Magda Chambriard, presidente da Petrobras: “A exploração de hoje financia a energia de amanhã" (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 11h19.
Última atualização em 20 de agosto de 2025 às 12h34.
A bacia da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá, é hoje uma das prioridades da Petrobras. A empresa aguarda a autorização do Ibama para dar início ao exercício pré-operacional que antecede a licença de perfuração. A expectativa, segundo a presidente Magda Chambriard, é que essa etapa seja concluída nos próximos dias, abrindo caminho para a exploração em águas ultraprofundas na região.
“Estamos falando de uma área a 540 quilômetros da Ilha de Marajó e 185 quilômetros do Oiapoque, em lâmina d’água superior a 2 mil metros. Não tem nada a ver com a foz do rio ou com a ilha, mas sim com águas ultraprofundas, como já fazemos em outras regiões. É importante relativizar as preocupações”, afirmou a executiva em entrevista ao podcast De Frente com CEO, da EXAME.
A previsão é de que o projeto avance já na próxima semana, afirma a presidente.
“A nossa expectativa é que na semana que vem a gente já tenha autorização para o exercício pré-operacional que precede a licença e é requisito para a licença. Esse exercício deve gastar uns três, quatro dias, depois o Ibama analisa o que foi entregue. Se não tiver nenhuma demanda adicional, já estaríamos na direção da obtenção da licença para a perfuração propriamente dita.”
Com exclusividade à EXAME, Magda Chambriard, presidente da Petrobras, falou sobre a carreira e os planos para a maior empresa do Brasil. Veja a entrevista na íntegra no podcast "De frente com CEO".
Para a presidente Chambriard, a exploração na Foz do Amazonas não apenas é viável, como também essencial para o futuro da Petrobras e da matriz energética nacional. Os estudos da companhia indicam que a produção do pré-sal deve atingir o pico entre 2030 e 2032. A partir daí, será necessário contar com novas reservas para evitar um declínio abrupto.
“O esforço na margem equatorial é um complemento natural ao pré-sal. Se quisermos manter o patamar de produção e a relevância energética do Brasil nas próximas décadas, precisamos avançar nessas fronteiras”, afirma.
A presidente da Petrobras reconhece que a atividade no Foz do Amazonas é de alto risco, característica intrínseca da exploração em águas profundas, mas lembra que o potencial pode ser decisivo para o país.
“Quando lidamos com exploração, temos que ampliar a base para aumentar as chances de sucesso. A geologia da margem equatorial é semelhante à de áreas já exploradas com êxito, o que nos dá confiança”, diz.
A Petrobras também acompanha os movimentos internacionais. Recentemente, a britânica BP anunciou uma das maiores descobertas em 25 anos no pré-sal brasileiro.
“Como toda descoberta, ela ainda precisa ser avaliada, e essa avaliação é que vai ditar o potencial da jazida, se isso é comercial, se não é comercial. No momento, a descoberta da BP está em fase muito inicial, e eu desejo toda a sorte do mundo para a BP. Tomara que seja uma coisa bem grande, porque o Brasil merece.”
A perfuração no Amapá, segundo a presidente Chambriard, não contradiz os esforços da Petrobras em energia renovável. Pelo contrário, faz parte de uma estratégia de transição com adição energética, conceito defendido pela executiva.
“Estamos falando de um futuro que terá menos participação de fósseis, mas eles ainda serão relevantes nas próximas duas ou três décadas. Ao mesmo tempo, estamos investindo em etanol, biodiesel, eólica e solar. Não há nada de incongruente nisso: a exploração de hoje financia a energia de amanhã”, afirma.
Na visão da presidente, aumentar a produção de energia é um passo fundamental para o Brasil elevar seu índice de desenvolvimento humano.
“Quem consome mais energia no mundo também tem os maiores níveis de qualidade de vida. O Brasil precisa ampliar sua geração energética em todas as frentes, e a margem equatorial é parte dessa equação”, afirma a presidente da Petrobras.