Negócios

Menos lojas, mais receita: Cabana Burger usa fábrica para outras marcas e mira R$ 125 milhões

Com fábrica capaz de atender 300 unidades, rede de hamburguerias foca em poucos franqueados e começa a produzir para terceiros

Bruno Lemos, diretor de franquias do Cabana Burger: "A demanda existe, mas a gente prefere crescer com consistência” (divulgação/Divulgação)

Bruno Lemos, diretor de franquias do Cabana Burger: "A demanda existe, mas a gente prefere crescer com consistência” (divulgação/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 12 de maio de 2025 às 06h21.

A rede de hamburguerias Cabana Burger anunciou há dois anos sua entrada no franchising com um plano ousado: alcançar 300 unidades em três anos. O número hoje é bem diferente, mas o apetite por crescer continua. A rede conta com 27 unidades e projeta 35 até o fim de 2025. A diferença? A pressa saiu do cardápio.

O cenário é favorável. O consumo de hambúrguer no Brasil tem crescido fortemente, com um avanço de 228% nas ocasiões de compra entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2024, alcançando 47 milhões de consumidores e cerca de 113 milhões de ocasiões de compra, segundo a Kantar.

Criada em 2016 por seis amigos ligados ao mercado financeiro e imobiliário, a marca nasceu com o conceito de fast food 2.0: comida rápida, mas com ingredientes frescos, atenção ao ambiente e uma operação com cara de startup — enxuta, replicável e com estrutura própria desde o início. A cozinha central, instalada em Santana do Parnaíba, tem capacidade para atender até 300 unidades e segue sendo o coração da operação.

Hoje, 80% dos produtos saem dessa fábrica, que entrega insumos padronizados para todas as lojas da rede — incluindo molhos, blends e boa parte dos acompanhamentos. A estrutura permite que a rede mantenha controle sobre o que é consumido em cada ponto, facilitando o treinamento, a gestão de estoque e o padrão de qualidade. “A fábrica garante o padrão e dá escala ao que a gente quer construir. Ela está pronta para muito mais”, afirma Bruno Lemos, diretor de franquias do Cabana Burger.

Fábrica no centro da estratégia — agora também no B2B

A estrutura que nasceu para abastecer a própria rede agora também serve a outros negócios. Desde 2024, o Cabana começou a fornecer alimentos e insumos produzidos na fábrica para outras empresas do setor, entrando de vez no mercado B2B.

Já são 30 marcas atendidas, com contratos que representam pouco mais de 5% do faturamento total da rede. “A fábrica estava subutilizada e decidimos usar essa capacidade para gerar receita com inteligência. É uma linha de negócio que ainda tem muito espaço para crescer”, diz Bruno.

Com isso, o Cabana transforma um ativo logístico em uma nova frente de negócios sem comprometer a operação da rede. Toda a estrutura de abastecimento continua centralizada, permitindo ganho de escala, eficiência e controle, tanto para os franqueados quanto para os novos clientes industriais. Nos planos da companhia também está a oferta de molhos e produtos congelados para serem preparados em casa.

Crescimento cauteloso com foco no franqueado certo

Em 2024, o Cabana faturou 110 milhões de reais. A meta para 2025 é chegar a 125 milhões, com alta de 20% nas vendas por loja. A rede opera hoje com 27 endereços, incluindo lojas próprias e franqueadas. Entre as cidades onde a marca já desembarcou estão Santos, Mogi das Cruzes, Osasco e a Avenida Paulista, em São Paulo.

A expansão mira novas regiões como Belo Horizonte, Brasília e o Sul do país. "Nosso desafio é entrar em novos estados com a força que a marca tem em São Paulo", diz o sócio-fundador.

Ao contrário da estratégia inicial de escalar rapidamente, a rede adotou uma postura mais criteriosa. A ideia é manter um número reduzido de parceiros, cada um com poucas unidades e forte envolvimento com a operação. “Precisamos segurar a ansiedade. A demanda existe, mas a gente prefere crescer com consistência”, diz Bruno.

Cada unidade exige investimento de cerca de 1,2 milhão de reais, ocupa entre 85 m² e 100 m² e opera com média de 16 funcionários. O retorno leva, em média, 30 meses. As lojas têm perfil flexível, podendo funcionar tanto em shopping quanto em loja de rua — e agora, também em aeroportos.

Governança, inovação e controle

Em março de 2020, o fundo de investimentos Treecorp se tornou sócio majoritário do Cabana. Entre os sócios do fundo está o empresário Roberto Justus. A gestora, focada em negócios de consumo e gestão ativa, também investe em empresas como o clube de futebol Coritiba e a marca de luxo Tânia Bulhões.

Desde a entrada do fundo, o Cabana passou a operar com uma estrutura de governança mais robusta, com reuniões de conselho, cultura de dados e disciplina de gestão. “Fizemos esse movimento com calma. Analisamos o mercado por quatro anos antes de escolher um parceiro”, diz Bruno. O fundo trouxe não apenas capital, mas também networking e acesso a um ecossistema de marcas em expansão.

Um portal exclusivo para franqueados e funcionários foi desenvolvido para dar suporte operacional em tempo real. Na frente de produto, o Cabana segue inovando rapidamente. Novas linhas podem ser criadas e testadas em menos de um mês.

Com 500 funcionários diretos e uma operação integrada da fábrica ao salão, o Cabana Burger busca agora replicar fora de São Paulo a solidez que construiu em seu mercado de origem. “O cliente é também nosso colaborador. Tudo que a gente faz parte do cuidado em manter a experiência original”, diz Bruno.

O plano de 300 lojas em poucos anos ficou para trás. Mas o projeto de construir uma marca nacional com governança, escala e sabor segue em andamento. Um smash de cada vez.

\

Acompanhe tudo sobre:FranquiasHambúrgueres

Mais de Negócios

O prato não mudou, mas o faturamento sim: a virada doce do L’Entrecôte de Paris para os R$72 milhões

Dia das Mães: 16 franquias baratas a partir de R$ 2.850 para empreender em família

As regras de imigração mudam o tempo todo. Esta IA brasileira te mantém atualizado, de graça

Elas comandam, inovam e investem: o protagonismo feminino no empreendedorismo de SC