Café especial :marca familiar de Rondônia cresce com prêmios e foco em sustentabilidade.
Jornalista especializada em carreira, RH e negócios
Publicado em 21 de março de 2025 às 17h00.
Última atualização em 21 de março de 2025 às 17h19.
A capixaba Nilcineia Rubim da Luz, de 59 anos, mora há quase três décadas em Rondônia, onde realizou o sonho de empreender ao lado da família. Casada, mãe de três filhas e avó de quatro netos, viu na plantação de café uma forma de unir trabalho e vida pessoal com a criação da marca Café da Luz, focada em grãos especiais. O crescimento da empresa, que produz cerca de 250 sacas por ano, é pautado por muita dedicação, colaboração e fé, como ela mesma sempre faz questão de ressaltar. “O começo não foi fácil, mas tínhamos um sonho e agarramos as oportunidades, sempre acreditando no nosso trabalho”, afirma.
Como resultado, uma série de premiações impulsionou a marca e possibilitou a expansão dos negócios, como o reconhecimento de melhor café de Rondônia, o segundo lugar no Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia (Concafé) e o segundo melhor do Brasil no concurso Coffee of the Year Brasil, em 2022. Além de valores em dinheiro, os prêmios resultaram em ganho de equipamentos, como torradores e tratores, que ajudaram a alavancar a produção.
Entre os reconhecimentos mais recentes está o primeiro lugar na lista dos cafés especiais torrados no Prêmio CNA Brasil Artesanal de 2024, concedido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. No mesmo ano, a empreendedora também ficou em segundo lugar no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, na categoria produtora rural, uma iniciativa que valoriza e incentiva o empreendedorismo feminino.
Nilcineia chegou em Cacoal (RO) em 1986 com o marido, João Alves Da Luz, e, juntos, começaram um projeto de agricultura familiar. Na época trabalhavam com café, gado de leite, peixes e abelhas. “Tivemos muitas dificuldades e pensamos em desistir várias vezes, mas quando encontramos a variedade robusta de café colonial amazônico, percebemos que poderíamos nos diferenciar em sustentabilidade e qualidade”, diz.
Com uma produção artesanal em uma área plantada de cerca de três hectares, ela convidou sua filha e genro para ingressar no projeto da família em 2019. “Na época, procuramos o Sebrae e começamos a nos profissionalizar. Foi apenas neste momento que registramos a marca Café da Luz e entendemos que tínhamos, de fato, um negócio”, conta.
O diferencial está na combinação de qualidade, sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. “Nosso café é resultado de um trabalho árduo e de um compromisso com a produção de alimentos saudáveis e saborosos”, diz. Ela explica que tudo é feito pela família, o que garante um processo totalmente artesanal.
A perspectiva deste ano é ampliar a produção em 20% e chegar a 300 sacas de café especial, algo em torno de 14 toneladas. “Estamos com as lavouras bem carregadas e acredito em uma boa colheita”, diz a empresária, sem arriscar falar de faturamento por conta da oscilação de preços do produto. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta de preços correspondente ao quilo de café alcançou 39,6% em 2024; porcentagem que deve continuar a subir ao longo deste ano.
Para não contar apenas com a sorte de preços melhores, a aposta está na ampliação dos canais de vendas para distribuir os produtos que, atualmente, são vendidos em um hipermercado de Rondônia, na cooperativa local e pela internet. “Queremos ampliar as vendas online e estamos aumentando os envios por aéreo e rodoviário”, completa.