Negócios

O plano de um ícone da confeitaria paulistana para faturar R$ 300 milhões

Após quase encerrar as atividades na pandemia, confeitaria tradicional de São Paulo inicia expansão por franquias com o novo formato

Roberta Ferraro, chef confeiteira: “Nosso desafio é transformar uma marca de 75 anos em um negócio com potencial de escala" (Dulca/Divulgação)

Roberta Ferraro, chef confeiteira: “Nosso desafio é transformar uma marca de 75 anos em um negócio com potencial de escala" (Dulca/Divulgação)

Karla Dunder
Karla Dunder

Freelancer

Publicado em 10 de novembro de 2025 às 14h54.

Última atualização em 10 de novembro de 2025 às 15h22.

A Dulca, uma das confeitarias mais tradicionais de São Paulo, decidiu se reinventar. Prestes a completar 75 anos, a marca lança o Dulca Caffè, formato que marca sua entrada no mercado de franquias e o início de uma nova fase de crescimento.

O investimento ultrapassa 3 milhões de reais e envolve rebranding, reforma das lojas, novo cardápio e estruturação do modelo de franquias. O plano é abrir cinco unidades em 2025, 20 em 2026 e chegar a 150 lojas até 2030, todas na região metropolitana de São Paulo, podendo alcançar cidades próximas como Santos e Jundiaí.

A empresa fechou 2024 com faturamento de 20 milhões de reais e projeta 25 milhões em 2025.

“Nosso desafio é transformar uma marca de 75 anos em um negócio com potencial de escala, sem perder o sabor artesanal que sempre foi a nossa essência”, afirma Roberta Ferraro, chef confeiteira e quarta geração da família.

Uma marca que nasceu de um livro de receitas

A história da Dulca começa em 1951, quando Enrico Garrone, recém-chegado da Itália, abriu sua primeira confeitaria em São Paulo. Com receitas anotadas à mão e ingredientes simples, ele criou doces que se tornariam clássicos, como sonhos, bombas e crostatas.

O que começou como uma pequena doceria de bairro virou uma tradição paulistana. Décadas depois, a Dulca seria eleita Melhor Doceria pela Veja São Paulo Comer & Beber e Melhor pão de mel pelo Paladar Estadão.

Mais do que uma marca, a Dulca virou memória.

“Muita gente me conta que cresceu com os doces do meu avô. A Dulca está presente nas histórias das famílias”, diz Roberta.

Como a quarta geração assumiu o negócio

Roberta cresceu entre batedeiras, fornos, e observando a família a administrar o negócio.

Decidiu fazer faculdade de Turismo, mas o amor pela confeitaria bateu mais forte. Foram dois anos estudando na Itália, onde aprimorou suas técnicas na cozinha.

De volta ao Brasil, colocou em prática o que aprendeu. Aprimorou a escolha da matéria-prima, atualizou equipamentos e buscou a profissionalização da equipe.

“Quando meu bisavô chegou aqui, não havia a oferta de produtos de qualidade que temos hoje. Então, no lugar das nozes, muitas vezes ele precisou usar castanha. Mantive a receita tradicional usando os ingredientes originais”, conta Roberta.

A pandemia e o risco de fechar as portas

Além da cozinha, veio a necessidade de modernizar a empresa, ainda mais com a pandemia.

Durante a pandemia, as lojas ficaram meses fechadas, e a Dulca chegou a cogitar encerrar as atividades. “Foi um momento muito duro. A Dulca sempre viveu da experiência na loja — do café, da vitrine, do cheiro. E, de repente, tudo isso desapareceu”, lembra Roberta.

“Nós não podíamos simplesmente fechar as portas, a Dulca faz parte da nossa história, mais que isso, da história de São Paulo. Buscamos alternativas, injetamos recursos”, conta.

No entanto, o período de pandemia revelou um problema que já existia: a falta de estrutura profissional na administração. “Entendi que a Dulca precisava de gestão, não só de confeitaria”, diz.

O encontro com os novos sócios e a reorganização

Dulca: confeitaria de 75 anos anuncia novo modelo de negócio (Tati Frison/Divulgação)

A virada começou quando Roberta conheceu Paulo Ricardo de Oliveira e Nelson Domingues, empresários com experiência em gestão e franquias. O encontro com Paulo, intermediado por um amigo em comum, foi decisivo.

“Nos primeiros minutos de conversa, percebi que havia ali uma marca com alma e potencial de crescimento”, lembra Paulo Ricardo de Oliveira, que hoje lidera a operação e a expansão.

Com os novos sócios, a Dulca passou por uma reestruturação completa: reorganização financeira, rebranding, nova arquitetura de loja e o desenho do modelo de franquias Dulca Caffè.

O formato oferece isenção de royalties e de fundo de marketing no primeiro ano e suporte total ao franqueado, da escolha do ponto ao treinamento da equipe. O investimento inicial parte de 190 mil reais, com retorno previsto entre 24 e 36 meses.

Novo formato e o futuro

O Dulca Caffè marca a chegada da marca a um novo público. O cardápio combina os clássicos da confeitaria com massas, sanduíches e cafés especiais. A proposta é unir tradição e cotidiano, transformando o café em um espaço de pausa, e não apenas de consumo.

“Queremos que o cliente sinta que está em uma Dulca moderna, mas reconheça os sabores da infância”, diz Roberta.

A meta é crescer de forma concentrada e sólida. Quando atingir 150 unidades até 2030, a empresa projeta faturamento de 300 milhões de reais.

“Não se trata apenas de abrir lojas, mas de construir uma marca que dure mais 75 anos”, afirma Paulo.

Com a quarta geração à frente e uma estrutura redesenhada, a Dulca tenta provar que tradição e inovação podem caminhar juntas — desde que o sabor continue sendo o ponto de partida.

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:FranquiasCafé

Mais de Negócios

SumUp capta R$ 850 milhões para enfrentar crise de crédito nas PMEs

Alumínio sem carbono chega às embalagens da Unilever

Mercado Livre será parceiro do YouTube Shopping em nova fase no Brasil

Ela abriu um negócio no pós-parto e faturou US$ 30 mil em 2 meses e hoje rende US$ 500 mil ao ano