Robôs discutem entre si: Butterfly Effect, Google e OpenAI são apenas algumas das competidoras no aquecido setor de IA generativa
Repórter
Publicado em 4 de junho de 2025 às 12h20.
Última atualização em 4 de junho de 2025 às 12h49.
Quando um projeto importante precisa ser concluído, com prazos apertados e várias tarefas a serem feitas, a chinesa Manus AI entra em cena. O usuário descreve o objetivo final – por exemplo, "analisar os dados financeiros do último trimestre e criar um relatório detalhado" – e a IA assume o controle.
Em minutos, o agente autônomo da Manus começa a vasculhar os dados, comparar indicadores-chave e gerar resultados. Gráficos são criados, resumos escritos, e até sugestões para melhorar os processos analisados surgem. A Manus não apenas cumpre a tarefa, mas a executa com eficiência, como um assistente inteligente, sem a necessidade de supervisão constante.
Agora, a Manus dá um passo além do setor de agentes autônomos e acaba de lançar uma nova ferramenta de vídeos gerados por IA, permitindo a criação de vídeos completos a partir de comandos de texto. O anúncio acontece semanas após o lançamento da ferramenta do Google, o Veo 3, que vem gerando grande repercussão nas redes sociais.
Criada pela startup Butterfly Effect, a Manus AI se tornou um destaque global desde o lançamento em março desse ano. Avaliada em US$ 500 milhões, ela funciona de forma similar ao ChatGPT, mas vai além, ajudando o usuário a criar relatórios, analisar dados e automatizar tarefas do dia a dia no trabalho, tudo de forma autônoma e sem a necessidade de intervenção constante.
A startup é um dos exemplos mais claros da ascensão da China no setor, onde empresas como a DeepSeek, também de origem chinesa, desafiam o domínio das gigantes do Vale do Silício com modelos de IA de baixo custo, mas com alto desempenho.
A Manus AI lança sua ferramenta de vídeos gerados por IA em um momento estratégico, justamente quando o Veo 3, do Google, tem dominado as conversas nas redes sociais. Essa ferramenta, que permite criar vídeos e áudios realistas, tem causado grande repercussão pela qualidade de suas produções, mas também pelo seu potencial para criar conteúdos enganadores.
Um vídeo de um "canguru de apoio emocional" impedido de embarcar em um avião, cenas da Bíblia encenadas como um vlog e até programas falsos de TV estão sendo gerados com prompts no Veo 3. Alguns são posteriormente editados em ferramentas como Adobe Premiere para ficarem ainda mais realistas. Para quem vê, fica a incerteza de como aquilo foi feito e até se existe alguma chance da imagem ser real.
Conhecidos como deepfakes, os vídeos são gerados por Redes Adversariais Generativas (GANs), sistemas que produzem imagens e sons altamente realistas. Apesar dos exemplos lúdicos, os deepfakes representam um risco crescente, pois podem ser usados para criar fraudes financeiras, difamação e engano. Em um caso emblemático, um funcionário financeiro de Hong Kong perdeu US$ 25 milhões após ser vítima de um golpe com deepfakes em uma chamada no Zoom. Uma ferramenta originalmente vista como uma inovação inofensiva, agora pode representar uma ameaça séria para indivíduos e empresas.
COMO IDENTIFICAR UM VÍDEO FEITO POR IA? Veja as principais dicas
Embora o Veo 3 tenha atraído atenção por sua qualidade, a Manus AI se apresenta como uma opção mais acessível, com planos que permitem maior flexibilidade em relação ao número de tarefas executadas. As versões pagas do Veo 3, com preços de até US$ 249,99 por mês, continuam focadas em um público profissional, enquanto a Manus oferece planos como o Starter, com custo de US$ 39 por mês, atendendo um público mais amplo e diversificado.
Dois outros players vêm ganhando destaque no setor. A Runway ML, plataforma de criação de vídeos e efeitos visuais, foi avaliada em mais de US$ 3 bilhões após sua rodada de financiamento em abril e oferece planos a partir de US$ 15 por mês, com planos mais avançados chegando a US$ 249 por mês. Já a OpenAI, responsável pelo DALL-E, alcançou uma impressionante avaliação de US$ 300 bilhões após uma campanha de arrecadação recorde em março, com planos como o ChatGPT Plus, que custa US$ 20 por mês, dando acesso ao DALL-E para usuários que buscam gerar imagens de alta qualidade.