Centro de operações da Algar: operadora mineira de internet vai usar rede da V.tal para crescer no varejo (Divulgação/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 1 de outubro de 2025 às 15h33.
Construir uma rede de internet por fibra é caro, lento e exige uma escala que poucos players conseguem bancar. Por isso, um novo modelo está ganhando força no Brasil: o aluguel de infraestrutura pronta, conhecido no setor como “rede neutra”.
É justamente essa lógica que a Algar decidiu adotar.
A operadora mineira fechou um contrato com a V.tal, maior rede neutra de fibra óptica do país, para usar sua infraestrutura em todos os estados brasileiros.
Na prática, a Algar poderá vender internet residencial em cidades onde não tem rede própria — oferecendo planos de até 2 Gbps com base na malha da V.tal, que já alcança mais de 22 milhões de casas.
A decisão marca uma mudança relevante na estratégia da companhia.
Tradicionalmente voltada ao público corporativo, a Algar viu sua receita com consumidores residenciais subir 8,2% em 2024, somando 948 milhões de reais.
Com isso, o varejo se tornou um novo vetor de crescimento — mas que exigiria investimentos altos em rede.
A parceria permite que esse avanço aconteça sem precisar construir uma infraestrutura do zero.
“Estamos muito entusiasmados com essa parceria, que nos permitirá levar internet de alta velocidade para ainda mais cidades em todo o Brasil. Essa colaboração com a V.tal reforça nossa estratégia de crescimento sustentável e de entrega de valor aos nossos clientes”, afirma Márcio de Jesus, diretor de negócios da Algar.
Com o acordo, a Algar poderá testar novos mercados com menor risco, aproveitando a cobertura nacional da V.tal — hoje com 491.000 quilômetros de redes ópticas — para disputar clientes em regiões onde antes não operava.
"A Algar vem apresentando crescimento nos seus serviços de internet em fibra óptica e ampliando a sua presença em novas cidades e ficamos felizes em fazer parte disso”, afirma Lucas Aliberti, CCO da V.tal.
No modelo tradicional, cada operadora precisa investir na construção da própria rede: abrir ruas, instalar cabos, montar equipes de manutenção e financiar tudo isso com recursos próprios.
Com a rede neutra, essa lógica muda.
A infraestrutura já está instalada — e é compartilhada entre diferentes operadoras, que pagam um valor mensal para usar a malha e vender planos aos consumidores finais.
A V.tal, que herdou a base de fibra da antiga Oi e hoje é controlada por fundos do banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), lidera esse movimento no Brasil.
Em 2024, a empresa faturou 7,7 bilhões de reais, com lucro líquido de 864 milhões de reais e uma margem EBITDA de 55%.
Só a Oi respondeu por 62% da receita bruta, mas a estratégia da V.tal é justamente atrair novos parceiros para diluir a dependência e ocupar melhor sua rede.
Com presença em 16 estados, a Algar sempre foi uma operadora de médio porte, com foco no mercado B2B — que respondeu por 1,87 bilhão de reais da receita total de 2,82 bilhões de reais em 2024.
O varejo era complementar, mas agora aparece como uma avenida de crescimento.
Ao adotar a rede neutra da V.tal, a operadora reduz o tempo e o custo de entrada em novas cidades. Em vez de esperar meses ou anos para instalar rede, pode lançar ofertas em localidades onde a V.tal já tem cobertura.
A estratégia é também uma forma de ganhar escala com mais agilidade e eficiência operacional.