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Novo Mundo aprova recuperação judicial e quer vendas de R$ 780 milhões com volta ao 'varejo raiz'

Varejista fundada em Goiânia há 68 anos sofreu com a escalada nos juros e a desaceleração na venda de bens duráveis após a pandemia. Agora, tem novo CEO e plano de reforçar presença física nos estados onde a marca é consolidada

José Guimarães, agora Presidente do Conselho, e Alex Lima, novo CEO da Novo Mundo: plano de abertura de lojas físicas nas regiões onde a marca já é consolidada  (Divulgação/Divulgação)

José Guimarães, agora Presidente do Conselho, e Alex Lima, novo CEO da Novo Mundo: plano de abertura de lojas físicas nas regiões onde a marca já é consolidada (Divulgação/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 14 de outubro de 2025 às 19h17.

Última atualização em 15 de outubro de 2025 às 00h57.

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A varejista goiana Novo Mundo, uma das maiores redes de eletrodomésticos, móveis e utilidades domésticas do Centro-Oeste, aprovou nesta semana seu plano de recuperação judicial (RJ).

A decisão foi homologada com ampla aceitação dos credores, incluindo fornecedores, instituições financeiras e seguradoras, garantindo à empresa proteção judicial enquanto renegocia dívidas e reorganiza sua operação.

A expectativa da companhia é alcançar faturamento de R$ 780 milhões em 2026, apoiando-se na retomada do chamado “varejo raiz”, com abertura de lojas físicas nas regiões onde a marca já é consolidada.

Fundada há 68 anos em Goiânia, a Novo Mundo construiu sua história como referência regional em varejo, oferecendo crédito direto às famílias e mix de produtos semelhantes a grandes redes nacionais, como Magalu e Havan.

Em sua trajetória, a empresa chegou a ter mais de 140 lojas, com faturamento superior a R$ 1,1 bilhão em 2021, distribuídas pelo Centro-Oeste, Norte e Distrito Federal.

Atualmente, mantém cerca de 90 unidades físicas e atua em modelo multicanal, com marketplace próprio e operação digital ativa.

O que motivou a RJ

O pedido de recuperação judicial, protocolado em julho de 2024, foi motivado por uma combinação de fatores macroeconômicos e setoriais.

Entre eles, os impactos da pandemia de covid-19, que reduziram vendas e aumentaram a inadimplência; a alta de juros e inflação, restringindo o crédito tanto para consumidores quanto para o varejo; além de forte concorrência e desaceleração do consumo de bens duráveis.

A empresa também enfrentou dificuldades para financiar a operação e precisou fechar 60 lojas desde 2023, o que contribuiu para um passivo total de aproximadamente R$ 735 milhões ao final do mesmo ano.

A recuperação judicial permitiu à Novo Mundo negociar prazos e condições de pagamento com fornecedores e instituições financeiras, ao mesmo tempo em que mantém abertas suas lojas e preserva empregos para cerca de 1.300 colaboradores.

Com a homologação do plano, a varejista passa por uma mudança no controle societário e na gestão executiva.

O fundo de investimentos Columbus adquiriu 100% das cotas da empresa por meio de uma Unidade Produtiva Isolada (UPI), abrindo caminho para reestruturação.

Novo CEO

No comando executivo, Alex Lima assumiu como CEO, trazendo experiência em reestruturações e relacionamento com o mercado financeiro, enquanto José Guimarães se tornou Presidente do Conselho de Administração e também Vice-presidente de Operações.

A estratégia da Novo Mundo agora foca na retomada do “varejo raiz”, modelo que consagrou a companhia ao longo de décadas e que prioriza a proximidade com clientes, presença física nas cidades e atendimento personalizado.

A rede pretende concentrar suas novas lojas nos estados onde já possui forte penetração, aproveitando o reconhecimento da marca e o histórico de relacionamento com fornecedores e consumidores.

Essa abordagem inclui revisar layouts das unidades, repensar mix de produtos e fortalecer a equipe de vendas para que cada colaborador seja responsável pela jornada completa do cliente, do atendimento à entrega.

O plano também prevê o uso estratégico da operação digital, mas a prioridade será reforçar o varejo físico e o atendimento local.

Próximos passos

Além disso, o plano detalha ações de eficiência operacional, controle de custos e reorganização administrativa, com o objetivo de manter a estabilidade financeira e estrutural da rede.

Segundo Alex Lima, CEO da companhia, a aprovação do plano e a reestruturação refletem a confiança do mercado e dos credores.

“A forma como homologamos esse processo mostra que houve transparência, diálogo e comprometimento com o ecossistema varejista. Estamos prontos para reestruturar e investir no crescimento, sem abrir mão da essência da empresa”, afirma.

Para José Guimarães, presidente do conselho, a prioridade é preservar empregos, garantir a continuidade das operações e reposicionar a empresa como protagonista no varejo regional.

O plano aprovado inclui ainda a reorganização da estrutura financeira e operacional para aumentar a liquidez, melhorar prazos de pagamento e otimizar a gestão de estoques, alinhando o modelo de negócio à capacidade de consumo das regiões onde a marca atua.

Com essa estratégia, a varejista espera manter a operação de cerca de 90 lojas, expandir de forma seletiva e assegurar a sustentabilidade do negócio, mantendo presença digital e multicanal enquanto prioriza o atendimento presencial.

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