John Paz e Yuri Kaminski, da Nuvia: ex-Datasaga entra como COO da Nuvia
Repórter
Publicado em 18 de agosto de 2025 às 10h27.
Uma é especializada em tecnologia de vendas com IA, a outra nasceu de um laboratório pessoal de dados. As duas se encontraram num almoço, se identificaram de cara e decidiram virar uma só empresa. Agora, a Nuvia incorpora a DataSaga e cria oficialmente um braço de serviços.
Fundada em 2024 por John Paz, a Nuvia surgiu com a proposta de usar agentes de inteligência artificial, os chamados AI agents, para tornar a prospecção comercial mais inteligente, previsível e escalável.
Do outro lado estava a DataSaga, de Yuri Kaminski, criada para resolver gargalos de operação e desempenho comercial em empresas brasileiras e dos EUA — uma consultoria que nasceu da inquietação do fundador em experimentar rápido e gerar resultados tangíveis.
O encontro entre as duas empresas foi acelerado por um amigo em comum, que percebeu que estavam tentando resolver o mesmo problema, mas por lados opostos.
“Você tem problema em falar com concorrente? Porque eu acho que a gente precisa se conhecer”, relembra Paz. O convite foi aceito — e o que poderia ser uma disputa virou alinhamento.
No papo, os dois perceberam que tinham vindo de trajetórias diferentes, mas estavam construindo ferramentas muito parecidas. Um focado em tecnologia e produto. O outro, em operação e execução comercial. “Era como se a gente estivesse olhando o mesmo mapa, só que de planos diferentes”, diz Kaminski.
A identificação foi imediata. Mesmo antes de assinar qualquer contrato, começaram a operar juntos em alguns projetos. E quatro meses depois, já como uma só empresa, oficializaram a aquisição.
Sem valor divulgado, a transação garante à Nuvia a incorporação do time e da tecnologia da DataSaga. Kaminski, ex-Escale Digital e McKinsey, entra como cofundador e COO.
A meta agora é crescer cinco vezes o faturamento atual em 2026 e preparar o terreno para uma rodada de investimento já no próximo ano.
Se a ideia era impactar o setor de vendas com IA, os dois fundadores começaram por onde quase ninguém começa: nos bastidores.
Kaminski, com mestrado em deep learning na Espanha, já desenvolvia ferramentas capazes de ouvir entonações de voz para qualificar ligações comerciais.
Paz, com passagens por consultorias e startups, percebeu que todo negócio, no fim, depende de uma estratégia de vendas bem feita — e que quase ninguém tem uma boa.
Ambos enxergavam que, enquanto as empresas investiam em CRMs e campanhas, o processo de venda real seguia engessado: respostas automáticas genéricas, abordagens rasas e pouca inteligência prática aplicada.
“Todo mundo já está cansado de chatbots fracos ou e-mail que só troca o nome da empresa”, diz Paz. “A gente queria construir uma IA que de fato ajudasse na venda.”
Com a aquisição, a Nuvia lança um modelo híbrido de plataforma e serviço.
A proposta é atuar com agentes inteligentes que fazem desde a triagem de leads no WhatsApp, LinkedIn e e-mail até o agendamento de reuniões e envio de propostas personalizadas.
Os agentes usam sinais de mercado, cruzam com dados internos dos clientes e aprendem com cada interação.
Em média, respondem mais de 75% das demandas de inbound, liberando os times humanos para fechar as negociações mais estratégicas.
A Nuvia quer ser o sistema operacional da estratégia comercial. Para isso, estruturou três frentes:
O braço de serviços trazido pela DataSaga, agora sob comando de Kaminski, permite que tudo isso seja implementado com rapidez — especialmente em empresas maiores, que demandam integração com múltiplos sistemas e dados internos desorganizados.
“O que a gente faz é colocar IA para operar ao lado dos times comerciais”, diz Kaminski. “Com testes rápidos, melhoria contínua e sempre focando no que funciona.”
Para 2025, a Nuvia projeta consolidar o novo modelo e preparar terreno para escalar.
Com uma base técnica já estruturada e um produto em evolução contínua, o desafio agora é atrair mais clientes de médio e grande porte — e preparar a operação para crescer rápido sem perder a personalização.
A empresa também quer ampliar a base de PMEs atendidas via modelo self-service, que permite o uso da plataforma sem necessidade de consultoria.
O objetivo é transformar a própria ferramenta em uma comunidade viva de aprendizado e otimização, onde o que funciona para um cliente, melhora o sistema para todos.