Negócios

Nova cozinha do grupo IMC faz do pão de semolina do Frango Assado à massa da Pizza Hut

Cozinha central permite uma expansão física mais acelerada do grupo IMC, dono do KFC, Pizza Hut, Frango Assado e outros

 (Germano Lüders/Exame)

(Germano Lüders/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 15h00.

De uma nova cozinha central, com 5.000 metros quadrados e muita automação, saem os novos sonhos, projetos e estratégias do grupo IMC, dono de marcas de alimentação como Frango Assado, KFC e Pizza Hut.

O grupo IMC, que chegou a receita de 1,6 bilhão de reais em 2019 e de 815 milhões de reais nos nove primeiros meses deste ano, controla diversas marcas de alimentação no Brasil, além de suas operações nos Estados Unidos, Colômbia e Panamá. No Brasil, também detém as marcas Viena, Batata Inglesa, Olive Garden e outros, além de catering para companhias aéreas.

Mesmo com mais de 420 unidades no país, havia um empecilho para a expansão ser mais intensa: cada restaurante precisava de uma cozinha completa, para transformar ingredientes frescos nos pratos servidos em cada unidade. 

O grupo investiu 40 milhões de reais em uma grande cozinha central em Louveira, interior de São Paulo, para centralizar essa produção, cortar custos e garantir uma qualidade mais constante entre os diferentes pratos. Essa cozinha abre uma série de possibilidades para o grupo, de novos formatos da Pizza Hut, venda de pão de semolina do Frango Assado no varejo e no iFood e desenvolver pratos congelados do Viena. Confira mais sobre essa estratégia abaixo.

Nova tecnologia de resfriamento

Para conseguir criar todas essas novas estratégias, a nova fábrica conta com uma nova  tecnologia: resfriamento rápido dos pratos. A validade dos pacotes é de cerca de um ano e eles podem ser criados para as diversas marcas do grupo. 

Se em uma cozinha normal é necessário prever a quantidade de alimentos que deve ser vendida e correr o risco de acabar ou sobrar, agora é possível resfriar os pratos e manter em estoque, retirando apenas aquilo que será consumido.

Essa eficiência é importante especialmente no caso do Frango Assado, que serve lanches, um bufê de almoço e jantar e ainda tem um mercado. Um dos principais atrativos para viajantes é poder encontrar variedade no bufê, mas é difícil conseguir preparar muitas receitas diferentes em uma cozinha descentralizada. Agora, todo o bufê é suprido a partir de embalagens congeladas de frango, peixe, legumes ou feijão que levam apenas 10 minutos para serem descongelados. 

O forno para aquecer esses pratos é inteligente: o funcionário precisa apenas indicar qual é o prato a ser descongelado e o equipamento ajuda o tempo e a temperatura necessários. A logística para a entrega desses pacotes de receitas aos restaurantes precisa ser refrigerada e o grupo monitora a temperatura nos caminhões ou nas próprias unidades a todo momento.

"No limite, nosso restaurante não precisa ter nenhuma faca e nem chama de fogão", diz Newton Maia, presidente do grupo IMC. Segundo ele, em poucos metros quadrados é possível preparar pratos para centenas de clientes.

Outro gargalo das cozinhas descentralizadas era o treinamento para os funcionários, já que era necessário ensinar cada uma das diversas receitas. Agora, o treinamento - e o processo de abertura de novas unidades - ficou mais simples e veloz.

Antes da abertura da nova unidade, o grupo tinha duas cozinhas centrais, mais manuais, com capacidade de 200 toneladas de alimentos e a nova planta tem capacidade de produção de 600 toneladas por mês. A empresa também centralizou a produção de pratos que estavam com fornecedores terceiros.

Novas estratégias para Pizza Hut, Viena e Frango Assado

A nova cozinha central permite uma expansão física mais acelerada dos restaurantes do grupo IMC, ao reduzir o espaço e investimento necessários para a abertura de uma cozinha. Mais que isso, permite novos formatos de expansão.

Pães de semolina e biscoitos de polvilho da marca Frango Assado já estão sendo vendidos em algumas unidades dos supermercados Sam's Club e Pão de Açúcar. "Podemos vender até coxinhas para supermercados", diz Maia. 

Em junho, o Viena começou a vender refeições congeladas em supermercados da rede Sam’s Club, do Grupo Big (ex-Walmart). Haverá pequenas geladeiras em alguns restaurantes do Viena para a venda dessas refeições. 

Outro horizonte de crescimento que a empresa está estudando é criar a marca Frango Assado no iFood, para vender alimentos e os famosos pães de semolina mesmo sem nenhuma loja nos centros urbanos. A ideia é usar unidades do Viena em shoppings, por exemplo, para fazer a distribuição.

Ao centralizar a fabricação da massa de pizza, a rede Pizza Hut também ganha novas possibilidades de expansão. Ao congelar a massa da pizza na cozinha central e enviar para os restaurantes, é possível reduzir em um terço a área do restaurante em 25% o número de funcionários. 

"Em todo o mundo, o consumo de pizza está mais voltado para fora dos restaurantes, como comprar por um aplicativo ou passar na loja e pegar a pizza", diz o presidente. De acordo com ele, o consumidor não aceita mais esperar uma hora pelo seu pedido e a velocidade é essencial. Para isso, é importante que uma marca tenha cozinhas pequenas e invisíveis em diversos bairros, para estar mais próxima dos consumidores - essa é uma das estratégias que a Pizza Hut pode colocar em prática.

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoFast foodIMCKFCPizza HutViena (alimentação)

Mais de Negócios

Até mês passado, iFood tinha 800 restaurantes vendendo morango do amor. Hoje, são 10 mil

Como vai ser maior arena de shows do Brasil em Porto Alegre; veja imagens

O CEO que passeia com os cachorros, faz seu próprio café e fundou rede de US$ 36 bilhões

Lembra dele? O que aconteceu com o Mirabel, o biscoito clássico dos lanches escolares