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O plano de R$ 10 bilhões da Cimed: como a farmacêutica quer dobrar de tamanho até 2030

Com investimentos em produção, logística e fortalecimento de supermarcas, a Cimed quer dobrar de tamanho nos próximos cinco anos

Cimed: farmaceutica anuncia plano de crescimento em evento em São Paulo (Isabela Rovaroto/Exame)

Cimed: farmaceutica anuncia plano de crescimento em evento em São Paulo (Isabela Rovaroto/Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 22 de fevereiro de 2025 às 12h37.

A farmacêutica Cimed tem o plano de chegar a 10 bilhões de reais em receita até 2030. O objetivo é dobrar de tamanho, impulsionando pelas marcas Lavitan, Carmed, Melimetric e João e Maria, que devem responder por 4,5 bilhões de reais desse faturamento futuro.

Outras categorias também entram na conta: os medicamentos genéricos, que devem render 2,6 bilhões de reais, e as chamadas marcas funcionais, com projeção de 2,9 bilhões de reais. O restante virá de novas inovações que ainda serão lançadas. A estratégia foi detalhada durante o MSA, evento presencial realizado em São Paulo, onde a empresa apresentou os pilares desse crescimento e os desafios para sustentar a expansão.

Em 2024, a Cimed faturou 3,6 bilhões de reais, um crescimento de 22% em relação ao ano anterior, mas abaixo da meta de 4 bilhões que havia estabelecido. Para 2025, a empresa quer alcançar 5 bilhões de reais e aposta que o setor farmacêutico seguirá forte, mesmo com a economia em desaceleração.

Durante o evento, o economista Joaquim Levy destacou que o crescimento do PIB deve perder ritmo nos próximos anos, mas que o mercado farmacêutico continuará avançando. "A economia como um todo pode desacelerar, mas o setor de medicamentos segue robusto, impulsionado pelo envelhecimento da população e pelo aumento da renda das classes C e B", afirmou o economista.

O crescimento acelerado exige financiamento e, para isso, a Cimed já garantiu recursos para os próximos dois anos, com a captação de 1,1 bilhão de reais em debêntures. Além disso, a farmacêutica está analisando linhas governamentais para inovação, com um investimento de 200 milhões de reais em pesquisa e desenvolvimento. "Manter um rating de crédito alto é fundamental. Queremos ter acesso às melhores condições de financiamento do mercado", diz o CEO João Adibe Marques.

Nova fábrica e expansão logística

A capacidade produtiva é um dos principais desafios da companhia. Hoje, a Cimed já não consegue atender toda a demanda. "Ano passado deixamos de faturar 500 milhões de reais por não conseguir produzir o suficiente", disse o CEO.

Para corrigir isso, a farmacêutica anunciou a expansão de sua fábrica em Minas Gerais, que dobrará a capacidade produtiva e a construção de uma nova unidade no Nordeste até 2026, focada na fabricação de produtos de higiene e beleza. A expectativa é chegar a 1 bilhão de unidades produzidas por ano até 2030.

Além de reforçar a capacidade produtiva, a Cimed está ampliando sua infraestrutura logística para sustentar o crescimento projetado. A empresa identificou gargalos na distribuição e vai investir 1,4 bilhão de reais nos próximos cinco anos para otimizar a entrega dos produtos. A maior aposta é a expansão do centro logístico em Minas Gerais, que terá 40.000m² e capacidade para armazenar mais de 40.000 posições de pallets.

A empresa também está construindo quatro novos centros de distribuição. O primeiro, em Brasília, já está quase pronto. Outros CDs serão inaugurados no interior de São Paulo e em mais duas localidades estratégicas ainda não divulgadas. Segundo o executivo, essa ampliação será crucial para que a Cimed mantenha sua eficiência operacional e suporte o crescimento acelerado dos próximos anos.

Aposta nos pequenos empreendedores

A Cimed também aposta no pequeno varejo como motor de crescimento. Hoje, a empresa atende cerca de 50.000 farmácias de pequeno porte, que representam 40% de seu faturamento. Para fortalecer esse mercado, a companhia lançou o Foguete Amarelo, plataforma que permite que farmácias independentes estoquem produtos sem precisar pagar antecipadamente, quitando as compras apenas depois da venda. A meta da Cimed é ambiciosa: quer chegar a 10.000 farmácias participantes até 2027.

O programa começou pequeno, com 100 lojas ativas, mas a previsão é alcançar 1.000 até junho e 5.000 até o final do ano. Para a Cimed, essa estratégia é essencial para se diferenciar da concorrência, que foca nos grandes players do varejo.

O futuro das supermarcas

Outro pilar fundamental do crescimento da empresa é o reforço nas supermarcas. Lavitan, líder em vitaminas, está ampliando seu portfólio e agora entra no mercado de nutrição esportiva, com 21 novos produtos, incluindo bebidas proteicas e suplementos. Entre as novidades, estão bebidas proteicas com 15g de proteína, zero lactose e BCAA, além da primeira bebida proteica gaseificada do varejo farmacêutico.

A marca, que já domina o segmento de vitaminas, quer agora consolidar sua presença na categoria de performance e suplementação, com a meta de superar 1 bilhão de reais em faturamento até 2030.

Carmed, por sua vez, conhecido pelos hidratantes labiais, aposta no setor de beleza, com o lançamento de um gloss 3 em 1 com glitter e a estreia no segmento de perfumaria com body splash, conhecidos pela fragrância mais leve para o corpo.

Apenas em 2025, a empresa espera gerar 300 milhões de reais em inovação, reforçando Carmed como uma das grandes apostas para os próximos anos. A expectativa da Cimed é transformar a marca em um negócio de 1 bilhão de reais no longo prazo.

A linha infantil João e Maria, lançada oficialmente no evento, amplia o portfólio da Cimed na categoria de cuidados infantis. A ideia é oferecer acessórios e produtos para todos os momentos da primeira infância. Melimetric, voltada para o mercado de estética, também faz parte da estratégia de crescimento da companhia. A companhia está trabalhando com produtos importados da Coreia do Sul vendidos exclusivamente a profissionais da área para aplicação em consultórios e clínicas especializadas.

Além da expansão das supermarcas, um dos movimentos mais aguardados da Cimed é a entrada na disputa pelos análogos do Ozempic, medicamento para diabetes e emagrecimento cuja patente cai em 2026. A empresa já está fechando parcerias internacionais para viabilizar um produto competitivo assim que a regulamentação permitir. O mercado de medicamentos para emagrecimento tem atraído grande interesse da indústria farmacêutica, e a Cimed pretende entrar neste segmento. "Vai ser a guerra de quem chega primeiro. Quem sabe vem aí a caneta amarela?", provoca Adibe.

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