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Novo Nordisk investe R$ 6,4 bilhões para fabricar Ozempic (e outros remédios) no Brasil

Fábrica em Montes Claros vai dobrar de tamanho para produzir medicamentos para tratamento de obesidade, diabetes e outras doenças crônicas graves. A nova unidade já está em construção e deve começar a operar em 2028

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 7 de abril de 2025 às 11h54.

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A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk anunciou nesta segunda-feira, 7, um investimento de 6,4 bilhões de reais em sua fábrica em Montes Claros, Minas Gerais, para produzir novos medicamentos, incluindo o Ozempic e o Wegovy, usados no tratamento de diabetes e obesidade.

O anúncio contou com a presença de diversas autoridades, entre eles, o presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda Fernando Haddad, o ministro da Saúde Alexandre Padilha e o presidente global da Novo Nordisk, Lars Fruergaard Jorgensen.

O montante, advindo do caixa da farmacêutica, será direcionado a aumentar a capacidade de produção de tratamentos injetáveis para pessoas com obesidade, diabetes e outras doenças crônicas graves. A fábrica vai dobrar de tamanho e a nova área terá 74 mil metros quadrados. A Novo Nordisk espera iniciar a operação do novo anexo em 2028.

"O novo investimento mostra o compromisso que a Novo Nordisk tem com o Brasil, importante parceiro dentro do ecossistema global de saúde", diz Isabella Wanderley, VP corporativa da afiliada da Novo Nordisk.

No último ano, a companhia anunciou duas rodadas de investimento em Montes Claros. A primeira, em outubro, de 864 milhões de reais, para ampliar a produção de insulina. A segunda, em dezembro, de 500 milhões de reais, para produzir a enzima usada no Ozempic e no Wegovy.

O sucesso dos medicamentos para diabetes e perda de peso transformaram a Novo Nordisk em uma das empresas mais valiosas da Europa. A companhia avaliada em mais de 210 bilhões de dólares viu as vendas do Wegovy crescer 79% no terceiro trimestre, gerando 2,3 bilhões de dólares em receita. 

Atualmente, a fábrica é responsável pela produção de insulina exportada para mais de 70 países, respondendo por cerca de 12% do consumo global. O processo envolve o recebimento do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) de outras unidades da Novo Nordisk no exterior. No Brasil, o insumo é processado, envasado e embalado. A ideia é que outros medicamentos também passem a ser finalizados no país, seguindo o mesmo modelo.

"Hoje esta fábrica já é responsável pela exportação de 25% de todos os medicamentos produzidos no Brasil. Com a expansão, vamos poder contribuir ainda mais para a balança comercial brasileira", diz a executiva.

A nova unidade vai gerar 600 novos empregos após a conclusão das instalações. A farmacêutica tem atualmente mais de 2.000 funcionários no Brasil.

Ozempic e Wegovy, medicamentos da dinamarquesa Novo Nordisk para diabetes e obesidade

Ozempic no Brasil: fábrica da Novo Nordisk no Brasil vai produzir medicamentos para obesidade e diabetes (Steve Christo - Corbis/Getty Images)

Em 2026, vence a patente do Ozempic e outras farmacêuticas já se preparam para entrar no bilionário mercado de medicamentos para diabetes e obesidade. A brasileira EMS já está desenvolvendo sua versão do medicamento com liraglutida, um análogo ao GLP-1,enquanto sua concorrente direta Eli Lilly vai lançar o Mounjaro em junho no Brasil.

Questionada sobre a possibilidade de aumento da oferta do medicamento no mercado brasileiro e eventual queda nos preços, a executiva afirmou que ainda é cedo para fazer esse tipo de previsão. "Ainda não temos definido exatamente quais medicamentos serão produzidos na nova planta. Essa decisão faz parte da estratégia global da Novo Nordisk, mas a nova fábrica estará preparada para receber os tratamentos mais inovadores do nosso portfólio", diz a VP.

Sobre o impacto das tarifas impostas pelo governo Trump na produção global da Novo Nordisk, a CEO reforçou que é difícil medir os efeitos neste momento. "Acho que é muito cedo para a gente entender todos os impactos desse rearranjo global, mas com certeza ter uma fábrica moderna aqui no Brasil garante que o país também vai usufruir dessa inovação. Para o paciente brasileiro, o investimento aqui é uma notícia muito boa", afirma.

Ela ainda destacou o papel estratégico da operação brasileira dentro da organização. "É um orgulho muito grande ver que toda a nossa operação aqui causa um impacto na cadeia global da organização e que a gente pode contribuir para a saúde aqui, mas também para outros países", diz.

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