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Publicado em 27 de setembro de 2025 às 15h18.
Última atualização em 27 de setembro de 2025 às 18h54.
Lages (Santa Catarina)* - As cervejas sem álcool vêm ganhando cada vez mais espaço no mercado brasileiro. De acordo com os dados da Euromonitor, o país passou de 140 milhões de litros vendidos em 2019 para 702 milhões de litros em 2024.
Esse crescimento constante colocou o Brasil no cenário cervejeiro mundial. Segundo dados da World Brewing Allience (WBA), em 2018, o país ocupava o 7º lugar no ranking global de consumo de cerveja sem álcool. Em 2023, saltou para a 2ª posição, atrás apenas da Alemanha.
Boa parte desse aumento pode ser atribuído à nova geração de consumidores. Segundo estudo da MindMiner, apenas 45% dos jovens da Geração Z consomem bebidas alcoólicas — o menor índice registrado desde 1962. Para essa geração, saúde física e mental, além de clareza e autocontrole, pesam mais do que a associação ao consumo exagerado e à embriaguez.
“Percebemos uma mudança no padrão de cuidados com a saúde na população. As cervejas sem álcool estão ganhando cada vez mais espaço, porque as pessoas estão mais preocupadas com sua saúde e os efeitos do álcool”, afirma Renata Saffioti, nutricionista esportiva comportamental.
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O mercado cervejeiro brasileiro continua concentrado em três gigantes: Ambev, Grupo Heineken e Grupo Petrópolis, responsáveis por 95% das vendas, segundo dados da Euromonitor. Mesmo dentro desse domínio, a disputa pelo consumidor que prefere opções sem álcool está cada vez mais acirrada.
Para conhecer de perto o processo de uma cerveja sem álcool, a EXAME foi até Lages, Santa Catarina, para conhecer a fábrica da Ambev, a convite da empresa. A unidade de Lages foi inaugurada há 30 anos e hoje é a única no Brasil responsável pela produção das três versões zero álcool da companhia: Brahma, Budweiser e Corona.
Em 2013, a fábrica recebeu investimento para instalar a planta de desalcoolização, tecnologia que permite retirar o álcool da bebida após a maturação, mantendo características sensoriais semelhantes às da versão tradicional.
Para Claudia Alves Costa, gerente da fábrica da Ambev, em Lages, a companhia enxerga um potencial real no mercado de cerveja zero álcool e por isso investiu em novas tecnologias.
“Quando o processo de produção de cerveja sem álcool começou, há muitos anos atrás com a Brahma Zero, não tínhamos tanta tecnologia como temos hoje, que permite realmente preservar todos os aromas e as características da cerveja regular na cerveja sem álcool”, diz Costa.
Apesar de ser produzida com as mesmas matérias-primas e seguir o mesmo processo da cerveja regular, a versão sem álcool passa por uma etapa extra: a retirada do álcool, entre a maturação e a filtração. É nesse ponto que a bebida se transforma em “zero álcool”.
*O jornalista viajou a convite da Ambev