O coletivo Humana Mente reúne estudantes do 9º ao 3º ano para debater temas sociais e transformar reflexões em criação (Arquivo Pessoal)
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Publicado em 8 de novembro de 2025 às 05h00.
O Colégio Rio Branco, conhecido pela excelência acadêmica, também se destaca pela promoção da empatia e inclusão com o coletivo Humana Mente.
Desde 2013, o projeto reúne alunos do 9º ao 3º ano para criar arte a partir de discussões sobre temas sociais, como intolerância, ancestralidade e igualdade, envolvendo tanto alunos ouvintes quanto alunos surdos, que são parte fundamental da comunidade escolar do Rio Branco.
Os encontros do coletivo acontecem semanalmente e são focados em debates sobre temas da atualidade e questões humanitárias. Alunos e professores se debruçam sobre assuntos como intolerância religiosa, violência, diversidade e questões de gênero e transformam essas reflexões em produções artísticas. Em 2024, o tema escolhido pelo coletivo sobre ancestralidade coincidiu com o tema da redação do ENEM.
Coordenador do coletivo Humana Mente no Colégio Rio Branco, Caio Mendes usa a arte como ferramenta de sensibilização e diálogo entre estudantes do 9º ano ao 3º (Arquivo Pessoal)
O professor Caio Mendes, coordenador do projeto, explica que o objetivo é usar a arte como ferramenta para sensibilizar os alunos e aproximá-los de uma realidade mais ampla e inclusiva. As produções são diversas: de peças de teatro a vídeos e instalações, todas com o foco em promover um olhar empático sobre temas sociais urgentes.
“A arte serve como um canal para tocar o espectador com aquele assunto”, completa.
O projeto também se destaca pela inclusão. Ao invés de adaptar o trabalho final, o coletivo planeja cada ação já com a inclusão em mente. Os alunos surdos, com apoio de intérpretes de Libras, podem participar ativamente das produções.
Caio garante que a inclusão vai além da prática artística e também está na forma como o coletivo se organiza. O professor destaca que o projeto sempre incentivou o protagonismo dos alunos, permitindo que todos possam expressar ideias e refletir sobre os temas tratados.
O impacto do projeto vai além da criação artística. Para Caio Mendes, o coletivo não apenas desenvolve habilidades criativas, mas também fomenta empatia, colaboração e a capacidade de ouvir e discordar com respeito.
“Os alunos aprendem a ouvir e discordar com respeito, algo raro hoje”, afirma.
As alunas Laura Hille Mello Matarazzo, 18 anos, e Larissa Carbone Abellan Rosa, 17 anos, são exemplos de como o projeto tem influenciado a formação dos jovens.
Criações autorais feitas por alunos do 9º ao 3º a partir de debates semanais sobre temas sociais (Arquivo Pessoal)
Laura, que entrou no coletivo em 2022, revela que o Humana Mente ampliou sua visão sobre temas sociais e a ajudou a desenvolver habilidades de comunicação. “O que mais me motiva a continuar é a oportunidade de debater temas que não tenho tanta profundidade e aprender a estar diante de diferentes pontos de vista. Também aprendi a ter uma escuta ativa, o que me permite entender melhor as opiniões dos outros e enriquecer o meu próprio pensamento”, diz.
Larissa, que participa desde o 9º ano, destaca o impacto das discussões sobre inclusão e diversidade em sua vida pessoal. “Estar em contato com pessoas de idades e pensamentos diferentes me ajudou a crescer, a entender melhor a sociedade e a ampliar minha percepção sobre as questões sociais que discutimos”, afirma.
“O coletivo é um espaço único para aprender e refletir”, diz a aluna.
O coletivo também tem causado um impacto duradouro em seus participantes. Ex-alunos voltam para contribuir com novas perspectivas e ajudar nas produções, criando uma rede de aprendizado contínuo, que fortalece ainda mais o projeto.
Para o professor Caio, o projeto Humana Mente prova que é possível equilibrar a preparação acadêmica com a formação humana.
"A escola pode ser um lugar de diálogo e criação, não só de desempenho", diz.
Com essa visão, o projeto contribui para a formação de cidadãos mais conscientes e sensíveis aos desafios do mundo contemporâneo, provando que a educação não se resume apenas ao conteúdo, mas ao desenvolvimento do ser humano em sua totalidade.