Carlos Eduardo Machado, da Docwise: “O mercado reconhece a gente como o melhor nesse pedacinho. Vamos ficar com ele” (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 10 de março de 2025 às 12h25.
No setor de tecnologia, muitas empresas tentam abraçar múltiplas frentes ao mesmo tempo. O resultado, na maioria das vezes, é a perda de eficiência e uma oferta genérica. A Docwise seguiu o caminho oposto. Em vez de tentar resolver todos os problemas do mercado jurídico, escolheu um nicho específico: a gestão de documentos e conhecimento para escritórios de advocacia e departamentos jurídicos.
Foi essa decisão que impulsionou o crescimento da empresa. Fundada em 2013, a Docwise se tornou uma referência na América do Sul e conquistou grandes clientes. A estratégia de especialização também garantiu à empresa um lugar no ranking EXAME Negócios em Expansão 2024, onde ficou na 89ª posição entre as empresas com receita entre 5 e 150 milhões de reais. O faturamento foi de 30,6 milhões de reais em 2023, um crescimento de 10,12% em relação a 2022.
A empresa segue crescendo com um modelo de negócio baseado na revenda e implementação do iManage, um dos softwares mais usados no mundo para gestão de documentos jurídicos. “O mercado reconhece a gente como o melhor nesse pedacinho. Vamos ficar com ele”, afirma Carlos Eduardo Machado, fundador da Docwise.
Agora, a empresa quer manter o ritmo de crescimento e expandir sua base de clientes no Brasil e na América Latina. O desafio será equilibrar escala e qualidade do atendimento, um fator decisivo para a retenção dos clientes no setor jurídico.
Carlos Eduardo Machado não planejava trabalhar com tecnologia para o setor jurídico. Ele entrou na área em 2000, quando conseguiu um emprego na BCS, uma empresa de tecnologia voltada para escritórios de advocacia. Na época, a BCS buscava um software para organizar documentos jurídicos. Foi quando firmou parceria com a iManage, empresa americana especializada em Gestão Eletrônica de Documentos (GED).
Carlos passou cinco anos na BCS, trabalhando diretamente com a ferramenta. Em 2005, a empresa foi comprada pela Totvs e ele seguiu com a nova gestão, continuando a atuar na implantação e suporte do iManage.
Depois de mais cinco anos na Totvs, decidiu sair para empreender. “Passei uma década implementando essa tecnologia. Sabia que o mercado precisava dela, mas também sabia que as empresas precisavam de um suporte mais especializado”, conta. Assim, em 2013, nasceu a Docwise.
O foco da empresa ficou claro desde o início. Em vez de criar um novo sistema ou tentar atender múltiplos segmentos, a Docwise se especializou na revenda, implantação e suporte do iManage no Brasil.
A Docwise não desenvolve softwares próprios. O modelo de negócios é baseado na revenda e implementação de tecnologias de gestão de documentos jurídicos, principalmente o iManage Work. O serviço inclui:
A empresa também representa soluções complementares, como o Litera Compare, ferramenta que permite comparar versões de contratos e identificar mudanças feitas ao longo da negociação.
A estratégia de especialização fez com que a Docwise se tornasse o principal parceiro da iManage na América Latina, recebendo o prêmio de LATAM Partner of the Year em 2024.
O crescimento da Docwise está diretamente ligado ao aumento da digitalização no mercado jurídico. Escritórios e departamentos jurídicos produzem uma grande quantidade de documentos e e-mails, que precisam ser armazenados, organizados e recuperados de forma eficiente.
Antes de adotar uma ferramenta de gestão, muitos advogados dependem de pastas compartilhadas ou e-mails individuais para armazenar documentos. Com o tempo, a organização se perde, dificultando a busca por informações. “Os anos passam, a bagunça aumenta e, quando precisam de um documento antigo, perdem tempo ou simplesmente não encontram”, explica Carlos.
O iManage resolve esse problema criando pastas virtuais para cada caso jurídico. Todos os documentos e e-mails ficam armazenados ali, organizados de forma padronizada. “Se um advogado precisar de um parecer que um colega deu há cinco anos, não precisa procurar na caixa de e-mail dele. Basta ir na pasta do caso e o documento estará lá, acessível em segundos”, diz o fundador.
Outro fator que impulsionou a empresa foi a confiança do mercado jurídico. Escritórios e departamentos jurídicos evitam soluções experimentais e preferem tecnologias consolidadas. A iManage é líder global no setor e, com a Docwise como principal parceira no Brasil, a empresa se tornou a referência natural para quem busca esse tipo de solução.
A Docwise atende principalmente escritórios de advocacia de médio e grande porte. O licenciamento mínimo do iManage é para cinco usuários, mas a maior demanda vem de escritórios com dezenas ou centenas de advogados.
Entre os clientes estão grandes nomes do mercado jurídico e corporativo. No setor financeiro, o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) adotou o sistema para a gestão de documentos em diversas áreas. Outros clientes incluem Vivo, Fidelity e fundos de investimento como Galápagos Capital.
A empresa também expandiu sua atuação para fora do Brasil. A pedido da própria iManage, participou de projetos nos Estados Unidos, Canadá e Japão. No Japão, ajudou na implantação do software em grandes escritórios e na Mitsui, uma das maiores multinacionais do país.
A inteligência artificial (IA) será o próximo grande diferencial da Docwise. O iManage está incorporando IA para facilitar a busca e análise de informações dentro dos documentos. “Antes, o sistema ajudava a encontrar documentos rapidamente. Agora, com IA, ele encontra a informação dentro do documento”, explica Carlos.
Com isso, advogados poderão, por exemplo, pedir um resumo automático de um contrato de 120 páginas ou localizar cláusulas específicas sem precisar ler o arquivo inteiro.
A empresa também pretende manter o crescimento entre 20% e 30% ao ano, como tem ocorrido nos últimos anos. O desafio será escalar sem perder a qualidade do suporte técnico. “No mercado jurídico, relacionamento é tudo. O advogado não quer ligar para um 0800 e falar com alguém que nunca ouviu falar dele. Ele quer o contato direto com quem já conhece seu escritório”, afirma Carlos.
Ao manter o foco e resistir à tentação de abraçar múltiplas frentes, a Docwise se consolidou como referência em gestão de documentos jurídicos. Para os próximos anos, o plano é seguir o mesmo caminho: crescer sem perder a especialização que trouxe a empresa até aqui.
O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual. O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.
Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023. A análise considerou negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.
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