Rosinei e Evilyn de Almeida, franqueadas da Anjos Colchões & Sofás: “Cada uma sabe seu papel. Foi isso que fez dar certo” (Divulgação/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 11 de maio de 2025 às 07h12.
Última atualização em 11 de maio de 2025 às 08h36.
Rosinei F. Almeida e Evilyn de Almeida são mãe e filha — e também sócias. Em 2020, as duas uniram forças para abrir uma loja da franquia Anjos Colchões & Sofás em Cuiabá. O que começou como uma aposta familiar virou uma operação com cinco unidades no Mato Grosso e quase 9 milhões de reais em faturamento.
Ao longo da jornada, enfrentaram decisões difíceis, aprenderam a dividir responsabilidades e a ajustar o convívio entre família e negócio. “A gente pensa diferente, discute, mas sempre resolve rápido. E confia uma na outra”, diz Evilyn. “Cada uma sabe seu papel. Foi isso que fez dar certo”, afirma Rosinei.
Esse tipo de iniciativa não é raro no Brasil. Segundo dados do IBGE, cerca de 90% das empresas no país têm perfil familiar e são responsáveis por 75% dos empregos. Em meio a um cenário econômico instável, negócios entre parentes têm ganhado espaço — principalmente no franchising, que oferece modelos com menor risco de entrada.
Rosinei e Evilyn começaram a empreender em plena pandemia. A mãe ainda estava empregada e conheceu a franquia por indicação de uma amiga. A oportunidade surgiu com o repasse da loja dessa amiga, o que viabilizou o início do negócio com um investimento mais acessível.
“Na época, não podia sair da empresa, então minha filha assumiu a operação. Dois meses depois, entrei de vez”, diz Rosinei. “Eu tinha medo de não dar certo, mas também pensava: e se der? Isso me dava paz.” Evilyn relembra: “Minha mãe sempre quis empreender. Quando surgiu a chance, eu incentivei. Disse que ela podia fazer o que quisesse.”
Quer ver sua empresa ne EXAME? Inscreva-se no ranking Negócios em Expansão. É gratuito!Elas precisaram se adaptar rápido. “As pessoas ainda estavam com medo de sair de casa. Começamos a vender pelo Instagram, fazer vídeos, atender por WhatsApp, ir até a casa do cliente. Não tinha mais como voltar”, conta Rosinei.
A expansão veio em ritmo acelerado. Oito meses depois da primeira loja, abriram a segunda unidade. “Fiz um cálculo e pensei: a loja vai se pagar. E, assim, aconteceu. Os resultados foram melhores que a primeira”, diz.
Em seguida vieram mais três unidades: duas em Cuiabá, uma em Juara e outra em Várzea Grande. “Tudo o que ganhávamos era reaplicado. Nosso crescimento foi com reinvestimento, controle de custo e sem depender de crédito. Cada nova unidade foi financiada pelo desempenho da anterior”, afirma Rosinei. A expectativa é chegar a 10 milhões de reais em faturamento em 2025.
Antes de virar empresária, Rosinei estudou Administração de Empresas e concluiu um MBA em Finanças, Controladoria e Auditoria.
“Sempre me preparei, mesmo sem saber quando usaria isso. Também tinha o principal: vivência. Já passei necessidade e não queria voltar a isso. Mas nunca tive preguiça de trabalhar. Isso me dava confiança", diz.
A estrutura da franqueadora também pesou na decisão. Fundada em 1990 no Paraná, a Anjos Colchões & Sofás tem mais de 300 lojas e presença em 24 estados, além de unidades no Uruguai e no Paraguai. O modelo exige investimento a partir de 450 mil reais, com faturamento médio estimado de 150 mil reais por mês por loja.
Trabalhar com família exige mais que alinhamento operacional. As duas reconhecem os conflitos. “O lado bom é que entregaria minha vida por ela. O difícil é separar a vida pessoal da profissional”, diz Rosinei. A convivência intensa nem sempre é simples. “Às vezes discordamos. Já discutimos sobre metas, contratações, formas de abordar o cliente. Mas sempre resolvemos rápido porque confiamos uma na outra”, afirma Evilyn.
A divisão de papéis foi essencial. Enquanto Evilyn cuida do dia a dia nas unidades de Cuiabá, a mãe administra a operação de Nova Mutum e responde pela área financeira. “Mesmo longe, a gente se fala o tempo todo. Temos reuniões semanais, alinhamos campanhas e decisões estratégicas juntas”, diz Evilyn.
Crescer exigiu disciplina e ajustes constantes. “No começo é tudo na raça. Para crescer, tivemos que aplicar praticamente tudo na empresa. Controlar cada gasto. Fazer o dever de casa”, diz Rosinei. Segundo ela, a lição mais importante foi entender o que podia delegar — e o que não.
“Sou exigente com atendimento. Quero que meus clientes recebam o melhor. Não dá para entregar um sofá e sumir. A experiência tem que ser completa”, afirma. Ela também destaca o papel do estudo contínuo e da troca com outros empresários. “Tem que saber o mercado, entender o cliente, conversar com quem já viveu o que você está vivendo.”
Para quem quer empreender em família, as regras são claras. “Uma empresa precisa de cuidado. Ao trabalhar com família, é preciso respeitar hierarquia e seguir regras. Sem isso, vira bagunça”, diz. Evilyn completa: “Tem que saber separar. E, principalmente, ouvir o outro. Quando há respeito, dá para crescer em família.”
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