Mercado de BNPL atinge US$ 342 bilhões e avança entre os mais jovens e empresas (Sólides/Divulgação)
Redatora
Publicado em 6 de agosto de 2025 às 05h54.
O sistema "compre agora e pague depois" (BNPL, na sigla em inglês) movimentou US$ 342 bilhões em 2024, segundo dados da empresa de pagamentos Worldpay.
Esse modelo permite que consumidores dividam o valor das compras parceladas, muitas vezes sem juros, facilitando o acesso ao crédito e aumentando o poder de compra.
No funcionamento do BNPL, a facilidade se dá uma vez que ao adquirir um produto de US$ 100, o cliente pode pagar em até quatro parcelas ao longo de seis semanas. Com isso, o fornecedor do serviço antecipa o pagamento ao comerciante, cobrando uma comissão que costuma ser próxima a 3% do valor da venda.
Para os varejistas, esse modelo ajuda a aumentar as vendas, já que consumidores com acesso ao BNPL gastam pelo menos 20% a mais do que aqueles que não utilizam esse tipo de financiamento.
O levantamento apontou ainda que a popularidade do BNPL é maior entre as gerações mais jovens. No Bank of America, menos de 2% dos clientes nascidos antes de 1965 utilizam o serviço, enquanto 10% dos clientes da geração Y e Z fazem uso do modelo.
Em países como a Suécia, onde o BNPL está consolidado há mais tempo, mais de 20% das vendas online são feitas por meio dessa modalidade, contra menos de 6% nos Estados Unidos.
Além do mercado consumidor, o BNPL tem avançado no setor B2B, onde fornecedores oferecem crédito a empresas para a compra de insumos e produtos. Esse segmento movimenta cerca de US$ 4,9 trilhões em contas a pagar nos Estados Unidos, valor quatro vezes maior que os saldos de cartões de crédito do país.
Startups especializadas no crédito BNPL para empresas, como Billie e Hokodo, apontam para crescimento expressivo no volume de empréstimos e nos valores médios financiados.
Empresas tradicionais do setor financeiro, como JPMorgan Chase, PayPal e bancos regionais, passaram a atuar no mercado de BNPL, ampliando a oferta desse tipo de crédito. Grandes players do segmento, como Klarna e Affirm, expandiram seus serviços para incluir cartões de débito e integração com carteiras digitais, como as da Apple e do Google.
O crescimento acelerado do setor traz preocupações sobre os riscos de crédito. Embora dados do Consumer Financial Protection Bureau (CFPB) indiquem aumento na inadimplência em alguns participantes, a taxa geral de atraso ainda é inferior à observada em cartões de crédito. Órgãos reguladores acompanham o mercado de perto para evitar que o fácil acesso ao crédito leve ao endividamento excessivo dos consumidores.
Por outro lado, a inclusão do histórico de uso do BNPL em sistemas de pontuação de crédito pode beneficiar consumidores que utilizam o serviço de forma responsável. Estudos da FICO, principal fornecedora de pontuação de crédito nos Estados Unidos, divulgados em julho mostram que o uso adequado desse modelo pode melhorar a avaliação de crédito dos tomadores.