.

Quer dicas para decolar o seu negócio? Receba informações exclusivas de empreendedorismo diretamente no seu WhatsApp. Participe já do canal EXAME Empreenda

A partir de um combinação com LLMs -  as ferramentas que carregam grandes volume de dados como a ChatpGPT, a Gemini, do Google, e Claude, da Amazon -, a Lexter.ai oferece uma plataforma proprietária, treinada internamente e ao longo dos últimos anos, para interagir com mais problemas do dia a dia dos advogados.

O produto foi criado por um time de 35 pessoas, entre profissionais de tecnologia e advogados, responsáveis por atualizar a ferramenta com leis e regramentos mais modernos do país. 

Como funciona a operação da Lexter.ai

“O nosso assistente consegue não só ler, mas escrever um documento jurídico, petição. Dado um contexto, faz uma fundamentação jurídica para um processo e desenha a estratégia que o advogado pode seguir”, afirma Jahara. 

De acordo com o empreendedor, a ideia do serviço não é eliminar a figura dos advogados, um temor no mercado. Uma pesquisa da Mckinsey divulgada recentemente mostrou que 44% das atividades jurídicas poderiam ser automatizadas por IA.  

“Nós não acreditamos que a tecnologia escreverá uma peça que o advogado possa enviar para o  judiciário. Estamos dando um rascunho para que ele revise, analise e chegue ao resultado final”, diz. 

Os principais usos do serviços estão voltados:

  •  às diligências, analisando as documentações dos processos
  • Elaboração de documentos, como petição inicial e contestação judicial

Na prática do dia a dia, a solução garante economia de tempo na elaboração das peças. Em alguns casos, de acordo com números da startup, a produtividade pode aumentar em até 50%.

De onde veio a ideia da startup

Este é um dos objetivos que Jahara persegue há bastante tempo. Ele está na sua terceira startup - antes, criou a RevMob, de anúncios mobile, em 2013, e Beluga, em 2015, de detecção de anomalias em e-commerce usando IA. Na primeira, fez uma saída; a segunda, ele fechou por não estar satisfeito com os rumos no negócio.

Foi ao longo do processso, porém, que brotou o interesse por dados e aprendizado de linguagem natural (PLN). Convidado a trabalhar na Letrus, startup que IA para melhorar os processos de leitura e escrita de alunos de escolas públicas e privadas, ele recordou do sofrimento que tinha quando empreendedor com processos jurídicos e os respectivos custos atrelados aos serviços.

Chamou o amigo Jean Peguim, advogado de formação, para uma conversa. Estavam prontas as bases para a criação da Lexter, que até agora tinha recebido US$ 1,5 milhão - 7,5 milhões de reais - de nomes como o fundo americano Y Combinator.    

Como a Lexter.ai vai empregar os novos recursos

O próximo passo da startup é adicionar mais funcionalidades ao produto para garantir uma presença diária na vida dos advogados. Até por isso, o empreendedor considera este semestre como um período de “estruturação”.

“O objetivo é criar um produto realmente que o usuário consiga utilizar todo dia, ou seja, maximizar a retenção, para investimentos em aquisição de usuários no segundo semestre”, diz. A startup tem uma base de 1000 usuários, número que pretende elevar para 20.000 até o final do ano - e chegar a 3.500 pagantes.

A aposta é abrir os canais de diálogo com pequenos escritórios de advocacia, com até 10 profissionais, que, via de regra, são os mais atrasados na adoção tecnológica e os que mais se beneficiariam dos recursos. No universo jurídico, são também ainda a maior base.  

O modelo freemium, com camadas gratuitas e funcionalidades pagas, entra como estratégia de base para captar esse público. Além disso, a startup está lançando planos a partir de R$ 99 para atrair os novos clientes, valor bem diferente dos R$ 5.000 cobrados anteriormente.  

A aproximação também se dará pela educação destes profissionais sobre os benefícios da adoção das novas tecnologias. Neste sentido, a Lexter prepara o lançamento de um instituto, previsto para maio, a partir do qual irá produzir conteúdos, eventos e construir parcerias com universidades para romper com mitos e eventuais barreiras.

Em 2023, a startup teve um crescimento de receita de 300% em relação ao ano anterior. Com as novas movimentações, a projeção agora chega a 9 vezes. As IAs jurídicas terão que estudar muitos processos.  

Clique aqui para inscrever sua empresa no ranking EXAME Negócios em Expansão 2024

Acompanhe tudo sobre:StartupsInteligência artificialexame-ceo

Mais de Negócios

Com 5 Super Bowls, esse é o time com maior valor de mercado da NFL

Como uma empresa da Serra Gaúcha desenvolve produtos hospitalares de olho na segurança nacional

Quais são as maiores empresas de alimentação do Brasil? Veja quanto eles faturam

Qual era a fortuna de Giorgio Armani? Bilionário morreu nesta quinta-feira, 4